Tom Maior retrata lenda indígena de amor impossível em desfile em São Paulo
Do UOL e colaboração para o UOL, em São Paulo
11/02/2024 00h27
A Tom Maior entrou na avenida com o enredo "Aysú: Uma História de Amor", a primeira temática indígena em 50 anos de história da agremiação. A escola de samba foi a segunda a se apresentar na madrugada deste domingo (11). Fundada em 1973, com origens cravadas no bairro do Sumaré, zona oeste da capital paulista, a Tom Maior sonha com o título inédito.
Com carros e fantasias luxuosos, a Tom Maior apostou no enredo com temática indígena e fez a releitura da clássica história da mitologia grega, uma história de amor de Orfeu e Eurídice. A escola mostra a relação do sol e da lua, que vivem uma relação que não dá certo, pois, quando um chega, o outro vai embora.
Na lenda indígena, o casal não pode ficar juntos quando estão na Terra, e Deus os transforam em sol e lua. Seus quatro filhos se tornam, então, as estações do ano. A separação dos dois apaixonados, no enredo da escola, gerou mortes e destruição.
Ao final, o casal consegue sonhar ao paraíso que tanto sonhavam. Eles chegam à selva paradisíaca e seu encontro é representado no último carro, com o curumim e crianças.
Despertando nos braços de Cunhã | Ecoa na aldeia, um canto Parajá | Em Tom Maior, bate o meu mangará | É Aysú quando vejo o seu sorriso | Ybimarã, meu sonhado paraíso.
Trecho do samba cantado pelo intérprete Gilsinho
O samba é fácil de cantar e conta com muita poesia. Ele tem uma melodia que sai do lugar-comum, mas se mantém muito bem como samba enrendo.
A jornalista e bailarina Pâmella Gomes foi a rainha de bateria. Ela está na escola desde os 3 anos e já passou por diferentes alas. Agora faz a sua 11ª à frente dos ritmistas, que têm Carlão como mestre.
Já Ruhanan e Ana Paula entraram pelo segundo ano como casal de mestre-sala e porta-bandeira. A coreografia da comissão de frente foi feita por André Almeida. A presidência da escola está sob a responsabilidade de Carlão.
Os carros alegóricos chamaram atenção por gigantes esculturas que homenageiam entidades indígenas. Eles também contavam com peças que se moviam, como alguns barcos que se movimentavam como se estivessem em águas.
Uma das alas representou três Boiunas, um dos mitos mais importantes do nosso folclore. A Boiuna é uma cobra gigantesca que vive no fundo dos rios, lagos e igarapés. Ela é uma alegoria para o ciúme e inveja.
Às vésperas de completar o 51º aniversário, a Tom Maior corre atrás do tão sonhado título inédito do Grupo Especial. No ano passado, ela ficou na 6ª posição, sua melhor colocação da elite do Carnaval local até agora.
O clima entre o pessoal da diretoria da Tom Maior estava tenso ao final e reclamara, da coordenação entre alas. Eles dizem que teriam "deixando buracos entre alas e carros alegóricos". Havia gente chorando, como uma mulher que ficou muito nervosa e veio às lágrimas.
A agremiação já foi campeã duas vezes do Grupo de Acesso, a segunda divisão do Carnaval paulistano: em 1995 e 1999.