Sob sensação de 42ºC, pessoas passam mal e Ludmilla encerra bloco no Rio
Thiago Camara
Colaboração para o UOL, no Rio de Janeiro
13/02/2024 11h39Atualizada em 13/02/2024 15h41
O Fervo da Lud, que começou às 9h desta manhã, terminou às 11h20, quarenta minutos antes do previsto. O trajeto todo foi de caos, calor e tensão da cantora Ludmilla, que a todo instante interrompia suas músicas para solicitar socorro aos foliões. Fazia 35ºC no Rio de Janeiro, mas a sensação térmica era de 42ºC.
O que aconteceu
A cantora antecipou o fim de seu bloco ao notar pessoas passando mal. "Prezo a integridade de todo mundo. Tô vendo muita gente passando mal. E o clima é uma coisa que a gente não pode controlar", anunciou a cantora.
O UOL presenciou ao menos 30 atendimentos da brigada de incêndio particular, contratada para fazer os primeiros socorros. Ludmilla repetia música sim, música não para os foliões se hidratarem. Centenas de garrafas d'água eram jogadas de cima do trio da cantora e entregues aos foliões pela produção. O UOL apurou que, de 10 ambulâncias disponíveis no Posto Médico, seis foram deslocadas com foliões para hospitais próximos após o bloco.
Isabele Silva, 19, passou mal de calor e foi levada pela irmã ao posto de atendimento. "Carregamos ela pra cá no colo porque não teve atendimento nenhum durante o bloco. Só quando chegou aqui. Mesmo assim, não tem um respirador. Não tem oxigênio. Só deixaram ela ali. Fala assim, o médico que já atendeu já deu um clonazepam. Espera ela melhorar. É isso aí, crise de ansiedade. Só que não é assim. Ela não consegue respirar. Ela está sentindo uma dor no peito fora do comum" diz Maria Eduarda Silva, 23, de Campo Grande, zona oeste do Rio.
A cantora sugeriu mudança de horário do seu bloco em 2025. "Inclusive quero propor da gente ano que vem fazer no fim da tarde ou à noite. Esse sol da manhã é muito quente", disse ela.
Fãs reclamam da produção do bloco
Rafaela da Cunha, 40, expôs sua decepção com o fim do bloco. "É muito frustrante vir participar de um evento que você sabe que tem um horário e, devido a outras situações, você acabar pagando por aquilo que você se preparou para participar. Eu vim sozinha, preparada para participar do evento. E aí eu não acho justo outros tipos de pessoas, que não estão preparadas para o evento, virem aqui participar".
Giovanna Maria, 20, de Caxias, diz que foi desnecessária a paralisação. "Pra mim foi desnecessário [a organização do bloco] porque eles estavam empurrando a gente. Dava muito bem para os três [carros] passarem normalmente. Mas ficam imprensando a gente e é aí que gera uma confusão. Te empurram e aí dizem que você empurrou e daí é um soco... Um cara mesmo veio empurrando a minha mãe o tempo todo e depois ainda ficou reclamando. Dava pra passar e eles empurrando a gente como se fossemos qualquer coisa."
A Prefeitura do Rio informou que os dois postos médicos da Secretaria Municipal de Saúde montados no circuito de blocos do Centro fizeram, na manhã e início de tarde desta terça-feira (13), 129 atendimentos. Foram 83 na unidade da Praça Ana Amélia e 46 na do Largo da Carioca.
A maioria dos pacientes apresentava quadros relacionados à ingestão de bebidas alcoólicas em excesso e ao estresse térmico, devido ao forte calor. "De todas as pessoas atendidas, 14 precisaram ser removidas para UPAs ou unidades hospitalares, para cuidados com maior suporte", diz a nota..
Em São Paulo, o Bloco da Pabllo também precisou ser interrompido no domingo (11) devido a tumultos e pessoas passando mal. Pabllo Vittar chegou a distribuir água aos foliões, mas isso não impediu que houvesse desmaios entre o público. O bloco foi encerrado por volta das 16h15.