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Evangélicos x Carnaval: como festa é vista pela religião? Todos são contra?

Ivete Sangalo e Baby do Brasil protagonizaram debate sobre apocalipse Imagem: Reprodução/Internet

Ranieri Costa

Colaboração para o UOL

14/02/2024 12h04

A relação de evangélicos com o Carnaval pautou discussões sobre a folia neste ano, devido a alguns episódios. O diálogo sobre apocalipse entre as cantoras Ivete Sangalo e Baby do Brasil, que hoje também é pastora evangélica, chamou a atenção.

Baby citou a Bíblia em meio à micareta em Salvador e anunciou o apocalipse:

O arrebatamento tem tudo para acontecer entre cinco e dez anos. Procure ao Senhor enquanto é possível achá-lo.
Baby do Brasil

A polêmica fez até o marido de Sasha, João Lucas, se posicionar:

E o prêmio do povo mais chato da terra (com exceções) vai para: CRENTES! Namoral, acho que nem Jesus aguenta?
João Lucas

Afinal, qual a relação de evangélicos com o Carnaval?

A relação dos evangélicos com o Carnaval, historicamente, nunca foi das mais próximas, de um modo geral. Algumas igrejas entendem o Carnaval como símbolo de pecado e, por isso, acreditam que a festa não deveria ser frequentada, explica o pastor e doutor em ciências da religião Kenner Terra.

Ir ao Carnaval configura um ato contrário aos costumes de certos grupos religiosos. Aliás, para a maioria das denominações, a conversão, entre outras coisas, é comprovada com o afastamento desses entretenimentos, considerados mundanos.
Kenner Terra, pastor e doutor em ciências da religião

O estudioso entende que não há pecado por simplesmente estar ou participar desses eventos. Segundo ele, se trata apenas "da participação em expressões da brasilidade", mas, para muitos evangélicos, essa relação ainda é um tabu.

Por outro lado, há evangélicos que veem o Carnaval como uma oportunidade de envolvimento evangelístico e testemunho. Em algumas comunidades evangélicas, tradicionalmente, igrejas organizam eventos alternativos durante o Carnaval.

Retiros espirituais, conferências, ou até mesmo blocos de Carnaval gospel, em que se celebra a fé cristã de modo considerado mais alinhado com as convicções religiosas, são alguns dos exemplos de relação de grupos evangélicos com esta época do ano.

E o pastor? O que pode fazer?

O pastor tem os mesmos direitos de liberdade que qualquer outra pessoa, mas todo líder religioso está sempre sob olhar atento do grupo que ele lidera, explica Kenner. A liberdade de um pastor está nos limites do que entende não ferir os acordos de sua comunidade de fé.

Cada pastor julgará o que considera ser adequado, considerando os impactos que suas ações podem ou não causar entres os membros da igreja que é liderada por ele.
Kenner Terra, pastor e doutor em ciências da religião

A vigilância e a pressão sobre os pastores com relação aos eventos que participam não encontram amparo bíblico. Além disso, ferem a liberdade do indivíduo que ocupa a função pastoral, diz Kenner.

A vida particular e os ambientes que frequenta estão sob sua responsabilidade e ninguém tem o direito de intervir nisso.
Kenner Terra, pastor e doutor em ciências da religião

A própria Bíblia, diz o especialista, defende a liberdade e responsabilidade individual de cada sujeito, seja ele um leigo ou um sacerdote. "Em suma, a escritura aponta, por um lado, para a maturidade e, por outro, para o cuidado comunitário. Mas, o legalismo moralista também é questionado pelo Novo Testamento."

O diálogo de Baby e Ivete

Baby estava na arquibancada quando Ivete passou com o trio. Evangélica, ela aproveitou o espaço para dizer que "nós entramos em apocalipse". "O arrebatamento tem tudo para acontecer entre 5 e 10 anos", disse a ex-Novos Baianos.

Ivete respondeu de forma engraçada, e tentou mudar de assunto. "Eu não vou deixar acontecer, porque não tem apocalipse certo quando a gente maceta ele".

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