Operários põem e tiram destaques das alegorias: 'Sem calço, ninguém desce'
Júlio Costa Barros
Colaboração para o UOL, em São Paulo
18/02/2024 12h00
O sucesso de um desfile de Carnaval, como o Desfile das Campeãs realizado no Sambódromo do Anhembi, passa pelas mãos de dezenas de técnicos, bombeiros, motoristas, operadores de máquinas e muitos anônimos que trabalham para dar toda a segurança para quem vai desfilar.
O que aconteceu
São trabalhadores que exercem funções de extrema complexidade na concentração e na dispersão. A turma da corda, como são chamados os trabalhadores que organizam as divisão de alas e e carros alegóricos para evitar acidentes e atrasos no momento da dispersão das agremiações.
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A gente precisa ter atenção e controlar o público para que ninguém seja atropelada pelos carros alegóricos ou para evitar que haja confusão entre os componentes das alas Robson Carlos Manoel, responsável pelos coordenar a turma da corda
Um erro pode representar um grave acidente. O esquema montado é complexo e e tenso, mas o ritmo de trabalho das equipes envolvidas é frenético à mesma medida que representa perigo a todos os envolvidos.
Este é o caso dos operários que calçam os carros alegóricos gigantes e repletos de foliões. Muitos estão cansados, eufóricos, têm alguma deficiência ou são grupos de crianças ou idosos.
"Se eles não calçam a gente não se mexe", diz o bombeiro civil Pavoni. Ele é coordenador das equipes de 12 socorristas com especialização em resgate em altura responsáveis por retirar os destaques que desfilam sobre os carros alegóricos.
Para erguer ou retirar os destaques no alto dos carros alegóricos é necessária a sintonia fina para coordenar dezenas de pessoas. Nestas situações estão em operação 6 empilhadeiras dois guindastes com lança de 70 metros, além de outras tantas máquinas.
'Seu' Benê, 67, responsável pelo time que põe calço nos imensos carros alegóricos antes que as equipes de bombeiros entrem em ação. "Sem o calço, nenhum destaque desce do carro. Ninguém toca nas alegorias até a gente dar o sinal", diz o veterano, que ajuda no auxílio para resgatar os componentes das escolas de cima dos carros desde 2001.
Benê comanda uma equipe de 10 trabalhadores responsáveis por calçar as rodas dos carros alegóricos. Ele fica de olho em tudo antes das empilhadeiras e os guindastes entrarem em ação para evitar acidentes.
Quanto maior e mais pesado é um carro alegórico mais tenso é o trabalho dos times de resgate na área de dispersão. Cada alegoria precisa ser esvaziada em até 15 minutos, para não causar "congestionamento" de alas das escolas de samba.