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OPINIÃO

Do rock ao axé, primeira noite do Festival de Verão fez Salvador ferver

Ana Castela e Xama no Festival de Verão 2025 Imagem: Vitor Santos/AgNews

Leonardo Lichote

Colaboração para o UOL, em Salvador

26/01/2025 16h55

O samba romântico teve presença marcante no sábado, primeiro dia do Festival de Verão, em Salvador, com o lindo encontro de Só Pra Contrariar e Alcione. A plateia, por sua vez, aclamou todos os gêneros, do samba da Marrom ao rock de Pitty, da pirotecnia eletrônica de Alok ao sertanejo pop de Ana Castela. Mas, aqui, santo de casa faz milagre - e o axé, em seu aniversário de 40 anos, mostrou força nos shows de Bel Marques e Daniela Mercury, que recebeu o Timbalada no último show da noite, que fez a público ferver de madrugada como se tivesse acabado de chegar.

Usando óculos escuros e um vestido preto de alças sob o sol inclemente de Salvador, Pitty abriu às 16h22 a edição 2025 do Festival de Verão. Apesar do calor e do horário, ela não aliviou no peso e reuniu um público respeitável, que cantou junto e com paixão hits como "Na sua estante" e "Admirável chip novo". Postura de quem joga em casa ("essas músicas foram feitas no meu quartinho aqui em Salvador", disse à certa altura).

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Pitty abriu a noite com convidados Imagem: Divulgação/Festival de Verão

Isso acontece no mesmo ano em que o festival celebra quatro décadas de axé music, estilo contra o qual Pitty teve que se impor no início de sua carreira, numa espécie de bunker rock em território soteropolitano. Ao longo da carreira, porém, ela vem dialogando com artistas de diferentes gêneros. Desta vez, ela recebeu Melly, em canções do repertório da convidada, como "Cacau" e "Rio Vermelho". O encontro baixou a temperatura da plateia - apenas figurativamente, claro. O fervo voltou, porém, quando elas retornaram ao repertório da anfitriã, com "Máscara".

Pouco tempo depois de Pitty se despedir pedindo "mais tempo de palco na próxima vez", ouviu-se o coro: "Ana Castela, cadê você/ Eu vim aqui só pra te ver". Não havia dúvida sobre o que esperavam aquelas meninas - crianças e pré-adolescentes - usando chapéus de cowboy rosa, preto ou branco nos ombros dos pais ou se esforçando para ter alguma visão em meio a adultos com o dobro do seu tamanho. Elas gritaram forte quando a cantora surgiu no telão, numa silhueta sobre fundo rosa.

Não é difícil entender o apelo junto às pequenas, a despeito das letras que descrevem situações, digamos, adultas. Há algo da tecnologia social de Xuxa em suas coreografias ao lado de seis bailarinas (pensou nas Paquitas?). Mesmo sua roupa - bota com top e short jeans repletos de corações coloridos bordados, como o chapéu - carrega um jeito O Bicho Comeu, grife da loura nos anos 1980.

O som, porém, é esperto e consistente em seu navegar solto por piseiro, sertanejo, trap e outros gêneros ultrapopulares da música brasileira. Nesse contexto, a participação de Xamã soa natural. Juntos, eles reeditaram o dueto de "Poesia Acústica #16". Ele também lembrou a inevitável "Malvadão 3", enquanto ela tentava acompanhar na coreografia, e improvisou sobre funks clássicos dos anos 1990 como "Rap da felicidade" e "Rap das armas".

Alcione e Alexandre Pires no Festival de Verão 2025 Imagem: Vitor Santos/AgNews

Alcione e SPC celebraram o romantismo

Num dos maiores momentos do dia, o Só Pra Contrariar recebeu Alcione e fez uma celebração à linhagem de romantismo rasgado que ambos representam na música brasileira, em lugares diferentes. Vestidos de terno, os integrantes do grupo trouxeram a cantora ao palco com reverência, como filhos frente à mãe - em grande medida, é esse o papel dela para certa parcela do pagode dos anos 1990. Cantando apenas músicas de seu repertório, com clássicos como "Loba" e "Meu ébano", que a Marrom disse ser para Alexandre Pires, ela encantou a plateia com a potência de sua voz e de sua interpretação.

Sem Alcione, o Só Pra Contrariar lembrou sucessos, valorizados por arranjos calorosamente elegantes, numa formação acústica - combinando com os ternos usados por todos no palco. O show teve ainda versões de Bob Marley e de Lenny Kravitz. E terminou no alto, com um arranjo incendiário para "Sai da minha aba", assim como a performance de dança de Alexandre Pires na canção.

Bel Marques trouxe a festa de volta para o terreno baiano. Artista que carrega o carnaval dos trios grudado na pele, na garganta e na guitarra, ele não teve dificuldade em conduzir a plateia na mão com hits como "Quero Chiclete" e "Amor perfeito". Uma bela forma de iniciar a homenagem do festival aos 40 anos da axé music.

Outro baile veio na sequência, saindo da Bahia para o Rio de Janeiro, ou sua porção mais jamaicana. Celebrando mais de 30 anos de carreira, o Natiruts comandou uma noite reggae, com sua abordagem pop ao gênero. Apoiado nos anos de experiência, poderíamos acrescentar o advérbio: refinadamente pop. A conversa de metais, teclas e arranjos vocais veste bonito o "roots" das canções, como a túnica do vocalista Alexandre Carlo. Túnica que sugere, como a música da banda, o desejo de tocar em algo sagrado, nobre, mas que também mira na beleza, simplesmente. Boa parte da plateia embarcou, cantando junto hits como "Andei só", "Presente de um beija-flor e "Liberdade pra dentro da cabeça".

Alok levou pirotecnia visual e musical

Costurando músicas dos topos das paradas de diferentes épocas, como "The rhythm of the night" (Corona), "Sweet dreams" (Eurythmics), "Psycho killer" (Talking heads), "Beggin'" (Maneskin), "Bitch better have my money" (Rihanna) e "We will rock you" (Queen), Alok seguiu a cartilha do repertório de arena e empolgou a plateia com seus truques de pirotecnia visual e musical. Tocando frente a uma mesa sustentada por duas mãos prateadas gigantes, ele não economizou nos pedidos de "mãozinha pra cima" e chamadas pra cantarem junto. Fez um agrado especial a Salvador nos drones que escreveram no céu o nome da capital ao lado de um coração — e com a surpresa de levar o Timbalada ao palco, para juntos fazerem uma versão eletrônica do hit "Cachaça".

Coube ao Timbalada encerrar a noite, ao lado de Daniela Mercury. Com uma presença forte da dança, num palco repleto de bailarinos num figurino exuberante, a cantora abriu o show, que se revelou um passeio pela história do axé. Passaram pelo telão personagens dessa história, como Carlinhos Brown, Claudia Leitte, Xanddy, Luiz Caldas, Ivete Sangalo e Ilê Aiyê. Depois dos clássicos "O canto da cidade" e "Swing da cor", ela celebrou o pagodão, a pioneira Margareth Menezes e os blocos afro.

Daniela Mercury no Festival de Verão Imagem: Lucas Leawry

A certa altura, ela se dirigiu à plateia para protestar contra as medidas recentes do governo Trump, de transferir presas trans para prisões masculinas e de deportar brasileiros acorrentados. "A gente que respeito, a gente quer direitos humanos, a gente quer dignidade. LGBTs são pessoas como qualquer outras. Nos respeitem". Na sequência, cantou "Proibido o carnaval", do refrão "Abre a porta desse armário/ Que não tem censura pra me segurar".

Chamado ao palco por Daniela em "Rapunzel", o Timbalada fez a plateia pular sem parar até o fim da noite. Uma das muitas expressões dessa história de 40 anos do axé, eles mostraram a força de canções como "Água mineral", "Mimar você" e "Beija-flor". Às 2h, se despediram, deixando a alma do festival lavada e pronta para receber, no domingo, outros capítulos dessa saga, com Parangolé, Leo Santana, Ivete Sangalo e a dupla Luiz Caldas & Saulo.

CarnaUOL 2025

O Allianz Parque, em São Paulo, mais uma vez vai ser o palco do CarnaUOL. Em 2025, a décima edição do festival tem como principal destaque o primeiro show de Christina Aguilera na capital paulista. Além da diva pop, o line-up conta com Claudia Leitte, Ana Castela, Belo, Tony Sales, Sean Paul, Steve Aoki, KVSH, Deekapz, DJ $ophia e o duo Yori, vencedor do Toca Revela, o Reality. Os ingressos custam a partir de R$ 195 e já estão disponíveis no site da Eventim. Assinantes UOL e clientes PagBank têm 10% de desconto em ingressos inteiros.

A décima edição do CarnaUOL acontece no Allianz Parque Imagem: Divulgação/UOL

Assinante UOL e cliente PagBank

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Serviço

Quando: 8 de fevereiro (sábado), 12h
Onde: Allianz Parque (Av. Francisco Matarazzo, 1705 - Água Branca, São Paulo - SP)
Classificação etária: 16 anos
Mais informações: Instagram @carnauoloficial
Vendas: Eventim
Quanto:
Cadeira Superior - R$ 195 (estudante) / R$ 234 (social) / R$ 351 (pré-venda UOL) / R$ 390 (inteira)
Cadeira Inferior - R$ 295 (estudante) / R$ 354 (social) / R$ 531 (pré-venda UOL) / R$ 590 (inteira)
Pista - R$ 345 (estudante) / R$ 414 (social) / R$ 621 (pré-venda UOL) / R$ 690 (inteira)
Front Stage Pag Bank - R$ 945 (estudante) / R$ 1.014 (social) / R$ 1.221 (pré-venda UOL) / R$ 1.290 (inteira)

FRONT STAGE BANK*
Valor total Meia: R$ 945 (sendo R$ 345 do ingresso + R$ 600 do pacote)
Valor total Social: R$ 1.014 (sendo R$ 414 do ingresso + R$ 600 do pacote)
Valor total Inteira: R$ 1.290 (sendo R$ 690 do ingresso + R$ 600 do pacote)

INCLUSO
Open Bar: cerveja, água mineral, refrigerante, whisky, gin, vodka, água tônica e energético.
Setor FRONT STAGE PAGBANK proibido para menores de 18 anos

BILHETERIAS OFICIAIS
ALLIANZ PARQUE - BILHETERIA A
Endereço: Rua Palestra Itália, 200 - Portão A - Perdizes - São Paulo/SP
Funcionamento: Terça a sábado das 10h às 17h

MORUMBIS - BILHETERIA 5
Endereço: Av. Giovanni Gronchi, 1866 - Próximo ao Portão 15 - Morumbi - São Paulo/SP
Funcionamento: Terça a sábado das 10h às 17h

*Não há funcionamento em feriados, emendas de feriados, dias de jogos ou em dias de eventos de outras empresas.

*Taxa ADM cobrada em todos os canais de venda

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL


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