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Passarela do 'Apartheid': prefeito de Salvador fala em conforto para 8.000

Passarela para camarotes que causou polêmica em Salvador - Weslley Neto/UOL Passarela para camarotes que causou polêmica em Salvador - Weslley Neto/UOL
Passarela para camarotes que causou polêmica em Salvador Imagem: Weslley Neto/UOL

Do UOL, em Salvador

28/02/2025 12h12

A montagem de uma passarela que liga o Morro Ipiranga ao Camarote Glamour, no circuito Barra-Ondina, em Salvador, gerou polêmica no Carnaval baiano. O tema envolveu moradores da região, Tribunal de Justiça e até o prefeito, Bruno Reis (União Brasil).

A passarela foi interditada pela Justiça na quinta-feira (27), mas o prefeito da cidade, Bruno Reis, defende a obra e diz que o local será liberado após a análise dos laudos técnicos. "Temos todos os pareceres favoráveis à liberação, e esperamos que a Justiça tome a melhor decisão", disse.

É mais um ganho para o Carnaval, um diferencial. Passarela não causa nenhum prejuízo para a população. Pelo contrário, só beneficia. São mais de 8.000 pessoas que ganham outro acesso aos camarotes. Medida traz mais conforto para quem está assistindo aos desfiles. Bruno Reis, prefeito de Salvador

O que aconteceu

A construção da passarela gerou reações. Ela passou a ser chamada de "apartheid" por moradores da região, segundo a Veja. A passarela foi criticada por bloquear ruas, prejudicar fluxo de carros e provocar impactos ambientais, conforme os relatos divulgados pelo site da revista. Apartheid foi o regime de segregação racial imposto por quase 50 anos na África do Sul.

Moradores também apontaram problemas na estrutura. Eles mostraram bases de concreto soltas por baixo da passagem em vídeos divulgados nas redes sociais. Uma das imagens foi compartilhada por Russo Passapusso, vocalista do grupo BaianaSystem.

A passarela foi construída após iniciativa de Marcelo Britto, dono do camarote Glamour e empresário do cantor Leo Santana. A reportagem também buscou contato com as equipes do camarote e do artista, mas não obteve retorno sobre o posicionamento de Marcelo diante do caso.

O Tribunal de Justiça decidiu interditar a passarela na manhã de quinta-feira (27). O juiz substituto Adriano Augusto atendeu a um pedido do Instituto de Arquitetos do Brasil, que questionou a segurança da estrutura.

O Ministério Público da Bahia participou de uma inspeção no local após o veto. Também estiveram presentes representantes do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia da Bahia (Crea-BA), Corpo de Bombeiros da Bahia e da Secretaria de Desenvolvimento Urbano de Salvador (Sedur). Laudos técnicos foram encaminhados para a Prefeitura ainda na quinta-feira (27), confirmou o MP à reportagem.

Prefeito diz que a intervenção será liberada. Na abertura do Carnaval de Salvador, Bruno Reis afirmou que local será liberado após a análise dos laudos técnicos. "Temos todos os pareceres favoráveis à liberação, e esperamos que a Justiça tome a melhor decisão", disse em conversa com jornalistas.

TJBA ainda não informou sobre a liberação do uso da passarela. A reportagem será atualizada caso o tribunal se posicione oficialmente sobre o caso.

Estão pagando para usar este espaço, e a estrutura não atrapalha quem quer passar nas ruas. A Prefeitura entendeu que a passarela não causa prejuízo, e ainda contribui para o sucesso da nossa festa. Bruno Reis, prefeito de Salvador

O Carnaval de Salvador também teve estrutura interditada em 2024. Na ocasião, fiscais do Ministério do Trabalho proibiram o uso de uma estrutura montada para ambulantes efetuarem as vendas durante o período de festas. Uso do espaço foi liberado pela Prefeitura dias após o veto - a estrutura continua sendo utilizada pelos ambulantes no Carnaval deste ano.


Carnaval 2025 - Salvador