Erika Hilton participa de homenagem a mulher trans: 'Festa de resistência'

A deputada federal Erika Hilton (Psol-SP) trocou a tribuna do Congresso Nacional pela Sapucaí na terceira e última noite do desfile do Grupo Especial. A parlamentar discursou na contração da Paraíso do Tuiuti, que homenageia Xica Manicongo, primeira travesti do Brasil.

"O Carnaval também é uma festa de resistência, de luta, de ousadia, de denúncia. E poder pisar nessa avenida, levando a memória, a dor e a história de Chica Manicongo é algo que enche o nosso coração de esperança, de que é possível sim construir um Carnaval, uma sociedade, um espaço de cultura cada vez mais democrático, diverso, popular e, por que não, travesti", diz Erika, mais recente cidadã honorária do Rio.

Ela fez parte da comissão de frente, formada apenas por mulheres trans. "Eu ensaiei na clandestinidade, eu tive que dividir a vida de deputada com a vida de Comissão de Frente, mas eu acho que eu dei o meu melhor, que foi lindo, que eu fiz aquilo que esperava de mim. Me entreguei de coração pela Tuiuti, por mim, pelas pessoas trans, pela comunidade LGBT e pela memória de Chica Manicongo. Eu estou maravilhada. Saio dessa avenida hoje com meu coração e êxtase."

"O Carnaval Brasileiro, que é o maior espetáculo do mundo a céu aberto, leva para a avenida do Rio de Janeiro um samba em primeira pessoa dizendo 'eu travesti'. Chica Manicongo segue viva em cada travesti que vive nesse país. A história de Chica Manicongo é uma história de luta, de garra, de resistência, de rebeldia, de perseverança, assim como é o Carnaval."

Reparação histórica

As travestis e a comunidade LGBT sempre fizeram o Carnaval. Sejam nos barracões, sejam nas escolas seja na avenida. Para Erika Hilton, uma história nunca antes contada.

A deputada faz sua estreia na Sapucaí.

"É uma noite de alegria. É uma noite de deixar de lado por algum instante o preconceito, o ódio, as dores que compõem a nossa história e lembrar que nós estamos aqui vivas, celebrando", disse. "Eu espero muito que este samba e este desfile também semeie no coração do povo brasileiro o enfrentamento à violência, ao ódio, à intolerância, às desigualdades e que um dia nós, travestis e transexuais, possamos viver com mais dignidade. E não num país que ainda nos mata de maneira recorde e cruel."

Deixe seu comentário

O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.