Topo

Dinheiro ou amor? Estrelas do Carnaval de SP dizem por que topam desfilar

Do UOL, em São Paulo

08/03/2025 05h30

Desfilar só envolve amor ou também é uma chance de negócio? Musas, rainhas e madrinhas de São Paulo não economizaram em looks, maquiagens e até procedimentos estéticos para brilharem na passarela do samba no Carnaval 2025.

O alto investimento é, sim, para estarem belas diante da visibilidade da televisão, fora o público presente no Sambódromo do Anhembi, mas também, segundo as celebridades do samba, para render oportunidades após o período de folia do início do ano.

O UOL marcou presença nos preparativos para os desfiles do grupo especial do Carnaval 2025 de São Paulo e ouviu 12 personalidades do samba. As estrelas relataram que pisar na avenida é muito mais que uma noite de curtição de folia.

Relacionadas

"É a imagem da pessoa"

Luciana Gimenez, madrinha de Bateria da Vai-Vai, voltou ao Carnaval de São Paulo após 20 anos. A apresentadora do Superpop (RedeTV!) entende que qualquer aparição da imagem do artista do samba se torna importante para gerar oportunidades de trabalho.

Acho que o trabalho é a imagem da pessoa. Então, tudo é um trabalho pela maneira que você se porta e como os fãs assistem. O [meu] trabalho não é só na RedeTV!. Hoje em dia, é mais sobre o meu dia a dia. Depois da pandemia, elas se sentem parte da vida do famoso, do artista. Então, eu acho que o trabalho não acaba. Ele continua quando a gente tá na rua, no Instagram ou eu tô aqui no quarto. Tudo faz parte, porque as pessoas querem ter contato com a realidade. Apesar do meu programa ser ao vivo, eu sou bem real e elas querem participar do meu dia a dia. Então, tudo é trabalho.

"Faço por muito amor"

Rainha de bateria da Acadêmicos do Tucuruvi, Carla Prata vê a oportunidade de desfilar como a realização de um sonho pelo amor ao Carnaval. A modelo e bailarina até ri ao dizer que ainda não aprendeu a fazer dinheiro com a folia mesmo após anos de avenida.

Desde pequena eu amo Carnaval. É uma coisa que eu nem sonhava, porque achava que era impossível. Faço por muito amor e é só isso, é só amor. Eu queria entender esse povo que consegue trabalhar e ganhar dinheiro com Carnaval. Como que faz, gente? Tô há 16 anos só gastando. Me explica como vocês ganham dinheiro? Só gasto dinheiro com roupa. Pode ser as pessoas que trabalham com samba show, pode ser isso, mas, assim, eu só gasto. Quem tem a fórmula aí de trabalhar com Carnaval, por favor, me avisa. Vai me ajudar.

"Ganhei 300 mil seguidores"

Kamila Simioni fez a sua estreia no Carnaval de São Paulo como musa da Barroca Zona Sul. A influenciadora digital e ex-participante de A Fazenda (Record) destaca que só aceitou o desafio por entender que poderia conquistar um novo público.

Eu só aceitei o convite por questões profissionais. É um mundo novo para mim, são pessoas novas que não conheciam a Kamila. De 25 dias para cá, eu ganhei 300 mil seguidores no Instagram e creio que são pessoas do Carnaval. Então, profissionalmente falando, para mim foi muito bom e tem sido muito bom. Eu só aceitei por causa disso.

"Faço porque gosto"

Ana Beatriz Godói desfila como rainha de bateria da Rosas de Ouro há sete anos. Ela garante que seu único intuito em pisar na passarela do samba é para curtir o Carnaval.

Não [é trabalho]. Desfilar é um hobby, é uma paixão. É uma coisa que eu faço porque gosto e é muita dedicação o tempo inteiro. Depois que vira outubro e novembro, é dedicação total. A gente faz porque gosta.

"O dinheiro não cai do céu"

Primeira Miss Bumbum do Brasil, Rosana Ferreira voltou à passarela do samba após 12 anos e assumiu o posto de musa da Acadêmicos do Tucuruvi. Ela vê a oportunidade de desfilar em uma agremiação como ponte para trabalhos ao longo do ano.

É tudo ou nada. É um misto de sentimento: é gratidão, admiração, esforço, dedicação, cansaço, choro. Do nada, eu desabo: "aí, eu tô cansada e exausta", mas depois tô: "vambora. Vamos tirar foto no metrô, na Avenida Paulista". Todo mundo no Instagram diz "você não descansa? você não para. É uma máquina" e digo "não tem como. Tenho que ir". Sou eu que faço tudo sozinha. Se você quer, vai sozinha e faz. Deus vai ajudar, abrir portas e orientar. O dinheiro não cai do céu. Se você não trabalhar, não vai ter ele. Tudo envolve dinheiro e dinheiro é trabalho. Como eu gosto de samba, me exibir e ser linda, para mim é uma diversão e prazeroso também. É tudo misturado.

"Carnaval me ajudou"

Aline Oliveira, rainha de bateria do Mocidade Alegre, vê o Carnaval como um lugar de realização e crescimento. Ela, que atua como bailarina e educadora física, entende que a folia tem um significado maior que trabalho.

Significa os dois [trabalho e amor ao Carnaval]. Eu sou praticamente criada no Mocidade, são 23 anos, né? Então, eu sempre falo que é minha escola de vida. Cresci como pessoa, mulher, aprendi a lidar com pessoas. Então, entra em todos os contextos. O Carnaval me ajudou super a crescer pessoalmente, profissionalmente e tirar essa introspecção e timidez que eu tinha no começo. Inclusive, agora pedem para eu parar de falar.

"Levo como um trabalho"

Daniel Manzioni se despediu do posto de rei de bateria da Acadêmicos do Tatuapé no Carnaval 2025. O artista do samba confessa que a oportunidade de desfilar sempre foi encarada como trabalho.

Eu já levo o Carnaval como um trabalho. Eu sou chamado pra fazer aulas de samba, me chamam pra dar aula. Então, eu levo o trabalho de dançarino ao longo do ano inteiro, mas não ganho dinheiro com o Carnaval.

"Vale a pena"

Nathália Zannin, ex-bailarina do Faustão, caiu no samba como musa da Barroca Zona Sul em 2025. Ela revela que há um bom investimento para desfilar, mas vale a pena por gerar oportunidades futuras de trabalho.

Investi pelo menos um carro 0km, mas é um investimento que a gente tem um retorno legal se você sabe trabalhar direitinho a sua imagem. Tenho pessoas que trabalham comigo que sou muito grata, porque se não fossem eles, não chegaria aqui. A gente conseguiu patrocinadores e foi muito legal. A gente investe, mas tem retorno também. Acho que é tão gostoso e é a realização de um sonho. Vale a pena essa realização.

"Não digo que é trabalho"

Francine Carvalho, musa da Gaviões da Fiel, deixa seus negócios de lado na época do Carnaval pela paixão. A empresária diz aproveitar o momento da folia para se entregar ao que mais ama.

Eu amo o Carnaval. Eu amo o que eu faço e por isso que estou há tanto tempo. Não digo que me dá trabalho, eu digo que a gente fica mais apreensiva. Quando eu me proponho a fazer alguma coisa, eu quero fazer o melhor. Então, eu estou no Carnaval porque eu amo. Quando passa, eu fico com saudades dessa correria, dessa agitação toda que para mim é uma felicidade.

"Plataforma profissional"

Fernanda Pedrosa desfilou como musa da Barroca Zona Sul após dois anos no Carnaval do Rio de Janeiro. Ela vê a oportunidade como chance de trabalho e, ao mesmo tempo, de ajudar mulheres que buscam apoio.

Com certeza é trabalho. É uma plataforma profissional o Carnaval, né? Eu falo que tenho meu dever como musa que é inspirar as pessoas e levar essa alegria do Carnaval. Também para as pessoas que têm com outras religiões. É muito mais que levar brilho e beleza para avenida, sabe? É honrar com muito orgulho o meu nome e a escola. O Carnaval une todos.

"Momento de amor"

Rainha de bateria da Águia de Ouro, Renata Spallicci fez a sua volta ao Carnaval após dois anos tratando um câncer no intestino. A empresária diz que desfilar é especial por se sentir vivendo um renascimento.

Para mim, o Carnaval é uma paixão. É algo que é um presente. Presente que toda a minha comunidade me proporcionou e eu espero honrar com muito respeito, muito carinho e muito amor. De fato, é inexplicável o que eu sinto. É algo que me presenteou nesse momento da minha vida com essa possibilidade. Sinto que trago comigo e levanto muita gente. Mulheres que se espelham, pessoas que são do mundo corporativo, assim como eu, e acham que não podem estar numa avenida como rainha de bateria como eu.

"É meu amor pela dança"

Jeff Garcia, muso da Colorado do Brás, descarta tratar o Carnaval como oportunidade de trabalho. O coreografo se joga na avenida pela paixão à folia e ao samba e também usa o momento como período de reflexão para vida.

Não encaro como um trabalho. Ali eu encaro como meu amor pela dança. Tudo o que vem após o desfile e o samba é uma consequência. As pessoas falam que veem uma luz e uma alegria em mim porque o samba e a dança fazem parte da minha vida desde os meus 17 anos. Então, ali é minha válvula de escape, meu hobby. Não faço por obrigação, não faço nada de cara feia. Estou sempre feliz. Então, o que vem, os trabalhos que aparecem, eu fico feliz: 'nossa, apareceu e tá ótimo'. Se não vir, o fato de estar na avenida é o meu maior presente.


Carnaval 2025 - São Paulo