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Veloz e exclusivo: testamos SUV de R$ 3,5 mi que é o mais rápido do mundo

Guilherme Menezes

Do UOL, em São Paulo

17/05/2023 04h00

Aston Martin não é assunto que se possa tratar dissociado de história e cultura. Isso porque, tão fascinante quanto os carros da marca em si, é toda a trajetória que os carregam há mais de 110 anos até os dias atuais. Quem dirá quando vamos falar sobre o que motivou a fabricante dos cupês de James Bond, o agente 007, a se render ao SUV que, apesar de inglês, tem coração alemão.

E mesmo após incontáveis altos e baixos, a Aston Martin nunca abandonou o seu espírito competitivo e a sua presença no esporte a motor. Hoje é o centro das atenções nos Grand Prix da Formula 1, tanto com os protótipos, quanto com os carros de rua (atuantes como carro madrinha e carro de suporte médico). Até as joias feitas pela mesma joalheira que fornece as peças que compõem a coroa da realeza britânica fazem parte dos itens de série.

Isso é só o começo para falarmos do Aston Martin DBX707, que cobra R$ 3,5 milhões para, em todos os sentidos, aguçar o sensorial de quem estiver a bordo. Mas essa marca de luxo ainda não é tão difundida para o público geral no Brasil, e por isso, o SUV mais veloz do mundo não teria o mesmo impacto se não fosse por toda a história que o envolve.

Mesmo após mais de um século, as nações automotivas ainda não conseguiram bater os ingleses em matéria de requinte e sofisticação. Os melhores artesãos da indústria vestem a camisa britânica para a criação de verdadeiras joias sobre rodas. Só que o tempo também mostrou que isso nunca foi o bastante para que se pudesse atingir a perfeição.

A tradição 'handmade' (ou "feita à mão") que corre nas veias das fabricantes enraizadas nas terras de sua majestade é um tempero poderoso, mas também perigoso, pois abre precedente para falhas catastróficas. Muitas cometeram erros no próprio jogo e desapareceram, tanto por quedas na qualidade, quanto pela falta de inovação.

A Aston Martin só não cedeu graças ao nível de desenvolvimento dos carros e ao comprometimento com a entrega de valor nos produtos. Isso sempre alimentou fortemente a conexão com os maiores apreciadores de automóveis e a manteve resiliente. Essa capacidade de diferenciação transcendeu ideologias e conquistou, inclusive, os alemães, que figuram entre os maiores entendedores de engenharia do mundo.

Se a fabricante britânica precisava de algo para encontrar a segurança que precisava, conseguiu com a qualificação e a metodologia dos germânicos. Assim, unidas pelo conceito 'um homem, uma máquina' (onde para cada unidade produzida, há sempre uma pessoa responsável pelo conjunto), a Mercedes-AMG mantém sua parceria com a Aston Martin há mais de 10 anos. No Brasil, é representada pela sua importadora oficial, a UK Motors.

Mas isso faz do Aston Martin DBX707 um carro perfeito? Ele é mais alemão do que inglês? Descobrimos.

Aston Martin DBX707

Preço

R$ 3,5 milhões
Carros
4,4 /5
ENTENDA AS NOTAS DA REDAÇÃO

Pontos Positivos

  • Acabamento e conforto interno
  • Desempenho e dirigibilidade
  • Luxo, requinte no nível dos detalhes

Pontos Negativos

  • Central multimídia e cluster
  • Calibração do câmbio nos modos esportivos
  • Consumo (quem liga...?)

Veredito

O Aston Martin DBX707 simplesmente encara e vence todos os SUVs no campo do desempenho e do luxo - o que é, justamente, a razão de ser da fabricante. Tal como os outros modelos da marca inglesa, atinge o que chamamos de estado da arte. Mas vimos que ainda há ponderações a serem feitas. Poderia corrigir alguns pontos para que ficasse ainda mais refinado. Por isso, perfeito o SUV não é. Entretanto, após falarmos tanto de arte, isso jamais poderia ser algo depreciativo, principalmente quando assumimos uma das formas mais coerentes de análise para modelos como ele, recheado de história, engenharia embarcada e construção artesanal. No campo da arte, a imperfeição pode ser valorizada como uma expressão da individualidade, da subjetividade e da autenticidade. Isso quer dizer que, com a imperfeição, permite-se ampliar os horizontes na hora de apreciar e compreender joias como, por exemplo, o DBX707, que está muito longe de ser um carro comum. Por isso que bagagem cultural não só sempre é muito bem vinda quando falamos de qualquer Aston Martin, como também, de acordo com a UK Motors, trata-se de fator de compra importante dos felizardos que podem estacionar um desses na garagem (ou até mesmo no meio de uma sala de estar).

Design

Aston Martin DBX707 - Divulgação - Divulgação
Imagem: Divulgação

DBX não é o carro de James Bond. Contrato da franquia para a utilização de SUVs é firmado com a também inglesa Land Rover.

Mas só de olhar para o exemplar na cor azul dos nossos testes, vemos como o seu visual não deixa nada a desejar para os cupês - e, por isso, certamente isso deve deixar o 007 passando vontade.

Conta com spoiler e splitters dianteiros, aberturas aletadas no capô, saias recortadas nas laterais, defletores de ar à frente das aberturas das rodas dianteiras e traseiras, uma saída de ar cortada nos painéis laterais traseiros, um difusor traseiro estendido e um spoiler traseiro; tudo feito de fibra de carbono.

Grade da versão 707 é 27% maior para permitir maior fluxo de ar para resfriamento do motor. Na traseira, a integração entre as lanternas traseiras, as quatro saídas de escapamento e a curvatura da tampa ao estilo 'duck tail' (ou 'cauda de pato') arrancam suspiros até mesmo daquelas pessoas mais apáticas.

Time de design se preocupou com o que é chamado de proporção áurea. Trata-se de uma constante matemática que representa estética, beleza e harmonia, dadas as proporções das áreas visíveis do carro. Técnica foi utilizada por Botticelli, Salvador Dalí e Leonardo da Vinci em quadros como, por exemplo, 'Mona Lisa', 'A Última Ceia' e 'O Nascimento de Vênus'.

Por dentro, o visual se assemelha com o cockpit de um caça, ou algo do gênero. As linhas são fluidas e transmitem a mesma sensação de velocidade do exterior. Charme à parte são os botões do console e os das seleções de marcha no painel, este que transmite certa impressão de robustez por ser "rechonchudo".

É uma pena que a marca foi pega completamente pela tendência da digitalização e não deixou que o cluster permanecesse analógico. Você chega tão compenetrado na apreciação aos detalhes e nas formas orgânicas e, de repente, uma tela dá uma frustrada em tudo isso.

Vida a bordo

Aston Martin DBX707 - Divulgação - Divulgação
Imagem: Divulgação

Forma de abrir o carro traz uma peculiaridade. Como os ingleses são muito educados, o jeito como você segura a maçaneta das portas faz alusão a um cumprimento de mão.

Para garantir a suavidade do funcionamento das portas, todas elas contam com amortecimento na abertura e no fechamento. E não precisa batê-las na hora de entrar. Basta apenas encostá-las para que seja sugada até o seu encaixe.

Dentro do carro vemos que o botão de liga e desliga e a parte superior da chave são feitos de cristais de safira da mesma joalheria que fornece as joias da coroa para a realeza britânica, a empresa Asprey & Garrard.

Encontramos apenas três peças feitas de plástico. São elas a moldura das maçanetas, do cluster e os porta-copos.

De resto, tudo é revestido por couro da mais alta qualidade; do teto às saídas de som. Os materiais são da fornecedora escocesa Bridge of Weir, que é a mais antiga de toda a história automotiva.

Dos dois tipos de costuras presentes (a grossa e a fina), somente a última - que é a menos visível - é feita por máquinas. As que mais podem ser percebidas são todas feitas à mão. O que também não deixa o requinte de lado são os bancos e o console, estruturados em fibra de carbono.

Aroma do interior é digno da melhor loja de sapatos que você possa imaginar. O que também é extremamente satisfatório é que a nossa roupa carrega essa verdadeira fragrância mesmo após sair do carro.

Experiência a bordo inspira a sensação de nobreza. A maciez do toque é fora de série.

O que não faz muito sentido é a central multimídia e o seu manuseio. Costumo acreditar que supercarros dispensam uma boa conectividade, mas no caso do DBX707, que é um SUV feito também para levar toda a família (e com muito conforto, por sinal), precisava de algo mais moderno.

Comandos e o sistema de infotenimento são herdados da Mercedes-Benz, mas se trata de uma geração anterior. O que a Aston Martin fez foi refazer o layout para conferir identidade própria. De todo modo, nem a central e nem o cluster são tão complicados de usar.

Espaço interno é invejável. Cabem até cinco adultos com conforto e firmeza para o corpo. Os espaços para pernas e troncos sobram no interior.

Com o enorme teto panorâmico, a iluminação no interior é excelente. Diante desse lado mais racional do DBX, principalmente quando se tem família, a vontade de escolher os cupês acaba ficando um pouco de lado.

Ergonomia e dirigibilidade

Aston Martin DBX707 - Divulgação - Divulgação
Imagem: Divulgação

Plataforma do DBX é feita de alumínio e foi criada inteiramente pela Aston Martin especialmente para o SUV. Ela permite uma posição ligeiramente mais baixa do que os demais SUVs esportivos, principalmente quando levamos em conta seu porte - que chega a ser maior do que o de alguns dos seus rivais.

Tirando a necessidade de se descolar do banco para clicar nos botões das marchas, a ergonomia é perfeita. O carro é tão firme e preciso para uma dirigibilidade esportiva, quanto macio, caso você e a família não estejam no pique.

Em curvas mais rápidas, transmite muita confiança. Não demonstra qualquer sinal de arrasto da dianteira ou saída da traseira. Claro que tem mais molejo do que modelos mais baixos, mas a condução do carro consiste apenas em apontar a dianteira ao esterçar o volante.

O sistema de suspensão a ar é outra obra prima da engenharia. Em relação à versão convencional do DBX, agora tem até 20% a mais de compressão e 10% a mais de extensão dos amortecedores dianteiros (os números são 15% e 5% nos traseiros). A rigidez total, por sua vez, é 55% mais elevada, contando ainda com uma cinta transversal e braços de controle dianteiros com buchas hidráulicas.

O sistema eletrônico de rolagem ativa foi recalibrado para fornecer 50% a mais de torque, o que contribui ainda mais para que o DBX707 contorne curvas ignorando os seus 2.245 kg de peso total. Como se não bastasse, apesar de sua tração nas quatro rodas, pode enviar até 100% da tração apenas às rodas traseiras, caso os computadores julguem necessário.

Já com relação à rigidez estrutural, dispõe de um painel inferior na carroceria, com 0,16 polegadas de espessura, algo que melhora a rigidez torcional em 1,3% para melhor resposta da direção e controle de impacto.

Para as desacelerações, a unidade testada estava equipada com os enormes freios carbo-cerâmicos de 420 mm na dianteira e 390 mm na traseira, que são "mordidos" por pinças de seis pistões na frente e quatro atrás - que reduzem até 40,5 kg de peso não suspenso. Tudo isso dentro das enormes rodas de 23 polegadas.

Desempenho e consumo

Aston Martin DBX707 - Divulgação - Divulgação
Imagem: Divulgação

Ao mesmo tempo que é o SUV a combustão mais rápido até 100 km/h (3,3 segundos) e com maior velocidade final de todos (mesmo contando os elétricos, com máxima de 310 km/h), não é uma fera tão assustadora assim.

É muito linear no desenvolvimento das acelerações, o que o deixa realmente delicioso de guiar, ao som do ronco grave e soprado. Também é muito previsível e até macio - mesmo sendo esse carro cujas rotações crescem em velocidades fora do comum, até o corte em 7 mil rpm.

Se para muitos isso já seria o bastante, tem mais. Ao tirar o pé do acelerador, despeja sua ira nas quatro saídas de escapamento em forma de tiros altos e graves. Não duvidaria se os que estiverem do lado de fora nessas horas começassem a rezar para que não seja a chegada do apocalipse.

Seu conjunto de motor (que conta com plaquinha de quem o montou) e câmbio é o mesmo 4.0 V8 biturbo com transmissão automática de 9 marchas que equipam os Mercedes-AMG e o DBX padrão. Entretanto, para que pudesse produzir os seus 707 cv e incríveis 91,7 kgfm, teve que passar por algumas alterações.

Conta com aprimoramentos no sistema de admissão e exaustão, seus dois turbocompressores foram trocados por modelos roletados com esferas duplas, contou com remapeamento da central eletrônica do motor e, inclusive, o modelo do câmbio agora é o que utiliza sistema de embreagem úmida.

Nos modos de condução mais esportivos, seria bom se tivesse trocas de marchas mais instigantes - deixando a opção mais suave apenas para os modos mais "civis", como o 'GT'.

Ao invés disso, nem mesmo no modo Sport Plus, segura as rotações em níveis mais elevados, tampouco modifica tanto a rapidez do câmbio ou a resposta no pedal do acelerador.

Consumo: Em países estrangeiros, com a gasolina que não contém os níveis de etanol da nossa, é declarado consumo combinado próximo a 8 km/l, no uso misto entre cidades e estradas.

Equipamentos e itens de segurança

Aston Martin DBX707 - Divulgação - Divulgação
Imagem: Divulgação

O DBX é o modelo mais equipado da Aston Martin. Vem com:

  • Faróis de LED adaptativos;
  • Controle climático de três zonas;
  • Câmeras de estacionamento de 360;
  • Sistema de som com 14 alto-falantes;
  • Painel de instrumentos digital de 12,3 polegadas;
  • Central multimídia de 10,2 polegadas com Apple CarPlay e Android Auto;
  • Controle de cruzeiro adaptativo;
  • Frenagem automática de emergência;
  • Assistência automática de estacionamento;
  • Monitoramento de ponto cego;
  • Aviso de saída de porta;
  • Assistência de colisão frontal;
  • Assistência de manutenção de faixa;
  • Detecção de tráfego cruzado traseiro e reconhecimento de sinais de trânsito;
  • Câmera de visão de 360.
Mecânica
  • Motorização

  • 4.0 V8 Biturbo

  • Combustível

  • Gasolina

  • Potência (cv)

  • 707

  • Torque (kgf.m)

  • 91,7

  • Aceleração de 0 a 100 (segundos) (km/h)

  • 3,3

  • Velocidade máxima (km/h)

  • 310

  • Consumo cidade (km/l)

  • Cerca de 6 km/l

  • Consumo estrada (km/l)

  • Cerca de 10 km/l

  • Câmbio

  • Automático de 9 marchas

  • Tração

  • 4x4

  • Direção

  • Elétrica

  • Suspensão Dianteira

  • Ar, multilink

  • Suspensão Traseira

  • Ar, multilink

  • Freios Dianteiros

  • Discos carbo-cerâmicos de 420 mm

  • Freios Traseiros

  • Discos carbo-cerâmicos de 390 mm

Pneus e Rodas
  • Pneus

  • 285/35 (dianteiros) e 325/30 (traseiros)

  • Rodas

  • 23 polegadas

Dimensões
  • Altura (mm)

  • 1680

  • Comprimento (mm)

  • 5039

  • Entre-eixos (mm)

  • 3060

  • Largura (mm)

  • 2220

  • Ocupantes

  • 5

  • Peso (kg)

  • 2.245

  • Porta-malas (L)

  • 638 litros (mais 81 litros de armazenamento sob o piso)

  • Tanque (L)

  • 87

Equipamentos
  • Airbags Motorista

  • Airbags Passageiro

  • Airbags Laterais

  • Airbags do tipo Cortina

  • Airbags para joelho do motorista

  • Controle de Estabilidade

  • Controle de Tração

  • Freios ABS

  • Distribuição Eletrônica de Frenagem

  • Ar-Condicionado

  • Travas Elétricas

  • Ar Quente

  • Piloto Automático

  • Volante com Regulagem de Altura

  • Vidros Elétricos Dianteiros

  • Vidros Elétricos Traseiros

  • Central Multimídia

  • Rádio FM/AM

  • Entrada USB

  • Entrada Auxiliar

  • Banco de Couro

  • Banco do motorista com ajuste de altura

  • Bancos com ajustes elétricos

  • Desembaçador Traseiro

  • Teto Solar

  • Computador de Bordo

  • Acendimento automático dos faróis

  • Faróis de neblina

  • Frenagem autônoma de emergência

  • Alerta de permanência em faixa

  • Sensor de pressão dos pneus

  • Sensor de pontos cegos

  • Alerta de colisão

  • Abertura elétrica do porta-malas

  • Faróis com regulagem de altura

  • Bloqueio do diferencial

  • Sistema de estacionamento autônomo

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