Mercedes EQC 400 traz mimos, mas preço exige muito amor por elétricos
Rafaela Borges
Colaboração para o UOL
12/08/2021 04h00
Primeiro modelo elétrico da Mercedes-Benz no Brasil, o SUV EQC 400 completa um ano de mercado como um dos carros a eletricidade que mais benefícios dá a seus clientes. Além de pacote de manutenção gratuita por três anos, o comprador ganha um Wallbox de 7,2 kW com instalação gratuita.
O mais legal mesmo é que toda a energia gasta nesse Wallbox é paga pela própria Mercedes-Benz por um ano. Mas nem tudo é boa notícia quando o assunto é custo. Lançado por R$ 575 mil, o modelo está saindo por R$ 629.900 um ano depois - 9,6% a mais.
E não dá nem para culpar o dólar. Atualmente, a cotação da moeda está até mais baixa que na época do lançamento do EQC 400, em agosto de 2020. Será que vale a pena gastar tudo isso no luxuoso elétrico da marca alemã? É o que vamos mostrar a partir de agora.
Mercedes-Benz EQC 400
Preço
R$ 629.9003,0
5,0
5,0
4,0
4,0
5,0
5,0
Pontos Positivos
- Desempenho
- Acabamento
Pontos Negativos
- Preço
- Ausência de ajuste de temperatura atrás
Veredito
O EQC é rápido, bom de dirigir, sofisticado e ainda oferece facilidades para incentivar o cliente a ter um carro elétrico na garagem. Mas é também muito caro. O modelo é quase R$ 100 mil mais caro que o GLC 300 Coupé, topo da linha sem preparação esportiva do SUV médio e com conteúdo tecnológico bem semelhante. Com essa diferença, o cliente precisa ter muito amor à eletrificação ou vontade de ser um dos primeiros a ter acesso a uma nova forma de mobilidade.
Design e acabamento
O EQC 400 é baseado no SUV médio da Mercedes-Benz, o GLC. Porém, de acordo com a montadora, teve 70% de peças modificadas. O visual é completamente diferente de toda a linha da montadora.
É que os modelos EQ, denominação usada pelos carros elétricos da marca, têm uma identidade peculiar. Em destaque está a imensa grade frontal com contornos cromados.
Os faróis full-LEDs antiofuscamento têm assinatura em azul, a cor da divisão EQ. Esse tom também está nas rodas de 20 polegadas. Lateralmente, o teto é levemente rebaixado, mas não a ponto de caracterizar o EQC como um SUV cupê.
O destaque atrás fica por conta das lanternas interligadas. Como em todo carro elétrico, não há saídas de escape. Modelos a eletricidade não emitem gases.
O acabamento interno segue o padrão de qualidade dos modelos da Mercedes-Benz. As superfícies usam materiais sofisticados e macios ao toque, e são emborrachados. Couro, alumínio e aço escovado fazem parte do revestimento.
Espaço interno
O EQC 400 tem 4,76 metros de comprimento, 8 cm a mais que o GLC. O entre-eixos é de 2,87 metros e ajuda a proporcionar bom espaço para as pernas de duas pessoas no banco de trás. Passageiros altos, com mais de 1,85 m, também ficam com suas cabeças bem acomodadas.
O túnel central é alto, mas dá para acomodar os pés sobre ele. O problema é que a viagem do passageiro do meio ficará desconfortável, pois ele irá com as pernas um pouco para cima. Além disso, apesar de haver saídas de ar para os ocupantes dessa parte do carro, não há comandos independentes de temperatura, algo esperado para um modelo de mais de R$ 600 mil.
O porta-malas tem capacidade de 500 litros mas, sob o assoalho, mesmo sem estepe, há um espaço mal aproveitado, onde é guardado os carregadores portáteis do carro - com dois tipos de entrada.
Equipamentos
A lista de equipamentos de série é um dos destaques do EQC 400. O carro traz tecnologias sofisticadas como o sistema semiautônomo de condução. Por meio dele, o SUV é capaz de acelerar e frear sozinho.
Em vias com faixas bem demarcadas, também tem autonomia para virar o volante em curvas. Basta que o motorista mantenha suas mãos sobre o componente. Se tirar, em cinco segundos recebe um aviso para retomar o comando. Caso contrário, o sistema será desativado.
Outro destaque fica por conta das câmeras 360, que projetam imagens bem nítidas, em alta resolução, na tela da central multimídia e ajuda a evitar pontos cegos em manobras e em congestionamentos. O monitor central é integrado ao do painel de instrumentos, virtual e personalizável.
Esse sistema de duas telas integradas formando um único elemento foi batizado pela fabricante de MBUX. Nele, também está incluído o assistente por comando de voz "Hi, Mercedes", que usa inteligência artificial para executar algumas funções.
Ao comando do motorista, o "Hi, Mercedes" é capaz de alterar estações de rádio e faixas de músicas e inserir endereços no navegador GPS. Porém, diferentemente do que ocorre em outros carros da marca, não abre automaticamente as persianas do teto solar.
Isso ocorre porque as persianas têm abertura manual. Automática é apenas a do próprio teto solar que, por sinal, não é panorâmico. Outro destaque fica por conta do sistema de iluminação interna personalizável. Painéis e portas podem receber diversas cores diferentes, à escolha do ocupante do carro.
Recarga e desempenho
A bateria de íons de lítio que alimenta os dois motores elétricos tem seis módulos que podem ser trocados individualmente, em caso de defeito. Com 80 kWh, pode ser recarregada em 11 horas no Wallbox de 7,2 kW que é item de série do carro.
Quanto à recarga rápida, a Mercedes-Benz divulga que são 40 minutos para a bateria ir de 10% a 80% de autonomia. Isso em uma estação de 300 kW. Porém, a única com essa potência disponível no Brasil está em uma concessionária Porsche na cidade de São Paulo.
Na estrada, no Brasil, as estações mais comuns são as de 50 kW e, para elas, a Mercedes-Benz não divulga o tempo de recarga. Em uma conta simples, se na de 300 kW são 40 minutos de 10% a 80%, na de 50 kW seriam 4 horas.
Porém, a conta não é literal, segundo especialistas consultados pela reportagem. Por isso, o EQC deve levar menos de 4 horas para cumprir essa faixa de carga em uma estação de 50 kW. A automia do carro varia de 370 a 417 km no ciclo WLTP, que vem sendo usado pelas marcas no Brasil para divulgar o alcance de seus carros elétricos.
Para ajudar o carro a manter a boa autonomia, há quatro modos de regeneração da bateria por meio de desaceleração, acionados nas hastes atrás do volante. No mais intenso, nem é preciso usar o pedal do freio.
O carro vai perdendo muito velocidade a medida que o motorista reduz a pressão no pedal do acelerador. Quando tira o pé desse pedal, em poucos metros o EQC para completamente. Esse modo de regeneração é ideal para usar em situações de trânsito pesado e congestionamento.
Quanto ao desempenho, o carro da Mercedes-Benz traz dois motores elétricos, um no eixo dianteiro e outro no traseiro. Juntos, entregam 408 cv de potência e altíssimo torque de 77,5 mkgf, no sistema de tração 4x4 por demanda 4Matic. O câmbio tem uma marcha apenas.
Em modelos a eletricidade, a força é instantânea, entregue a partir do momento em que o pedal do acelerador é acionado. Não é preciso atingir uma determinada faixa de rotação para que ela esteja disponível.
O resultado é um início de aceleração forte e linear, sem trancos. O EQC, com cerca de 2,5 toneladas de peso, manda muito bem nesse aspecto, e ganha velocidade com agilidade brutal. Depois dos primeiros segundos, como era de se esperar, perde um pouco de ímpeto.
De acordo com informações da Mercedes-Benz, o carro acelera de 0 a 100 km/h em 5,1 segundos - é seis décimos de segundo mais rápido que seu principal rival, o Audi e-tron. Já a velocidade máxima é de 180 km/h.
O Mercedes tem modos de condução para entregar seu desempenho de maneira mais ágil ou sutil, além de uma função econômica, para poupar bateria. Elas alteram também as respostas da direção, que é leve em manobras e, em alta velocidade, no modo esportivo, muito precisa.
Outro destaque é o funcionamento do motor. Na cidade, em baixa e constante velocidade, o carro usa só o dianteiro. Na mesma condição, em estrada, com velocidades mais altas, entre em ação o traseiro. Já quando o modelo está em aceleração, os dois funcionam juntos para entregar potência e força totais.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL