O fim de linha do Chevrolet Bolt já está anunciado para o fim do ano, mas mesmo assim, no mês passado o elétrico chegou ao Brasil na versão EUV (sigla que nada mais significa do que "SUV elétrico").

Com visual similar ao Bolt hatch, mas com entre-eixos 7,4 cm maior do que o "irmão" (que custava R$ 329 mil), o preço é - por incrível que pareça - bem mais baixo: R$ 279.990. Entretanto, apenas um lote fechado de 200 unidades irá desembarcar no país.

Ele traz características que virão nos próximos carros elétricos da GM - quem sabe, também em um eventual Onix a baterias ou seu equivalente no futuro. Além do mais, a General Motors anunciou a promessa de fabricar e vender apenas veículos elétricos a partir de 2035, e essa jornada rumo à eletrificação total inclui o Brasil.

Será que os poucos que poderão tirar um Bolt EUV da concessionária estarão, no final das contas, fazendo um bom negócio? E esse preço? Apesar de ser mais baixo do que era o do Bolt hatch, vale a pena (considerando que há opções mais em conta no mercado)? Descobrimos a seguir.

Chevrolet Bolt EUV

Preço

R$ 279.990

Carros

4,4 /5

ENTENDA AS NOTAS DA REDAÇÃO

Consumo

4,0

Desempenho

5,0

Design

4,0

Equipamentos

5,0

Espaço Interno

5,0

Manutenção

4,0

Segurança

4,0

Pontos Positivos

• Autonomia
• Espaço interno e acabamento
• Potência e diversão

Pontos Negativos

• Suspensão mais mole ajuda no conforto, mas não na precisão ao acelerar
• Porta-malas é bom, mas não foi aumentado em relação ao hatch
• Tempo curto até o fim de sua vida e tiragem limitada

Veredito

O Bolt EV entrega boa autonomia, desempenho empolgante e muita tecnologia e segurança por um preço inferior ao de alguns modelos equivalentes de marcas de luxo. Além disso, nesta primeira reestilização, melhorou o acabamento e ganhou um visual ousado, condizente com sua proposta. É uma das melhores alternativas a quem busca um carro elétrico e tem perto de R$ 300 mil para desembolsar nele. Acabou de chegar, já está de saída, mas bem que poderia ficar um pouco mais (e para além das somente 200 unidades oferecidas).

Design

Desde a sua reestilização, o Bolt mudou bastante, principalmente na dianteira, que ficou bem futurista e adequada à proposta do carro. O conjunto ótico agora é dividido em duas seções: onde normalmente estariam os faróis, agora estão as luzes de condução diurna de LED.

Já os faróis, também iluminados por LEDs e com acendimento automático, foram posicionados mais abaixo e são integrados ao novo para-choque, cuja grade é fechada. Entretanto, abaixo, há uma passagem de ar para refrigeração de radiador, que arrefece as baterias.

As lanternas traseiras também foram redesenhadas e trazem iluminação igualmente por meio de LEDs. As novas rodas de liga leve de 17 polegadas, por sua vez, contam com acabamento diamantado e detalhes em preto brilhante, que ajudam a compor o visual arrojado do carro.

Como verão a seguir, por dentro, não é diferente. A aura futurista se prolonga pelas telas digitais, tanto do cluster, quanto da multimídia, além do estofamento azulado dos bancos de couro e dos acabamentos sensíveis ao toque (estes que, por sua vez, são contrastados por molduras em black piano).

Vida a bordo

O assoalho plano contribui bastante para o conforto a bordo, especialmente para os ocupantes do banco traseiro - onde a ausência de um túnel central ajuda a acomodar bem as pernas. Com 2,68 m de distância entre-eixos, 4,3 metros de comprimento, 1,77 metros de largura e 1,62 metros de altura, o Bolt trata bem até passageiros de grande estatura.

Os bancos de couro são muito confortáveis e o ajuste da suspensão filtra bem a maioria dos buracos e das imperfeições do piso. Também agrada o isolamento acústico da cabine. Tudo isso junto serve para reforçar a sensação de estar em um carro realmente premium.

O único ponto, perceptível principalmente para quem estiver ao volante, é a sua característica com o pé lá no fundo do acelerador. Principalmente quando o asfalto não está nas mais perfeitas condições (o que não é nada incomum no Brasil), a dianteira tende a serpentear um pouco. Não é nada que chegue perto de uma perda de controle ou coisa do tipo, mas é inegável que, para resolver essa característica, a rigidez do sistema de suspensão poderia ser um pouco maior.

Desempenho e autonomia

Como todo carro elétrico, o Bolt EV tem torque instantâneo e sua ótima aceleração empolga no uso urbano. Mas, como falamos sobre essa leve "serpenteada", isso requer um pouco mais de atenção. Na minha opinião, no final das contas, a condução é muito divertida - afinal de contas, carros que aceleram pouco costumam ser tediosos. O que ajuda na segurança é o fato de que, até mais ou menos 30 km/h, o carro vai liberando cada vez mais potência de forma progressiva (e não tudo de uma vez).

Também tem algo que é muito importante para o quesito da precisão ao volante: boa ergonomia - chega a ser melhor do que outros SUVs da marca. Tanto a posição quanto as distâncias de volante e pedais proporcionam conforto e firmeza para lidar com os seus 203 cv e 36,7 kgfm entregues de forma imediata, como em uma chavinha de liga/desliga. Assim, chega até 100 km/h em meros 7,7 segundos, segundo a Chevrolet.

Para não correr o risco de ultrapassar os limites de velocidades, o controle de cruzeiro adaptativo pode ser usado para regular a velocidade e acompanhar o fluxo dos outros carros. Com ele, a distância é automaticamente regulada, com capacidade de acelerações e desacelerações autônomas.

Além disso, o SUV também conta com sistema de condução "com um só pedal", no caso, o do acelerador - sempre que você deixa de acelerar, a redução de velocidade é intensa e ajuda a parar o veículo.

Esse recurso, que você aciona por meio de um botão no console central, ajuda a recarregar as baterias de 66 kWh e também poupa o sistema de freios. Também existe uma aleta no lado esquerdo do volante para intensificar essa desaceleração e também a recarga.

Por falar nas baterias, a General Motors informa que, totalmente carregadas, elas proporcionam até 459 km de autonomia no ciclo WLTP europeu - o que em tese possibilitaria ir de São Paulo até o Rio de Janeiro sem a necessidade de parada.

Cheguei a recarregar o carro quando as respectivas baterias estavam com pouco menos da metade da capacidade e a autonomia informada no painel era de até 220 km. Utilizei um carregador ultrarrápido, com 150 kW de potência, e as baterias chegaram a 100% em cerca de 40 minutos - o tempo informado pela fabricante. Ainda assim, pode regenerar 160 km de autonomia em apenas 10 minutos

Segurança e equipamentos

Quanto à lista de equipamentos, o modelo elétrico da Chevrolet é bem servido: traz de série um excelente sistema de som Bose com subwoofer, recarga de celular por indução, central multimídia rápida e intuitiva com tela de 10,2 polegadas, conexão sem fio de smartphones via Android Auto e Apple CarPlay, banco do motorista com ajustes elétricos, bancos e volante com aquecimento e painel de instrumentos digital de oito polegadas.

Equipado com dez airbags, o Bolt EV traz muitos equipamentos e assistentes à condução para reforçar a segurança a bordo. Entre eles, controles de tração e estabilidade, mais alerta de colisão com frenagem automática de emergência e detecção de pedestres.

Além do já citado controle de cruzeiro adaptativo, vem com assistente de permanência na faixa, que não chega a contornar as curvas de forma autônoma - ele dá uma leve puxada no volante para trazer o carro de volta ao centro das demarcações da pista.

Não bastassem esses equipamentos, ele conta com alerta de ponto cego nos retrovisores externos; sistema de câmeras com alta resolução e "visão 360 graus"; sistema de som premium da Bose; alerta de movimentação traseira ao acionar a ré; e monitoramento da pressão dos pneus, que são do tipo auto-vedante.