Cheio de personalidade, Mustang faz coisas que nenhum elétrico consegue
Em tempos de carros elétricos e híbridos, que ganham força como alternativa para descarbonizar a frota mundial de veículos e atender os limites cada vez mais exigentes de emissões, os modelos tradicionais com motores a combustão parecem estar com os dias contados.
De fato, muitas montadoras estão descontinuando veículos do tipo, especialmente aqueles "muscle cars" norte-americanos com seus motores V8 aspirados e sedentos por gasolina.
Recentemente, a Stellantis tirou de linha os icônicos Charger e Challenger V8, que vão renascer como automóveis 100% elétricos. A General Motors deixou de fabricar o Camaro, que deverá voltar no futuro movido a baterias.
Contudo, o motor V8 não vai morrer tão cedo: a Ford sabe disso e mantém vivo, como nunca, seu maior ícone com essa motorização: o Mustang, cuja sétima geração foi lançada em março no Brasil - as primeiras unidades começaram a ser entregues recentemente a seus compradores.
Disponível na versão única GT Performance por R$ 529 mil, o novo Mustang não tem nada de propulsão híbrida e representa uma evolução do conceito original: tração traseira e propulsor de oito cilindros naturalmente aspirado com ronco nada discreto - mas que tem um modo "silencioso" para não incomodar os vizinhos.
Confira a seguir a avaliação do UOL Carros após uma semana de convívio com a máquina norte-americana, que é bem mais barata e chama muito mais a atenção do que esportivos de marcas alemãs de luxo - e diverte até como carro para uso no dia a dia.
Vale destacar que este é o Mustang "raiz" - a Ford também lançou uma variante totalmente elétrica com carroceria SUV, o Mach-E - que acelera muito, mas não traz a experiência sensorial que só o Mustang original consegue oferecer.
Desvendando o Ford Mustang GT Performance
Design: este é um quesito no qual o Mustang se destaca, Sua carroceria longa, baixa e larga, que na geração atual traz "ombros" bem pronunciados nos para-lamas traseiros, é uma atração por onde passa.
O modelo atual ficou ainda mais musculoso e detalhes como o capô longo e o grande aerofólio na tampa do porta-malas não deixam dúvida de que se trata de um Ford Mustang,
Na dianteira, os faróis full-LED mais afilados deram um toque minimalista ao cupê esportivo que nasceu em 1964 - o conjunto ótico traz na parte superior, rente ao capô luzes de condução diurna formadas por uma espécie de pontilhado com três elementos que também funcionam como piscas (e se acendem um depois do outro, formando uma animação bacana).
Na traseira, as tradicionais lanternas divididas em três seções independentes estão lá, mas agora cada segmento tem o formato de seta e as respectivas luzes também contam com uma animação ativada assim que você destrava as portas.
Por dentro, o design é um capítulo à parte e conto mais detalhes no próximo quesito de avaliação (Vida a bordo).
Vida a bordo: o Mustang chega à sétima geração e aos 60 anos de idade tecnológico como nunca.
Na cabine, o ponto alto são o painel e a central multimídia, dispostos em uma única peça, com telas configuráveis de alta resolução com, respectivamente, 12,4 e 13,2 polegadas.
A Ford soube muito bem combinar esse aspecto mais tecnológicos com referências ao legado de seis décadas do seu carro mais famoso - o freio de estacionamento, por exemplo, é acionado por meio de uma alavanca, mas é eletrônico.
Trata-se de uma dentre várias referências ao passado, que nesse caso também é funcional: a alavanca serve para fazer derrapagens controladas em pistas fechadas, como no "freio de mão" convencional e mecânico de gerações anteriores do Mustang.
A lista de equipamentos de conforto está no nível de carros de luxo e inclui bancos dianteiros com ajustes elétricos, ventilação e aquecimento, sistema de som premium da B&O com 900 W e 12 alto-falantes, carregamento de celular por indução e ar-condicionado de duas zonas.
Os dois bancos traseiros são surpreendentemente confortáveis e o espaço para as pernas nem é tão apertado, caso os ocupantes dos assentos dianteiros não sejam muito altos - porém, a restrição para quem vai atrás está na inclinação do teto, que torna o espaço utilizável, na prática, apenas por crianças.
Por outro lado, o porta-malas é bastante amplo, com seus 408 litros de capacidade, que pode ser ampliada com o rebatimento dos encostos traseiros.
Um detalhe que vale destacar: além de ligar o motor por meio da chave presencial, é possível acelerar o V8 remotamente - algo que muito proprietário de Mustang deverá fazer para se exibir aos amigos.
Segurança: diferentemente de outros "muscle cars", o Mustang, com sua tração traseira e motor com quase 500 cv, não é um carro intimidador, desde que você não abuse na hora de acelerar - e entenda e respeite os limites do veículo e do motorista.
É um carro bem equilibrado e, além disso, traz uma extensa lista de equipamentos de segurança passiva e ativa.
Sai da fábrica com sete airbags de série, além de um pacote completo de assistências à condução que inclui controle de velocidade de cruzeiro adaptativo com função 'stop & go", alerta de colisão dianteira e traseira com detecção de pedestres e frenagem automática de emergência, assistente ativo de manutenção de faixa, alerta de ponto cego, assistente de manobras evasivas, faróis de LED com acendimento automático, ajuste de altura e comutação de luz alta automática.
Desempenho: o Mustang não tem o menor tempo de volta nem a maior velocidade máxima da categoria: seu propósito é entregar performance com emoção e adrenalina e isso ele faz muito bem.
Não estou dizendo que ele manda mal na pista: muito pelo contrário. O motor 5.0 V8 Coyote naturalmente aspirado chega à quarta geração trazendo aprimoramentos como nova calibração e mais ar no coletor de admissão - rende respeitáveis 488 cv de potência e 57,5 kgfm de torque e, segundo a Ford, traz a especificação mais forte da história em um Mustang GT.
A fabricante informa aceleração de zero a 100 km/h em 4,3 segundos e velocidade máxima limitada eletronicamente a 250 km/h, mas o esportivo da Ford não se limita a roncar alto e ser rápido apenas na linha reta.
Traz um eficiente câmbio automático de dez marchas, mais suspensões refinadas, independentes nos dois eixos - e, pela primeira vez, conta com sistema adaptativo, que altera a rigidez dos amortecedores de forma automática ou por meio da seleção dos quatro níveis disponíveis. Essa tecnologia, inclusive, é capaz de antecipar buracos e ajustar os amortecedores para amenizar o impacto de buracos.
Além disso, os freios são da Brembo, famosa marca de alta performance, e estancam com eficiência os 1.836 kg do Mustang.
E não são apenas as suspensões que dá para ajustar: acelerador, assistência do volante, nível de interferência dos controles de tração e estabilidade e até o ronco do escapamento são itens configuráveis no novo Mustang,
O cupê tem modos de condução voltados para a pista, como um intrincado sistema de drifting (derrapagens controladas) e um recurso para "fritar" (aquecer) os pneus traseiros, onde está a tração, para provas de arrancada.
Contudo, na minha opinião, o maior mérito do Mustang é ter múltiplas personalidades: com todas as salvaguardas eletrônicas ativadas, é um carro previsível e relativamente dócil para uso no dia a dia.
Não chega a ser duro demais e o vão livre do solo é bem razoável - tomando cuidado, você dificilmente vai raspar o assoalho em lombadas, mas prepare-se para raspar o para-choque com alguma facilidade na guia rebaixada da saída de garagens.
Nada que atrapalhe a diversão em um carro potente, ágil e preciso de se conduzir, sem abrir mão de uma dose de conforto no uso cotidiano.
Consumo: segundo dados oficiais do Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia), o Mustang GT Performance tem consumo médio de 6,2 km/l na cidade e de 8,3 km/l na estrada. Os números não são ruins para um carro com motor 5.0 focado em performance e, no mundo real, dá para obter médias ainda melhores no ciclo rodoviário - com o pé leve e os giros do motor baixos, graças ao elevado número de marchas do câmbio automático com dez velocidades, dá para passar dos 11 km/l em determinadas situações. Já no ciclo urbano, especialmente no trânsito geralmente congestionado da capital paulista, não espere obter consumo muito melhor do que 5 km/l. Para compensar no quesito autonomia, o tanque de combustível tem boa capacidade, de 60,5 litros.
Itens de série: traz bancos dianteiros ventilados e aquecidos com ajustes elétricos, painel digital de 12,4 polegadas integrado em peça única com a central multimídia de 13,2 polegadas com Android Auto e Apple CarPlay sem fio, rodas de liga leve de 19 polegadas, câmera de ré, ar-condicionado digital de duas zonas, sete airbags, controle de velocidade de cruzeiro adaptativo com função 'stop & go", alerta de colisão dianteira e traseira com detecção de pedestres e frenagem automática de emergência, assistente ativo de manutenção de faixa, alerta de ponto cego, assistente de manobras evasivas, faróis de LED com acendimento automático, ajuste de altura e comutação de luz alta automática, bancos e volante de couro, carregamento de celular por indução, sistema de som premium B&O com 900 W e 12 alto-falantes, chave presencial. freios a disco Brembo nas quatro rodas, volante com aquecimento, ajuste de altura e profundidade, navegador GPS nativo, controles de voz e freio de estacionamento elétrico.
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Ford Mustang GT Performance
Preço
R$ 529 milPontos Positivos
- Não tem carro que ofereça tanto desempenho e personalidade em sua faixa de preço
- Bom pacote de equipamentos e elevado nível de configurações
- Traz condução precisa e divertida; se você abusar, amarras eletrônicas aumentam segurança
- Apelo emocional; tem design marcante e ronco do motor nada discreto
Pontos Negativos
- Consumo de combustível na cidade
- Espaço interno reduzido no banco traseiro
Veredito
Nova geração do Mustang comprova que Ford está certa ao manter e sempre aprimorar o Mustang na sua linha de automóveis, em tempos de eletrificação. Pelo preço cobrado, nenhum outro carro da atualidade consegue entregar doses tão altas de design, personalidade e emoção ao volante sem deixar o avanço tecnológico e a segurança para trás. Com 60 anos de história e sem concessões à eletrificação, o esportivo da Ford comprova que o mundo ainda precisa do ronco de um motor V8 bebedor de gasolina.
Motorização
5.0 V8 32V naturalmente aspirado
Combustível
Gasolina
Potência (cv)
488 cv a 7.250 rpm
Torque (kgf.m)
57,5 kgfm a 5.000 rpm
Aceleração de 0 a 100 (segundos) (km/h)
4,3 segundos
Velocidade máxima (km/h)
250 km/h (limitada eletronicamente)
Consumo cidade (km/l)
6,2 km/h (Inmetro)
Consumo estrada (km/l)
8,3 km/h (Inmetro)
Câmbio
Automático de dez velocidades com opção de trocas manuais
Tração
Traseira
Direção
Elétrica
Suspensão Dianteira
Independente, McPherson com braços triangulares e amortecedores adaptativos
Suspensão Traseira
Independente, multibraços com amortecedores adaptativos
Freios Dianteiros
Discos ventilados de 390 mm e seis pistões da Brembo
Freios Traseiros
Discos ventilados de 355 mm e quatro pistões da Brembo
Pneus
255/40 R19 na dianteira e 275/40 R19 na traseira
Rodas
19 polegadas
Altura (mm)
1.398 mm
Comprimento (mm)
4.811 mm
Entre-eixos (mm)
2.719 mm
Largura (mm)
1.958 mm
Ocupantes
4
Peso (kg)
1.836 kg em ordem de marcha
Porta-malas (L)
408 litros
Tanque (L)
60,5 litros
Garantia
3 anos
Airbags Motorista
Airbags Passageiro
Airbags Laterais
Airbags do tipo Cortina
Controle de Estabilidade
Controle de Tração
Freios ABS
Distribuição Eletrônica de Frenagem
Ar-Condicionado
Travas Elétricas
Ar Quente
Piloto Automático
Volante com Regulagem de Altura
Vidros Elétricos Dianteiros
Central Multimídia
Rádio FM/AM
Entrada USB
Banco de Couro
Banco do motorista com ajuste de altura
Bancos com ajustes elétricos
Desembaçador Traseiro
Computador de Bordo
Acendimento automático dos faróis
Frenagem autônoma de emergência
Alerta de permanência em faixa
Sensor de pressão dos pneus
Sensor de pontos cegos
Alerta de colisão
Faróis com regulagem de altura
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