Uma das picapes médias mais vendidas do País, a atual geração da Chevrolet S10 inovou também quando optou por oferecer uma versão basicamente de luxo, a High Country, que é focada no consumidor que busca aspectos mais requintados do que as versões para trabalho.

A R$ 252.290, o modelo é feito em São José dos Campos (SP) e ocupa o topo da tabela. Esta geração vem sendo melhorada com o passar dos anos pela GM, tanto em termos de equipamentos quanto em termos de engenharia.

A partir da linha 2021, o modelo, que já se diferenciava por acabamentos cromados e um santantônio estilizado sobre a caçamba, ganhou também uma dianteira única, inspirada nas picapes maiores da GM, como a Silverado.

Mas será que ela é tão luxuosa quanto prega e ainda assim aguenta o batente? É o que vamos dizer nessa avaliação de UOL Carros.

Design e espaço interno

A Chevrolet S10 High Country já se destacava anteriormente em termos de visual das demais versões. O modelo agora chama ainda mais atenção com a dianteira inspirada na Silverado, que desloca a "gravatinha" do símbolo da Chevrolet para o canto interior da grade e destaca o nome da marca no centro.

Além do viés mais esportivo, o modelo, mesmo já conhecido do público em geral, continua se destacando com a nova dianteira e chamando a atenção de poucos desavisados no trânsito que viram a cabeça para "ver que picape é essa aí".

De 2013, quando chegou ao mercado, até agora, a maturidade visual da picape também fica latente. Ela está em sua melhor fase antes da chegada da nova geração, esperada para 2023. Por dentro, o modelo tem suas melhorias para condizer com o acabamento externo.

Bancos de couro, acabamento melhorado no volante e no painel também se destacam. Ainda assim, ela deixa claro seu foco principal, que ele é o trabalho pesado. O assoalho mescla carpete com outros acabamentos mais fáceis de limpar.

O painel é bastante prático e bem completo. Nesse sentido, o que poderia melhorar é substituir a profusão de botões por mais telas ou comandos sensíveis ao toque.

O painel de instrumentos segue a mesma linhagem de ser prático e bem completo, mas também poderia, dentro do conceito de picape mais luxuosa, substituir os comandos analógicos por telas virtuais. Apostar em um computador de bordo com tela de TFT (colorida) já faria uma diferente considerável.

Apesar de picapes serem grandes, o espaço interno é bom para quatro adultos. O túnel central é elevado e atrapalha o espaço das pernas de um quinto ocupante, mas não há como mudar isso, já que o eixo cardã passa por ali. É possível fazer uma viagem com cinco ocupantes, mas o espaço das pernas não é o adequado.

Consumo e desempenho

Um dos pontos altos da picape é o conjunto mecânico que se destaca em números. São 200 cv e 51 mkgf do motor turbodiesel de 2,8 litros e quatro cilindros. Associado ao motor vem um câmbio automático de seis marchas com opção de trocas pela alavanca.

A resposta é mais do que adequada para lidar com as duas toneladas da picape em ordem de marcha. As respostas são ágeis e vigorosas, ainda assim a GM conseguiu deixar a S10 mais refinada.

Ela veio fazendo uma "sintonia fina" nesse conjunto mecânico. O principal foi a adoção de um amortecedor de transmissão, que reduziu os trancos que a picape dava especialmente em acelerações mais bruscas e nas reduções de marcha. Com isso manteve o ímpeto da picape, mas conseguiu melhorar o conforto para os ocupantes.

O sistema de suspensão é feito para ser bruto, é preciso dizer. Mas com o uso cada vez mais urbanos e para lazer desses veículos, as marcas conseguiram encontrar um compromisso entre melhor desempenho no asfalto e mais conforto, sem abdicar da capacidade de encarar, um lamaçal, por exemplo.

Nas curvas, a S10 apesar do tamanho e do centro de gravidade elevado, consegue se manter "no trilho" e com a carroceria bastante estável. No asfalto ela é bem confortável, apesar de "pular" um pouco o eixo traseiro quando pega ressaltos ou piso ruim.

O sistema de tração 4x4 pode ser usado em piso de baixa aderência, além de ter o 4x4 reduzida, que oferece mais força. O sistema de ativação é simples e intuitivo por meio de um seletor no console central.

O consumo declarado da picape é de 8,7 km/l na cidade e 10,6 km/l na estrada. No uso urbano o consumo realmente não foge muito disso, mas em rodovia é possível fazer 12 km/l, dependendo bastante do pé do condutor.

Equipamentos

O pacote oferecido pela S10 High Country é bastante completo. O modelo tem Android Auto e Apple CarPlay com conexão sem fio, como os demais modelos da Chevrolet. Traz também a conectividade 4G com Wi-Fi integrado no carro, além do sistema OnStar que permite rastrear o veículo e ter serviços de concierge.

Há ar-condicionado digital e automático, mas com apenas uma zona sensor individual de pressão nos pneus, sensor de estacionamento traseiro, câmera de ré, ajuste elétrico do banco do motorista, sistema Isofix de fixação de cadeirinhas e mola que reduz o esforço para abrir ou fechar a tampa da caçamba.

Itens que fazem falta em um modelo que belisca os R$ 260 mil são a chave presencial com partida por botão, travamento sem uso da chave das portas e faróis Full-LEDs. Rivais como Toyota Hilux e Ford Ranger estão mais avançadas em itens de comodidades.

O sistema de controle de velocidade de cruzeiro (piloto automático) ainda é do tipo convencional, sem a tecnologia do adaptativo, que permite ao carro frear e acelerar sozinho novamente conforte pré-ajustado.

Manutenção e segurança

Em termos de segurança, a S10 traz seis airbags, controles de tração e estabilidade, assistente de partida em rampa e de descida com velocidade controlada.

O modelo tem ainda, em termos de segurança passiva e ativa, a frenagem autônoma de emergência com alerta sonoro e visual e leitor de faixa de rodagem com alerta sonoro e tátil no volante.

As revisões da S10 são a cada 10 mil km - entre a primeira e a de 60 mil km, o proprietário irá desembolsar R$ 6.600. O valor pode ser alto em termos absolutos, mas é irrisório se considerado o preço total da picape.

Mercado

Bem equipada, a S10 passou pelos últimos anos com inovações e melhorias que mantiveram a picape competitiva. O modelo, apesar de deixar a desejar em pequenos mimos e comodidades, especialmente no modelo de topo, consegue agradar bastante.

A rival mais tecnológica é a Ford Ranger, que há alguns anos traz tecnologias presentes só agora na S10. A Toyota Hilux, amada por sua fama de inquebrável, faz jus e continua se apoiando nisso, mas começou a se aproximar das rivais em termos de comodidades.