A Chevrolet entrou na linha 2022 do Cruze Sport6 com uma mudança forte. A marca enxugou a gama e o único hatch médio (exceto de marcas premium) do mercado passa a ser oferecido em versão única, a RS.

O nome, que tem apelo visual esportivo, já existia nos EUA no Cruze hatch desde 2019. Agora, com o único ponto de produção da família Cruze sendo aqui na América Latina, ela também desembarcou no Brasil.

Com isso, as versões LTZ e Premium saem de linha para darem espaço apenas ao Cruze RS, que segue a mesma proposta que havia sido feita no Onix RS: esportividade no visual, mas sem mexer no conjunto mecânico.

Por R$ 154.500, o Cruze RS dá uma jovialidade ao conjunto que é bem completo, mas também não consegue esconder os anos que o projeto tem nas costas.

DESIGN E ESPAÇO INTERNO

O Cruze hatch "nacional" que é feito na Argentina já havia, desde o início, incorporado o mesmo para-choque diferenciado usado no Cruze RS nos Estados Unidos, principal mudança dessa versão.

O que novidade nesse para-choque seriam os faróis auxiliares e a área da moldura ao redor deles. Como eles já estavam aí, as mudanças ficaram por conta do acabamento escurecido nas grades, o logo RS em vermelha e a gravata da GM em preta, cor usada também no aerofólio na tampa do porta-malas e no teto. As rodas mantiveram o desenho, mas agora com acabamento diamantado.

A esportividade que o Cruze Sport6 já tinha foi realçada com essas mudanças sutis. O carro ganhou uma pegada mais invocada para quem olha de fora. Especialmente quando combinada as cores da carroceria como o branco ou o vermelho. Há também um tom de cinza e, para quem quiser algo mais discreto, a cor preta, que deixa o carro monocromático.

Por dentro, o carro manteve o que já conhecíamos. Isso representa espaço para quatro adultos, mas especialmente um bom acabamento com couro no revestindo bancos, painel e o volante.

A posição de guiar mais próxima do assoalho agrada a quem curte uma pegada mais esportiva e que combina com o ajuste do carro. A ergonomia é exemplar e agrada ao motorista.

Como outros hatches, o Sport6 RS sofre com a falta de porta-malas. A GM, bastante honesta, divulga três dados de capacidade: 290 litros com o compartimento fechado, 300 l até a altura dos bancos ou 380 l até o teto. A última pode gerar uma multa se a fiscalização assim entender, já que encobre a visão do motorista.

CONSUMO E DESEMPENHO

Sob o capô, o Cruze RS não traz novidades, mas também não há o que reclamar. Apesar de não ser novo, o motor 1.4 turboflex é um bom conjunto. Ele desenvolve até 153 cv a 5.200 rpm e 24,5 mkgf a 2.000 rpm com etanol.

Esse motor, como todos os demais da GM, passou por novas calibrações para atender ao Proconve L7, mas sem perder potência ou torque. Ele vem associado a um câmbio automático de seis velocidades com opção de trocas pela alavanca apenas, mas que tem um bom escalonamento de marchas - isso significa que tem um bom casamento entre motor e câmbio.

No dia a dia, o motor rende bem, especialmente em retomadas e ultrapassagens na estrada, mas faz falta a opção de trocas por borboletas atrás do volante, o que deixaria o hatch com uma sensação de pegada mais esportiva.

O consumo declarado é de 7,6 km/l e 11,1 km/l com etanol e 9,4 km/l e 13,5 km/l com gasolina, na cidade e estrada respectivamente. São números bons para empurrar os 1.336 kg do Cruze RS.

A suspensão tem uma calibragem diferente segundo a GM, mais adaptada às dimensões e a esportividade que esperadas do hatch. O acerto é bom, mantém o carro firme nas curvas, mas sem maltratar demais os ocupantes em piso ruim, ainda que esteja mais focada na firmeza.

A direção tem uma resposta direta e bem esperta quando se quer usar mais da esportividade que o conjunto todo do Cruze RS proporciona.

EQUIPAMENTOS

Apesar de bem completo, o Cruze RS deixa claro aqui o peso dos anos do seu projeto. A lista de equipamentos tem muitas coisas, mas não há o que hoje se tornaram padrões ou opcionais presentes em todos os produto na casa dos R$ 150 mil, como ele.

De série ele tem chave presencial com partida por botão, a central multimídia MyLink com integração a Android Auto e Apple CarPlay, volante multifuncional, trio elétrico, ar-condicionado automático, câmera de ré, volante com ajuste de altura e distância.

Conta também com sensores de estacionamento na frente e trás, além de sensores de luminosidade e de chuva. Por outro lado, não tem faróis de LEDs, mas sim halógenos convencionais, bem como o teto solar não é panorâmico, o que virou um padrão da indústria por ser mais útil e oferecer mais luminosidade.

O painel de instrumentos é bem completo, mas analógico e fora do que se tornou o padrão em carros mais caros - que usam o modelo virtual, que permite mais configurações e personalizações.

O lado bom da plataforma usada pela GM é que foi uma das primeiras a introduzir a possibilidade de sistema de concierge com o OnStar e de Wi-Fi 4G integrado dentro do carro.

MANUTENÇÃO E SEGURANÇA

Em termos de segurança ele está bem posicionado, trazendo controles de tração e estabilidade, fixação Isofix para cadeirinhas de crianças e seis airbags de série.

Na outra esteira, não tem o pacote ADAS, de segurança ativa e passiva, que pode incluir frenagem autônoma de emergência com alerta de colisão. Ainda não conta com leitor de faixa de correção no volante e alerta de tráfego cruzado, assim como farol alto automático.

O pacote de manutenção com preço fechado do Cruze Sport6 RS custa um total de R$ 4.380. Da primeira a sexta revisão, cada uma a cada 10 mil km, os valores são de R$ 464, R$ 884, R$ 624, R$ 900, R$ 624 e R$ 884, respectivamente.

MERCADO

O Cruze Sport6 vive um momento solitário para quem já brigou com Ford Focus, Volkswagen Golf e Hyundai i30 ao mesmo tempo. O mercado de hatches médios ficou restrito a modelos de marcas de luxo e ele é a única opção disponível para quem ainda vê prazer nesse tipo de carro.

A GM nega que o fim do Cruze esteja próximo, mas vale lembrar que ele e o sedã só são produzidos na Argentina para atender a América Latina, enquanto saíram de linha em todo o resto do mundo.

Infelizmente o preço deles bate exatamente com os de SUVs compactos mais completos - e que se tornaram o desejo tanto dos solteiros, que antes compravam hatches, quanto das famílias sem filhos.