Cronos HGT: avaliamos o sedã "fantasiado" que passa longe de ser esportivo
Resumo da notícia
- Versão chega a custar R$ 87 mil, e encosta no preço de sedãs e SUVs compactos
- Versão HGT aposenta câmbio manual com motor 1.8 eTorQ na linha
- Mudanças se restringem às rodas de 17?, aerofólio e detalhes em preto brilhante
Sabe quando você vai ao restaurante e o seu pedido vem errado? É natural mandar voltar e trazerem o certo. Ou, se for um errinho bobo, você até aceita o prato. É mais ou menos o caso do que a Fiat bolou com o Cronos HGT. Enquanto o SUV (chamado de projeto 363) feito sobre a plataforma do Argo não fica pronto, a marca vai se virando para entender clientes e atender alguns dos seus pedidos.
Contudo, é difícil imaginar que, durante uma clínica com clientes, alguém foi chamado a contar seus anseios e respondeu: "acho que uma esportividade cairia bem para ele".
Mas, na verdade, essa resposta não existiu. O Cronos HGT foi desenvolvido com as cartas que já estavam na manga, egressas do Argo HGT, e para justificar sem explicações mais profundas o fim da linha para o câmbio manual na linha com motor 1.8. Deu a impressão de "perde aqui, ganha ali".
Quase ninguém notou, apesar da incongruência histórica de um carro com apelo esportivo abdicar da transmissão com engates manuais. Sim, ele usa o mesmo motor 1.8 eTorQ, com duplo comando de válvulas e câmbio Aisin, automático, de 6 marchas, conjunto visto também em Argo, picape Toro e Jeep Renegade.
Baseado na versão Precision, de R$ 75.490, ele cobra R$ 3.000 a mais por oferecer peças dos para-choques pintadas de preto brilhante, um novo aerofólio, retrovisores e as rodas de 17", que são de série e ganharam a mesma cor para diferenciá-lo. Contudo, isso é pouco para o sedã feito na Argentina.
Lançado em agosto do ano passado, ele nasceu mirando a futura linha GTS da Volkswagen, que chegou ao Virtus em fevereiro. Mas não acertou em ninguém. Além disso, é estranho a marca criar mais uma versão de um carro que é mais caro para produzir, em virtude da crise econômica no país vizinho.
Ainda assim, vale a pena entender onde a marca quer chegar com ele. O Cronos HGT tem tudo para ser preterido tanto para os que procuram sedãs maiores, na faixa dos R$ 90 mil, quanto por quem está inclinado entre ele e um SUV. Nessa tempestade imperfeita, é notório que a intenção é fincar o pé em algo que, por ora, ninguém sequer pisou.
Fiat Cronos HGT
Pontos Positivos
- Desenho
- Porta-malas
Pontos Negativos
- Consumo
- Preço
Veredito
Bem desenhado, com farta lista de equipamentos de série e um dos maiores porta-malas entre os compactos, o Cronos tinha tudo para ser uma referência. Ele, porém, peca demais onde a concorrência se destaca, especialmente nas tecnologias de eficiência. A versão HGT não pode habitar o rol dos esportivos pois difere minimamente da versão sem fantasia. Dentre todos os Fiat que esperam pela nova linha de motores Fire-Fly turbo, o Cronos é o que mais precisa dessa injeção de ânimo.
Que o desenho do Cronos agrada, não é novidade para ninguém. Dianteira bem desenhada, traseira alta e curta e uma lateral bem vincada casaram bem no porte compacto. Ainda mais como, no caso, equipado com rodas de 17". A versão esportiva foi trazida à baila após a Fiat usar o Salão do Automóvel de 2018 como clínica, com o Cronos Sport apresentado por lá.
Em tempo: daquele carro exposto em em 2018, ele só não trouxe os spoilers laterais com detalhes na cor do carro. O teto pintado de preto, um opcional de R$ 900 é egresso desse conceito. Ainda que, em off, a marca negue, precisava de uma resposta minimamente positiva do público para lançar a versão HGT, que nasceu junto com o Argo, sem cerimônias.
Por dentro, o acabamento é um dos mais convincentes entre os compactos. A Fiat faz uso de muitos plásticos, sim, mas eles têm montagem próxima do impecável para a categoria, texturas e desenhos agradáveis. Nas portas há um bom tecido semelhante ao dos bancos, que mesmo sem couro surpreendem pela qualidade do material e boa ergonomia.
No painel ele traz, também de série o mostrador digital colorido de 7", um dos mais bem resolvidos entre os rivais. Só perde para os conjuntos digitais da família Polo e Virtus Highline.
Seu teto interno forrado com tecido preto amplia a sensação de esportividade - tática usada pelos alemães para separar suas versões esportivas das civis, que pegou por aqui -, assim como o volante de boa empunhadura, base levemente achatada e forração com couro e, claro, paddle-shifters atrás do volante, compensando o despautério de um versão esportiva não ter câmbio manual.
Lá atrás o espaço não é, assim, tão amigo de uma família. Três adultos têm de estar muito íntimos para conviverem ali sem briga, e em época de Covid-19 é melhor mesmo que você não tente tanta aproximação. Talvez o tamanho do porta-malas, com 525 litros tenha roubado um pouco do espaço para as pernas dos passageiros. O encosto do banco traseiro, com um pouco menos de inclinação ajudaria bem.
Outra dicotomia que se vive à bordo do Cronos HGT é sua letargia. Ainda que a Fiat divulgue um tempo de 0 a 100 km/h na casa dos 10 segundos, ao vivo não parece que ele seja capaz disso. O motor 1.8 16V da longeva família EtorQ entrega bons 139 cv e 19,3 mkgf de força, mas tal torque só surgem a 3.750 rpm o que lhe confere um arranque letárgico, sobretudo para puxar 1.271 kg de peso.
Para você ter uma ideia, o Volkswagen Virtus Highline, com motor 1.0 turbo, oferece 20,4 mkgf a apenas 2.000 rpm, pesa 1.192 kg e também promete aceleração de 0 a 100 km/h nos mesmos 9,9s prometidos pela Fiat. Fica mais fácil confiar no VW.
Em 2021 a Fiat promete uma nova família de motores, os Fire Fly turbo. O Cronos deve receber, em suas versões mais caras, um propulsor tricilíndrico, capaz de gerar (extra-oficialmente) 130 cv e 21 mkgf de torque, algo que o colocaria mais próximo da alcunha de "esportivo" ainda assim sem ser.
A direção elétrica tem diâmetro de giro razoável e leveza para manobras a baixas velocidades. Nem parece que está calçado com rodas de pneus de 17", sua progressividade também agrada quando se ganha velocidade, mas ainda está longe de ser percebido como algo que privilegia a dinâmica.
A suspensão também destoa da proposta. Tem contrato firmado com o conforto, sem se afastar um milímetro sequer. Aderna mais que o necessário em curvas fechadas e não garante nem uma fagulha de esportividade para quem procura isso. É a prova cabal de que a estética venceu a dinâmica.
Partindo de R$ 78.490, ele pode chegar a R$ 86.790 com bancos de couro, airbags laterais, câmera de ré e o pacote Tech II, que inclui chave presencial, partida por botão, sensor de chuva, acendimento automático dos faróis e retrovisores com rebatimento elétrico.
Assim fica mais caro do que qualquer versão de HB20S, Onix Plus, Ford Ka Sedan, Renault Logan e Toyota Etios. Por isso que, mesmo tendo sido lançado em agosto, certamente, você não viu nenhum nas ruas...
Motorização
1.8, 16V, 4 cilindros em linha
Combustível
Etanol / Gasolina
Potência (cv)
139 / 135
Torque (kgf.m)
19,3 / 18,8
Aceleração de 0 a 100 (segundos) (km/h)
9,9
Velocidade máxima (km/h)
196
Consumo cidade (km/l)
6,7 / 9,8
Consumo estrada (km/l)
9,3 / 13,2
Câmbio
Automático, 6 marchas
Tração
Dianteira
Direção
Elétrica
Suspensão Dianteira
Independente, McPherson
Suspensão Traseira
Eixo de torção
Freios Dianteiros
Discos sólidos
Freios Traseiros
Tambor
Pneus
205/45 R17
Rodas
17 polegadas
Altura (mm)
1516
Comprimento (mm)
4364
Entre-eixos (mm)
2521
Largura (mm)
1726
Ocupantes
5
Peso (kg)
1271
Porta-malas (L)
525
Tanque (L)
48
10.000 km
R$ 352
20.000 km
R$ 612
30.000 km
R$ 536
40.000 km
R$ 812
50.000 km
R$ 556
60.000 km
R$ 1.280
Seguro
R$ 2.987
Garantia
3 anos
Airbags Motorista
Controle de Estabilidade
Controle de Tração
Freios ABS
Distribuição Eletrônica de Frenagem
Ar-Condicionado
Travas Elétricas
Ar Quente
Volante com Regulagem de Altura
Vidros Elétricos Dianteiros
Vidros Elétricos Traseiros
Central Multimídia
Rádio FM/AM
Entrada USB
Entrada Auxiliar
Banco do motorista com ajuste de altura
Desembaçador Traseiro
Computador de Bordo
Faróis de neblina
Sensor de pressão dos pneus
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