G 63 AMG: como é acelerar o SUV de quase R$ 2 milhões amado pelos sheiks
Guilherme Menezes
Do UOL, em São Paulo
06/07/2023 04h00
Prestes a completar 45 anos de existência, o utilitário mais insano e exclusivo da Mercedes-Benz está de volta ao Brasil. Pudemos testar o modelo que parte de R$ 1.869.900, mas que pelo fato da possibilidade de haver espera até a chegada do pedido ao Brasil, conta com unidades a pronta entrega por até R$ 2,8 milhões nos classificados - claro, aplicando maiores lucros em cima. O que faz o G 63 ser tão cobiçado assim?
O modelo foi originalmente lançado em 1979, com produção na Áustria, e acaba de chegar a 500 mil unidades produzidas. A princípio, era um carro para uso militar. Hoje, no entanto, continua com as mesmas qualidades do surgimento, mas adiciona tudo o que há de mais luxuoso e esportivo dentro da linha AMG. Por isso ficou famoso, por exemplo, entre os sheiks que gostam de usar o bólido em locais fora de estrada.
Fora isso, uma série de versões especiais do modelo já foram criadas. Talvez a mais icônica seja a que vem com seis rodas (todas que tracionam) - chamado de G 63 6x6. Nessa configuração, poderia praticamente subir paredes, deixando para trás qualquer terreno de travessia quase impossível. Ainda que o modelo dos nossos testes não seja tão inusitado, não deixa de ser, simplesmente, o mais exótico de sua categoria.
Como tudo isso se sai no dia a dia das cidades? Colocamos o G 63 para provar o quão capaz é de atender as necessidades mais comuns - mas, claro, também pudemos sair um pouco do habitat do paulistano para pegar uma estrada. Só não tivemos oportunidade (e coragem) de "chafurdar" o grandalhão na lama. O que achamos desse SUV tão exótico?
Mercedes-Benz G 63 AMG
Preço
R$ 1.869.9003,0
5,0
5,0
5,0
4,0
4,0
5,0
Pontos Positivos
- Une perfeitamente atributos que são de mundos opostos
- Desempenho, robustez, experiência ao volante e diversão
- Luxo, equipamentos e espaço interno
Pontos Negativos
- Consumo
- Pelo tamanho, não é o mais prático nas cidades
- Saídas laterais podem queimar as pernas de quem desembarca atrás
Veredito
O Mercedes-Benz G 63 AMG é um dos carros mais diferenciados que se pode ter. Ao mesmo tempo que tem tudo o que precisa para encarar o batente (como um bom utilitário militar), tem itens luxuosos e de altíssimo desempenho. Não peca em nada na hora de unir todos esses aspectos - que, diga-se de passagem, são tão opostos entre si. Por desafiar tanto a lógica, é extremamente atemporal e até uma verdadeira joia colecionável. Para um supercarro, certamente está entre os melhores para uso diário (ainda que não ofereça absolutamente todos os atributos dentro do quesito da praticidade).
Design
Embora tenha trocado de geração em 2018, a linguagem visual se mantém quase inalterada desde os anos 70. Portanto, estão presentes a silhueta quadrada, o capô marcante, as rústicas dobradiças externas das portas, faróis redondos, luzes das setas ressaltadas na parte de cima do capô, a roda reserva na porta traseira com uma cobertura de aço inoxidável e a tradicional estrela tridimensional da Mercedes-Benz.
Os arcos das rodas dianteiras e traseiras alargados criam espaço para as rodas ainda mais parrudas. Apesar disso, o SUV usa de série as que tem "só" 22 polegadas. A possibilidade de customização também é enorme, uma vez que o cliente pode escolher entre 40 cores disponíveis e 25 opções de revestimentos internos.
O que faz a nossa unidade testada ser tão única é, principalmente, a escolha da cor 'green hell magno', que é um verde fosco mas com base ligeiramente acetinada. Um espetáculo! O interior, por sua vez, ostenta o mesmo charme, mas mostra, principalmente, onde fica a maior parte da modernidade.
Apesar de preservar o típico reloginho de centro analógico (feito por ninguém menos do que a renomadíssima IWC), exibe duas grandes telas, iluminação ambiente que pode variar a cor, materiais de aço escovado, black piano, fibra de carbono, couro de luxo, entre outros. Tem mais refinamento do que qualquer outro utilitário que pode ser considerado "raiz".
Vida a bordo
Quando falamos de um carro de luxo, não há nada de bom que não possa melhorar.
Além dos bancos abraçarem muito bem os seus ocupantes (inclusive com função de compensação lateral com bolsas de ar durante as curvas), tem até massagem para os dois que vão na frente. São mais de 5 modos, que podem variar entre pedras quentes, massagem energética, relaxante, entre outras.
Onde quer que seja, há pouquíssimas superfícies plásticas no interior (nem mesmo as alças de teto, envolvidas por couro, exibem o material). Além disso, quem vai atrás tem excelente espaço para as pernas e para a acomodação de outros que vão sentados ao lado.
Como se não bastasse, se torna muito prático para viajar, com seus 454 litros de capacidade do porta-malas (cujo formato, por sua vez, permite a acomodação de objetos de qualquer forma).
A experiência fica ainda mais envolvente por conta do seu sistema de som premium da Burmester, com 15 alto-falantes e 590 watts. Trata-se de uma das marcas mais renomadas do mundo.
O único porém é que, como as saídas de escape são laterais (falaremos mais sobre isso adiante), os ocupantes de trás têm que tomar muito cuidado, especialmente ao desembarcar (caso não queiram que as pernas tostem como um frango frito).
Ao volante
Claro que podemos sentir que estamos a bordo de um utilitário raiz. Ao passar em buracos e lombadas, retorna bastante (e com firmeza) a sensação aos ocupantes. Ainda assim, por conta da excelente compensação do sistema de suspensão adaptativo, não chega a ser desconfortável.
Segundo a Mercedes. a base para as enormes capacidades off-road do G 63 é fornecida por uma estrutura tipo "escada rígida à torção", de aço de alta resistência e um corpo montado sobre construção composta. Este tipo de estrutura é consideravelmente mais robusto e adequado para operações off-road do que um chassi monobloco.
A ergonomia é outro ponto alto e que o diferencia da esmagadora maioria dos utilitários. Tudo fica na distância e no ângulo ideal em relação ao motorista: volante, pedais, console, entre outras partes.
Ainda assim, desafia as leis da física ao fazer curvas totalmente pregado no chão, com a excelente previsibilidade de qualquer outro AMG. Basicamente, o que o grandalhão desempenha não era nem para ele ter condições de conseguir fazer.
O amortecimento e o estilo de condução (que pode favorecer mais ao desempenho ou ao conforto) pode ser selecionado através de uma rodinha no volante, com as programações "Comfort", "Sport" e "Sport+".
Normalmente, a tração é disposta em 60% traseira e 40% dianteira, ideal para equilibrar a entrega de movimento às rodas, em função da aderência e da gestão dos seus 2595 kg, 4873 mm de comprimento, 1966 mm de altura, 1984 mm de largura e 2890 mm de distância entre-eixos.
Mas nem mesmo o modo mais agressivo de condução é capaz de impedir o fenômeno de empinar a dianteira. O ponto é que nem isso é capaz de tirar a precisão, servindo apenas para "temperar" com ainda mais diversão a bordo.
Mas nada supera as duas saídas duplas nas laterais, que além de respeitarem o posicionamento das bancadas de cilindros, promovem uma verdadeira imersão de todos (inclusive de quem está do lado de fora) ao magnífico universo da motorização V8 - cada vez mais escasso nos dias atuais.
Além do ronco grave projetado diretamente para os ouvidos dos ocupantes, mistura o tom grave e borbulhante com um sopro forte e ardido durante as acelerações. Isso fora os "tiros" que saem pelos escapamentos em mudanças de marcha - que podem ser colocadas em modo manual para trocas nas borboletas, sem qualquer intervenção do sistema.
Se quiser menos "rock", a abertura das ponteiras de escape podem ser ajustadas em dois estágios, por um botão no console central ou de acordo com o modo de direção selecionado.
Mesmo nas estradas, o isolamento acústico se mostrou impecável. Eu achei que, pelo seu visual quadrado e pelo posicionamento chapado do para-brisa, viesse a apresentar alguns ruídos de vento, mas isso não chegou perto de ser o caso. O único ponto é que não é tão prático para as cidades quanto os SUVs. Você sente que ele ocupa espaço considerável nas faixas mais estreitas.
No caso de quem for corajoso de botar essa joia na lama, há configurações dos diferenciais na parte do meio do painel. Com os botões, pode mexer na parte dos blocantes, na otimização eletrônica para a entrega da tração, engrenar a reduzida, entre outros detalhes. Aliás, o sistema de refrigeração do bólido foi otimizado para que, mesmo nas baixas velocidades do off-road, não superaqueça.
Desempenho e economia
O "monstro verde" combina o motor V8 4.0 biturbo de 585 cv e 86,4 kgfm ao câmbio de dupla embreagem com 9 marchas. Com isso, acelera até 100 km/h em meros 4,5 segundos. Isso é o mesmo patamar de muitas Ferraris e Lamborghinis dos anos 2000 (que não oferecem uma fração de toda a robustez e dos desafios às leis da física que temos no G 63). A velocidade final é limitada a "modestos" 240 km/h.
Só o consumo que não é exatamente primoroso (mas não acho que costuma ser ponto de preocupação para o público-alvo desse carro). Com o pé leve como pluma no pedal de acelerador, pode fazer até 5,5 km/l na cidade e 6,8 km/l nas estradas. Durante acelerações mais fortes, notamos que o computador de bordo refez os cálculos para jogar as médias em patamares ainda mais baixos. Deve criar até redemoinho no tanque de combustível...
Equipamentos e segurança
Além de contar com airbags nos quatro cantos do carro e dispor de uma série de controles eletrônicos que dão assistência ao condutor, conta, ainda, com controle de cruzeiro adaptativo, assistente de permanência em faixa, entre outros sistemas semi-autônomos de condução.
Em suas duas telas de 12,3 polegadas, dispostas lado a lado, pode ser configurado tanto o display para informações de bordo, quanto funções de exibição de desempenho. No caso, tudo isso fica disposto no cluster. Na multimídia, por sua vez, podemos acessar tabelas de consumo, funções para o off-road, para o conforto dos ocupantes, configurar o ambiente, entre outros.
O único ponto é que nada é touchscreen, mas sim manipulado pelo manete central ou pelos botões e sensores no volante. A princípio, pode causar um pouco de confusão, mas depois de pouco tempo fica fácil de se ambientar para o uso.
Entre outros recursos, vem com ar condicionado digital de três zonas, iluminação ambiente com 64 cores, câmeras 360º, teto solar, acesso por chave presencial e partida por botão, Apple Car Play e Android Auto, pré-tensionador dos cintos de segurança e mais.
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Motorização
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4.0 V8 biturbo
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Combustível
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Gasolina
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Potência (cv)
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585
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Torque (kgf.m)
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86,4
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Aceleração de 0 a 100 (segundos) (km/h)
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4,5
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Velocidade máxima (km/h)
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240
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Consumo cidade (km/l)
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5,5
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Consumo estrada (km/l)
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6,8
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Câmbio
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Automático de 9 marchas e dupla embreagem
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Tração
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Integral e 4x4 com reduzida
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Direção
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Elétrica
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Suspensão Dianteira
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Independente com duplo braço triangular e amortecimento adaptável.
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Suspensão Traseira
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Eixo rígido com cinco links
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Freios Dianteiros
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Discos perfurados
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Freios Traseiros
-
Discos perfurados
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Pneus
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295/40
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Rodas
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22 polegadas
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Altura (mm)
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1966
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Comprimento (mm)
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4873
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Entre-eixos (mm)
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2890
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Largura (mm)
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1984
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Ocupantes
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5
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Peso (kg)
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2595
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Porta-malas (L)
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454
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Tanque (L)
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100
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Airbags Motorista
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Airbags Passageiro
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Airbags Laterais
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Airbags do tipo Cortina
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Airbags para joelho do motorista
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Controle de Estabilidade
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Controle de Tração
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Freios ABS
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Distribuição Eletrônica de Frenagem
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Ar-Condicionado
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Travas Elétricas
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Ar Quente
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Piloto Automático
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Volante com Regulagem de Altura
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Vidros Elétricos Dianteiros
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Vidros Elétricos Traseiros
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Central Multimídia
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Rádio FM/AM
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Entrada USB
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Banco de Couro
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Banco do motorista com ajuste de altura
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Bancos com ajustes elétricos
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Desembaçador Traseiro
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Teto Solar
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Computador de Bordo
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Acendimento automático dos faróis
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Faróis de neblina
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Frenagem autônoma de emergência
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Alerta de permanência em faixa
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Sensor de pressão dos pneus
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Sensor de pontos cegos
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Alerta de colisão
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Faróis com regulagem de altura
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Bloqueio do diferencial
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