Quando foi lançada em agosto do ano passado, a atual geração do Hyundai Creta rendeu mais comentários pelo visual fora do padrão do que pelas evoluções tecnológicas e de conteúdo do SUV compacto.

Quase um ano depois, ele está consolidado entre os utilitários esportivos mais vendidos do Brasil, atrás apenas de Volkswagen T-Cross e Jeep Compass - provando que o desenho muito mais ousado, na comparação com seu antecessor, agradou os consumidores.

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Dentre as quatro configurações disponíveis do novo Creta, a Limited, segunda mais barata da gama, é a que mais vende: com preço sugerido de R$ 130.090, teve 5.999 unidades emplacadas de janeiro a abril ou 41,4% das vendas totais do modelo no período.

UOL Carros rodou com o Creta Limited durante cerca de uma semana para saber por que é a versão do utilitário esportivo preferida pelos brasileiros.

ESPAÇO INTERNO E EQUIPAMENTOS

A nova geração do Creta cresceu em todas as dimensões e hoje é um dos SUVs compactos mais espaçosos à venda no País.

Medindo 1,79 m de largura e 2,61 m de distância entre-eixos, oferece conforto para os ocupantes do banco traseiro. Por conta do túnel central relativamente baixo, três pessoas de estatura média viajam sem aperto na segunda fileira de assentos.

Ainda em relação ao espaço interno, o destaque fica com o porta-malas, cuja capacidade de 422 litros está entre as maiores da categoria.

Quanto aos itens de série, a versão Limited é bem equipada e traz itens bastante valorizados pelo consumidor - muitos dos quais estão presentes apenas nas configurações mais caras da concorrência.

Para citar apenas alguns exemplos, o segundo novo Creta mais em conta traz rodas diamantadas de 17 polegadas, retrovisores externos com rebatimento elétrico, chave presencial com partida por botão, ar-condicionado automático com saída para o banco de trás, acendimento automático dos faróis e carregador sem fio de celulares.

Além disso, sai da fábrica em Piracicaba (SP) com sensores traseiros de estacionamento e a boa central multimídia de oito polegadas, que emparelha smartphones via Android Auto e Apple Car Play sem a necessidade de fios e conta com uma interface ágil e fácil de operar.

DESEMPENHO E CONSUMO

Para quem está acostumado com o 1.6 aspirado de 130 cv do Creta antigo, o motor 1.0 turbo flex de três cilindros e 120 cv fez muito bem à atual geração.

Disponível nas configurações de entrada e intermediárias do novo Creta, a unidade sobrealimentada deu novo fôlego ao SUV compacto.

Mesmo com 10 cv a menos, o propulsor turbo proporciona muito mais agilidade nas acelerações e nas retomadas, graças ao torque de 17,5 kgfm disponível em sua totalidade a apenas 1.500 rpm.

A título de comparação, o motor de 1,6 litro rende até 16,5 kgfm a 4.500 rotações.

O câmbio automático de seis marchas gerencia bem a força disponível e conta com modo esportivo e, na configuração testada, traz aletas atrás do volante para trocas manuais.

É verdade que o motor 1.0 turbo tricilíndrico vibra mais do que o 1.6 de quatro cilindros, mas isso não chegou a me incomodar.

Quanto ao consumo, com pé leve, etanol no tanque, ar-condicionado ligado e rodando na cidade, obtive razoáveis 7 km/l - ainda distantes dos 8,3 km/l divulgados pela marca sul-coreana.

Entretanto, conforme números da própria Hyundai, o gasto de etanol na estrada fica longe do desejável: 8,7 km/l.

Com gasolina, as médias melhoram e sobem para 11,6 km/l em vias urbanas e 12 km/l no ciclo rodoviário. Rivais oferecem consumo menor.

Vale destacar que o veículo traz sistema start-stop, que desliga automaticamente o motor em paradas rápidas para poupar combustível.

Dinamicamente, o Creta agrada. Tem suspensão e direção muito bem calibradas, oferecendo uma condução precisa e até um tanto esportiva, se você pisar mais fundo no acelerador.

Ao mesmo tempo, filtra bem as imperfeições do piso e deve ficar ainda mais confortável com os pneus de 16 polegadas da versão de entrada Comfort (R$ 116.490).

DESIGN

Dizem que gosto não se discute e design é um aspecto subjetivo.

Tudo isso é verdade, como também é que o novo Creta não passa despercebido e foge da mesmice que vemos por aí em muitos utilitários esportivos.

A dianteira com o conjunto ótico dividido em três seções particularmente me agradou e passa a ideia de modernidade - convenhamos que a Fiat Toro segue caminho parecido e também é um sucesso de vendas.

Também curti a traseira com suas lanternas diferentonas e iluminadas por LEDs, cuja seção inferior lembra a letra "J".

Nas laterais, a moldura na cor cinza acetinada que percorre a parte superior da carroceria, logo acima das portas, e se alarga na coluna traseira dá um toque de sofisticação - o mais legal é que está disponível desde a versão Confort.

Por dentro, painel e revestimentos das portas ajudam a compor o estilo arrojado e contam com peças bem encaixadas e sem rebarbas - apesar do predomínio de plásticos duros, o que não foge do padrão na entre SUVs compactos não produzidos por marcas de luxo.

Os bancos de tecido são bastante confortáveis e bonitos, exibindo três padrões diferentes de forração, enquanto o volante e a alavanca de câmbio são revestidos de couro sintético e têm boa pegada.

SEGURANÇA

A nova geração do Creta é equipada em todas as versões com seis airbags, controles de tração e estabilidade com assistente de partida em rampas, Isofix, freios a disco nas quatro rodas e monitoramento da pressão dos pneus.

Também traz de série câmera de ré, limitador de velocidade e controle de velocidade de cruzeiro, itens que certamente contribuem para reduzir o risco de acidentes.

Além disso, a configuração avaliada tem o sistema Bluelink, que permite controlar uma série de funcionalidades por meio de um aplicativo no celular e agrega o rastreamento do veículo.

Entretanto, o pacote de assistências à condução Smart Sense não está disponível nem como opcional e equipa exclusivamente o Creta Ultimate, versão topo de linha que traz motor 2.0 flex aspirado de 167 cv e custa R$ 161.690.

Esse pacote agrega frenagem automática de emergência, controle de velocidade de cruzeiro adaptativo, câmera para monitoramento de ponto cego, assistente de manutenção de faixa e detector de fadiga.

Especialmente a frenagem automática seria bem-vinda em um automóvel com preço superior a R$ 130 mil, nem que fosse item opcional.

MERCADO

Considerando as vendas ante a concorrência, o Creta e seu visual polêmico é um protagonista do mercado de SUVs compactos e nada indica que perderá esse posto tão cedo.

Na versão Limited, vende mais por combinar preço com os equipamentos mais desejados pelos consumidores.

Com suas belas rodas de 17 polegadas, por fora é quase idêntico à configuração Platinum (R$ 144.950), que traz motor igual e, na minha opinião, não agrega itens tão interessantes pelo preço mais alto.

Ainda assim, o Creta Platinum, o mais completo com motor 1.0, também é o segundo mais vendido da gama, com 5.693 exemplares emplacados nos primeiros quatro meses de 2022.

Um dos poucos senões da configuração Limited (e isso vale para a Platinum) é a total ausência dos recursos avançados de assistência à condução, especialmente a frenagem de emergência.

Nunca é demais lembrar que o rival VW T-Cross oferece de série essa tecnologia, mais controle de velocidade de cruzeiro adaptativo, desde a versão 200 TSI - que sai por R$ 132.970, mas é muito menos equipada nos demais quesitos.

Por R$ 131.835, o Jeep Renegade Sport também conta com freios semiautônomos e alerta de mudança involuntária de faixa, além de contar com motor 1.3 turbo, muito mais potente.

Ainda assim, o Creta Limited é uma das melhores opções se você está de olho em um utilitário esportivo compacto moderno, seguro e estiloso.

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