A transição dos carros convencionais a combustão para modelos totalmente elétricos é uma questão de tempo e, em um futuro não muito distante, a grande maioria dos automóveis será movida a baterias.

No Brasil, automóveis que não gastam uma gota de combustível ainda estão longe do alcance de muitos consumidores. Contudo, cada vez mais opções têm surgido, com preços menos salgados.

Recém chegado ao nosso país, o Peugeot e-2008 GT é um exemplo dessa nova safra de carros com emissão zero.

Trata-se da versão elétrica da segunda geração do 2008, SUV compacto que aqui estacionou na primeira quando se trata de versões convencionais, a combustão.

Rodamos durante uma semana com a novidade da marca francesa e contamos a seguir suas virtudes e os seus defeitos, para você saber se vale ou não a pena levar o elétrico para a sua garagem.

Com preço sugerido de R$ 260 mil, o e-2008 ocupa a mesma faixa de SUVs médios convencionais a combustão, trazendo muitos equipamentos e itens tecnológicos.

Confira.

ESPAÇO INTERNO E EQUIPAMENTOS

Medindo 4,30 m de comprimento e 2,60 m de distância entre-eixos, o e-2008 tem as mesmas dimensões do modelo a combustão e, portanto, é um SUV compacto.

Quem vai na frente tem bastante conforto e os bancos dianteiros contribuem para isso, oferecendo bom suporte para as costas.

Têm até aquecimento, uma funcionalidade que não é muito usada em países tropicais como o Brasil.

Contudo, o espaço para os passageiros do assento traseiro está apenas dentro da média da categoria e dois viajam ali confortavelmente - se não forem muito altos.

Uma terceira pessoa já passa por algum aperto, sobretudo devido ao túnel central.

Já o porta-malas, com capacidade declarada de 434 litros, é mais espaçoso do que o de outros utilitários esportivos compactos, mas não chega a impressionar.

Por outro lado, a lista de itens de série é extensa e inclui faróis e lanternas de LED, teto solar panorâmico com abertura e fechamento elétricos, freio de estacionamento eletrônico (sem função auto hold, que mantém o carro freado em paradas rápidas), rodas de liga leve de 18 polegadas, painel de instrumentos digital, navegação GPS nativa, sensor de chave, acendimento automático dos faróis, sensor de chuva e som com seis alto-falantes.

Existem aspectos que poderiam melhorar: a multimídia com tela de dez polegadas não é das mais intuitivas e a conexão de smartphones via Apple CarPlay e Android Auto requer o uso de cabo - embora haja carregamento por indução no veículo.

Além disso, atrás do console central não há saídas do ar-condicionado para os passageiros traseiros, que contam com duas portas USB do tipo A para recarga de celulares e tablets.

Não existem opcionais.

DESEMPENHO E AUTONOMIA

Como todo o carro elétrico, o e-2008 GT se notabiliza pela totalidade de torque disponível logo na primeira rotação do motor.

No caso do SUV compacto da Peugeot, existe bastante torque à disposição: 26,5 kgfm.

Pesando 1,630 kg, dos quais 220 kg correspondem às baterias de 50 kWh, o e-2008 é bastante ágil e nem parece pesar tanto.

O volante pequeno contribui para essa agilidade - também ajuda o baixo centro de gravidade, já que as baterias vão instaladas no assoalho.

A aceleração de zero a 100 km/h acontece em 9,9 segundos, o que não chega a impressionar, mas é um número de respeito.

A potência de 136 cv é adequada para o uso rodoviário e contribuiu para a autonomia oficial de 345 km no ciclo WLTP - método de medição utilizado na Europa.

Vale lembrar que a totalidade da performance disponível é liberada somente com o modo Sport ativado - também existem os modos Normal e Eco, voltado para maior autonomia.

Além disso, existe o botão B no seletor de marcha, que "segura" mais o carro ao tirar o pé do acelerador - o que aumenta a vida útil do sistema de freios e permite rodar mais a cada recarga.

Não cheguei a rodar até esgotar as baterias, mas seguramente uma carga completa dá e sobra para uso urbano na grande maioria dos casos.

Utilizando carregador de 150 kW, o mais potente hoje disponível no Brasil, recarreguei o Peugeot de 20% a 80% em cerca de 40 minutos.

A Peugeot informa que esse tempo sobe para cerca de 25 horas em tomada doméstica, partindo de 0% e chegando a 80%.

Com planejamento, o que significa trajetos com carregadores mais potentes disponíveis dá para usar o carro tranquilamente em viagens mais curtas - embora a vocação do e-2008 e de outros elétricos seja mais urbana, justamente devido à escassez de pontos de recarga rápida.

DESIGN

Na minha opinião, os carros da Peugeot hoje têm no design uma grande virtude e dificilmente alguém dirá que são feios ou estranhos.

A versão elétrica do 2008 bebe na mesma fonte que o "irmão menor 208" - a cabine, bem acabada e com materiais macios ao toque na dianteira, é quase idêntica à do hatch, porém com acabamento um pouco melhor.

Dentro, chamam a atenção os detalhes com costura verde, o revestimento imitando fibra de carbono no painel e o cluster 100% digital com efeito 3D (as informações são exibidas em duas camadas diferentes) que exibe mapas do sistema de navegação nativo.

O revestimento dos bancos de material que parece ser couro sintético é de boa qualidade e agradável ao tato - o mesmo vale para o material utilizado nas portas e no volante.

Vale destacar que o SUV elétrico é importado da Espanha, enquanto o 208 a combustão vem da Argentina e traz acabamento mais simples.

Por fora, mais semelhanças com o hatch da Peugeot: faróis e lanternas de LED lembram bastante os itens presentes no compacto, com destaque para a grade frontal com detalhes na mesma cor da carroceria.

É um carro que chama a atenção por onde passa, até por ser novidade.

SEGURANÇA

O e-2008 GT brilha nesse quesito.

Ele é construído sobre a moderna plataforma e-CMP, variação para carros elétricos da base utilizada no 208, bem avaliada em testes de impacto.

Além disso, sai da fábrica com seis airbags, mais controles de tração e estabilidade com assistente de partida em rampa e vários recursos eletrônicos de prevenção a acidentes.

A extensa lista inclui sensores de estacionamento dianteiros e traseiros, câmera de ré, alerta de ponto cego na extremidade dos retrovisores externos e frenagem automática de emergência com alerta de colisão, controle de velocidade de cruzeiro adaptativo e alerta de saída involuntária da faixa com correção do volante.

O e-2008 também é equipado com reconhecimento de placas de limite de velocidade e farol alto com acionamento automático, de forma a não ofuscar o motorista que vem no sentido contrário.

MERCADO

O Peugeot e-2008 é mais uma opção de automóvel 100% elétrico no mercado brasileiro e oferece atributos suficientes para se considerar um veículo do tipo.

O preço sugerido de R$ 260 mil realmente não é baixo, mas está alinhado com o valor cobrado pelas versões turbodiesel de topo do Jeep Compass - e muito abaixo da versão híbrida do SUV médio da marca norte-americana, que chega a quase R$ 350 mil.

Além disso, a nova geração do 2008, que no Brasil é exclusivamente elétrica, representa um avanço considerável em relação ao modelo anterior, que continua à venda no Brasil.

A novidade da Peugeot movida totalmente a baterias traz autonomia razoável, design bonito e extensa lista de itens de série.

Como outros carros 100% elétricos, dispensa uma série de manutenções, como troca de óleo, sem falar que os freios são muito menos exigidos com a recuperação da energia das frenagens, que "segura" o veículo nas desacelerações.

Para completar, a Peugeot informa que as revisões periódicas estão incluídas no preço do carro até os 100 mil km rodados ou durante os cinco anos iniciais de uso - o que representa uma baita economia.

Nunca é demais lembrar que ainda é possível utilizar pontos de recarga rápida ou semirrápida sem gastar um centavo, o que também é um aspecto favorável à aquisição de carros a baterias.

Considerando as alternativas de carros elétricos hoje disponíveis no Brasil, o lançamento da Peugeot chega bastante competitivo pelo que oferece e recomendo a sua compra.

Resta saber por quanto tempo o preço de lançamento será mantido e se subirá muito nos próximos meses.

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