Peugeot 208 Roadtrip: caímos na estrada para ver se o hatch faz jus ao nome
Seja na cidade ou na estrada, o importante é usufruir da liberdade atrás do volante para traçar o próprio caminho. Muitos que ainda curtem carros nos dias atuais partilham dessa essência e, por meio dela, escolhem o próximo carro. Na busca de captar essa inspiração, a Peugeot criou o 208 Roadtrip (R$ 105.990). Na linha 2024, trata-se da versão de topo, que visa unir a aptidão natural do modelo como carro urbano a diferenciais na hora de viajar.
Entre eles, estão todos os equipamentos oferecidos dentro da gama e visual diferenciado que traz alguns toques de customização. Como o 208 é o líder de vendas da Peugeot, é o que mais carrega a dura tarefa de carregar a bandeira francesa (dentro do grupo Stellantis, pelo menos) para combater modelos como o Chevrolet Onix, VW Polo, Hyundai HB20 e o próprio Fiat Argo - que também integra o portfólio dentro do mesmo conglomerado.
Nos segmentos de maior volume no Brasil, não há perdão. Prova disso são os SUVs, cujas vendas não param de crescer ante os modelos mais baratos. Por mais "caminho sem volta" que essa realidade seja e apesar disso gerar uma tendência de escassez de opções para se fugir à regra, ainda há algumas marcas de personalidade irreverente que nos convidam a pensar diferente. É o caso da Peugeot com o 208. Mas será que isso é o bastante?
Com margens cada vez mais espremidas (tanto de preços, quanto de espaço nos showrooms), a marca francesa vive o drama de todas as fabricantes que persistem com os hatches no Brasil. Dessa forma, assim como as concorrentes, a Peugeot vem fazendo o que pode para manter o seu espaço. Mas o mais legal é ver como ela está entre as que abdicaram menos da ousadia. Será que o Peugeot 208 Roadtrip consegue sintetizar isso?
Vamos aos nossos testes, tanto em partes da cidade de São Paulo, quanto de estrada e até fora do pavimento - nas montanhas de Campos do Jordão (SP) - para descobrir.
Peugeot 208 Roadtrip 2024
Preço
R$ 105.990Pontos Positivos
- Design e personalidade
- Tem equipamentos "raros" dentro do segmento
- Conforto e precisão ao volante
Pontos Negativos
- É menos ágil em baixas velocidades do que motores 1.0 turbo
- Tende a consumir mais do que motores 1.0 turbo, principalmente na cidade
- Poderia ter 6 airbags
Veredito
O Peugeot 208 Roadtrip consegue fazer muito bem aquilo que, nele, é destaque ante seus rivais - em especial, no design e na dirigibilidade. Além disso, pelo preço cobrado, leva-se uma boa lista de equipamentos (alguns deles bem incomuns para o seu segmento, inclusive). Não é um carro beberrão (aliás, na estrada, até faz bons números), mas os motores 1.0 turbo da concorrência ainda conseguem render um pouco mais. A conclusão final é a de que, além de ser um bom carro urbano, também acaba honrando a aptidão "estradeira" que seu nome inspira.
Design
Na minha opinião, o Peugeot 208 é o mais bonito do segmento. Exibe curvas abauladas, vincos que conferem sensação de velocidade, grade dianteira com pontilhados cromados que geram efeito tridimensional e assinaturas de LED. No caso da versão testada, ainda traz emblemas metálicos nas colunas traseiras, pontos com grafismos descolados, tapetes customizados e costuras laranjas no interior.
Como se não bastasse, os conjuntos ópticos retangulares parecem até com "rasgos" feitos por unhas de algum felino de grande porte - e como as assinaturas dianteiras recebem o nome de 'dentes de sabre', "qualquer semelhança é mera coincidência".
Na parte de dentro, por sua vez, as linhas transmitem a mesma sensação de que o carro é um pequeno "jato militar", com bancos ligeiramente esportivos, linhas afiladas e diversas superfícies no painel, teto solar panorâmico, volante hexagonal de base achatada, entre outras características de inspiração esportiva.
A central multimídia é bem integrada com as saídas de ar do carro, posicionadas logo acima de um console com botões estilo "teclas de piano". Vemos, ainda, acabamento emborrachado com aparência que imita fibra de carbono, além de material sensível ao toque para os cotovelos e superfícies "black piano".
Vida a bordo
O espaço está em conformidade com o segmento. Na parte da frente, condutor e passageiro são bem divididos pelo console. Atrás, as costas dos bancos dianteiros ajudam com o espaço para as pernas, mas o espaço para os pés não é tão favorecido por causa do túnel central (pelo menos para quem vai no meio).
Os bancos também foram muito bons para evitar fadiga, mesmo após horas de viagem sem parar. Claro que, quando tratamos da fileira traseira, é difícil encontrar qualquer carro compacto que seja "mágico" o bastante para comportar três adultos com sobra de espaço.
Como para fazer uma 'Roadtrip' (ou 'viagem', em tradução literal) é preciso de espaço para as malas, também avaliamos a capacidade do 208 topo de linha na acomodação de bagagens para duas pessoas passarem o final de semana fora. Por mais que os seus 265 litros de capacidade não pareçam tão animadores, usamos apenas 2/3 do compartimento (sendo que mais objetos ainda poderiam ter sido empilhados nas áreas ocupadas).
Ergonomia e dirigibilidade
O seu volante com desenho hexagonal conta com regulagem de altura e profundidade. Junto da possibilidade de modular a altura do banco, é possível encontrar uma das melhores posições ao dirigir da categoria. Não são só esses fatores os mais determinantes para a boa ergonomia, como também o posicionamento com o qual as partes foram fixadas no interior (entre elas, a direção, os pedais, o trilho dos bancos, entre outros elementos).
Aliás, outros pontos que a marca praticamente "gabaritou" contribuem com a estabilidade e a precisão ao volante. São eles: estofamentos dos bancos, calibração de suspensão e rigidez estrutural muito bem equilíbrios na entrega de maciez e rigidez.
Ao mesmo tempo que o 208 Roadtrip é macio ao transpor terrenos irregulares, buracos, valetas e lombadas (tudo isso sem raspar o assoalho), é firme para bancar mudanças de direção mais rápidas e contornar curvas mais velozes com estabilidade e agilidade.
Além disso, em velocidades de cruzeiro mais elevadas (como nas estradas), é muito pouco suscetível a sair de uma trajetória linear, mesmo na hora de encarar rajadas de vento e solos com variações de aderência. Pouco pudemos perceber também invasão de ruídos externos à cabine.
Consumo e desempenho
O item que mais traz vantagens e desvantagens em relação à maior parte dos concorrentes turbo-alimentados é o seu motor 1.6 16v aspirado de até 118 cv e 15,2 kgfm. Isso porque, ao mesmo tempo que não tem a mesma agilidade dos motores equipados com turbocompressor nas arrancadas e retomadas em baixa velocidade, o 208 tem melhor fôlego em alto giro e em altas velocidades (por isso é bem satisfatório em ultrapassagens, por exemplo).
Seu câmbio automático de seis marchas da japonesa Aisin pode até titubear um pouco na hora de escolher as marchas em algumas subidas de ladeiras mais íngremes, mas é ágil na resposta, além de ser bem escalonado e de conseguir manter o motor em regimes mais eficientes - seja para consumo, ou para as acelerações (que, até 100 km/h, demora 12 segundos). Podem ser escolhidos três modos de resposta da transmissão: Eco, Normal e Sport.
Outro "toma lá dá cá" é que, ao mesmo tempo que tende a gastar mais combustível do que os motores turbo (com os da Hyundai, VW e Chevrolet, por exemplo) tanto em ciclo urbano (onde o 208 faz 7,7 km/l com etanol e 11,1 km/l com gasolina, pelo Inmetro) e rodoviário (9,1 km/l com etanol e 12,9 km/l com gasolina, pelo Inmetro), poucos concorrentes conseguem, hoje, manter os custos de manutenção em patamares similares aos do hatch da Peugeot (que se beneficia de uma boa escala de peças de reposição no mercado).
Equipamentos e segurança
O maior barato é o painel 3D. Com ele, é possível escolher entre quatro tipos de visualização. Enquanto alguns tipos favorecem a visualização de informações como giro de motor e velocidade, outras, por sua vez, exibem autonomia e consumo com maior destaque. As cores vivas do display também contribuem para dar mais "vida" ao interior.
Quanto à central multimídia de 10,3 polegadas com conectividade para Apple CarPlay e Android Auto, tem cores bem vivas, o que ajuda com a visibilidade. Além disso, é fácil de operar e o processador é uma evolução bem considerável em relação àquele das gerações anteriores da marca. E na hora de dar ré, a câmera de ré dispõe até de geração de imagem 180º com sensores integrados.
Entre outros itens, vem com teto solar panorâmico, luzes de condução diurna, quatro airbags, assistente de partida em rampas, chave tipo canivete, carregador de celular por indução, controles de tração e estabilidade, entre outros.
Motorização
1.6, 16V, 4 cilindros em linha, flex
Combustível
Etanol / Gasolina
Potência (cv)
118 cv / 115 cv a 5.750 rpm
Torque (kgf.m)
15,2 kgfm a 4.000 rpm
Aceleração de 0 a 100 (segundos) (km/h)
12
Velocidade máxima (km/h)
190
Consumo cidade (km/l)
7,7 km/l (etanol) / 11,1 km/l (gas.)
Consumo estrada (km/l)
9,1 km/l (etanol) / 12,9 km/l (gas.)
Câmbio
Automático de 6 marchas
Tração
Dianteira
Direção
Elétrica
Suspensão Dianteira
Independente, McPherson
Suspensão Traseira
Eixo de torção
Freios Dianteiros
Discos ventilados
Freios Traseiros
Tambor
Pneus
195/55 R16
Rodas
16 polegadas
Altura (mm)
1453 mm
Comprimento (mm)
4055 mm
Entre-eixos (mm)
2538 mm
Largura (mm)
1738 mm
Ocupantes
5
Peso (kg)
1.178 kg
Porta-malas (L)
265 l
Tanque (L)
47 l
Airbags Motorista
Airbags Passageiro
Airbags Laterais
Controle de Estabilidade
Controle de Tração
Freios ABS
Distribuição Eletrônica de Frenagem
Ar-Condicionado
Travas Elétricas
Ar Quente
Volante com Regulagem de Altura
Vidros Elétricos Dianteiros
Vidros Elétricos Traseiros
Central Multimídia
Rádio FM/AM
Entrada USB
Entrada Auxiliar
Banco de Couro
Banco do motorista com ajuste de altura
Desembaçador Traseiro
Teto Solar
Computador de Bordo
Faróis de neblina
Faróis com regulagem de altura
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