Nova Oroch: por que Renault perde a chance de tirar clientes da Fiat Toro
Alessandro Reis
Do UOL, em São Paulo (SP)
27/06/2022 04h00
Lançada em setembro de 2015, a Renault Duster Oroch inovou como a primeira picape monobloco do mercado brasileiro a trazer porte intermediário entre os modelos compactos e os médios.
Apesar do pioneirismo, ela foi eclipsada em volume de vendas pela Fiat Toro, que chegou em fevereiro do ano seguinte e não demorou a se tornar um sucesso no País, atraindo clientes de SUVs e não apenas compradores corporativos.
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É verdade que o utilitário de cabine dupla da marca francesa conquistou seu público, concentrado justamente nas vendas corporativas, mas nunca ameaçou a rival da fabricante italiana em relação à quantidade de emplacamentos.
Em abril passado, a picape da Renault passou pela maior atualização desde a sua estreia e perdeu o nome Duster, passando a se chamar apenas Oroch.
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A mudança na nomenclatura não aconteceu por acaso: enquanto há cerca de dois anos o Duster recebeu uma profunda reestilização, que a respectiva fabricante considera troca de geração, a Oroch passou por mudanças muito mais leves - e manteve essencialmente a "cara" de sete anos atrás.
Isso não significa que ela parou no tempo: ela hoje é um produto melhor do que foi e, na versão mais cara, ganhou o avançado motor 1.3 turbo flex desenvolvido pela Renault em parceria com a Mercedes-Benz.
Mesmo assim, nada indica que chegou a hora de Oroch conquistar clientes da Toro. Entenda os motivos.
Renault Oroch Outsider
3,0
4,0
3,0
3,0
3,0
3,0
Pontos Positivos
- Motor 1.3 proporciona bom desempenho
- Suspensão traseira independente contribui para a estabildade
- Multimídia com Android Auto e Apple CarPlay sem fio e recarga por indução
Pontos Negativos
- Mantém visual baseado no Duster antigo
- Motor turbo flex é restrito à versão mais cara
- Consumo
Veredito
A Renault Oroch nunca esteve tão potente, moderna e equipada, sobretudo na versão de topo Outsider, que parte de R$ 140.900. Contudo, a picape da marca francesa, que nunca se destacou quanto ao volume de vendas em sua categoria, mudou pouco ante ao que oferece a concorrência. A Fiat Toro, sua maior rival em termos de tamanho, distanciou-se em relação a itens tecnológicos e e também no preço. Mesmo assim, vende muito mais e nada indica que o isso irá mudar, considerando o que cada picape oferece atualmente. Considerando preço, as configurações mais simples da Oroch, que dispensam motor turbo e câmbio automático, fazem muito mais sentido, partindo de R$ 108.800 - pouco mais do que o valor inicial cobrado pela Fiat Strada com cabine dupla.
ESPAÇO INTERNO E EQUIPAMENTOS
Sem seguir as atualizações mais profundas aplicadas no Duster, a Oroch traz cabine que mescla elementos do SUV com itens do Captur, o utilitário esportivo mais caro da Renault no Brasil.
O habitáculo conta com elementos que estrearam no Duster em 2020, como as saídas de ar horizontais com moldura que simula metal e os três botões giratórios do ar-condicionado automático com tela embutida, informando velocidade de ventilação, temperatura e fluxo de ar - uma exclusividade da versão Outsider, a única a exibir uma faixa laranja atravessando o painel.
A mesma cor é utilizada na costura dos banco e nos apoios de braço.
Já o mostrador de instrumentos da picape é muito semelhante ao utilizado pelo Captur, enquanto o painel das portas e os botões dos vidros e dos espelhos elétricos são da Oroch "antiga".
O acabamento interno, como anteriormente, traz plásticos duros, porém bem encaixados, além de uma generosa superfície acolchoada na parte interna das portas com material que simula couro - também presente nos bancos, na configuração avaliada.
Quanto aos equipamentos de série, a Oroch dispensa, mesmo na versão de topo, chave do tipo presencial e partida por botão - itens de série no Duster Iconic.
Também não traz alerta de ponto cego, equipamento de fábrica na configuração mais cara do SUV, enquanto a direção continua sendo eletro-hidráulica, contra a assistência totalmente elétrica utilizada pelo Duster, que deixa o volante mais leve nas manobras de estacionamento.
Por outro lado, a Oroch Outsider está longe de ser pouco equipada: conta com acendimento automático dos faróis, sensor de chuva, sensores de estacionamento traseiros, câmera de ré, central multimídia de oito polegadas com Android Auto e Apple CarPlay sem fio e até carregamento de celular por indução - oferecido como acessório na rede de concessionárias.
Quanto à ergonomia, os ajustes do ar-condicionado são levemente inclinados para baixo e o volante é ajustável apenas em altura - detalhes que não comprometem o conjunto, mas estão longe de ser ideais.
Em relação ao espaço para os passageiros, o banco traseiro está dentro da média para a categoria. A capacidade de carga é de 650 kg na configuração Outsider e de 680 kg nas demais versões - abaixo dos 750 kg da Toro flex.
DESEMPENHO E CONSUMO
Ao ganhar o motor 1.3 turbo flex TCe, oferecido exclusivamente na versão topo de linha Outsider, a Oroch ganhou novo fôlego.
Desenvolvido em parceria com a Mercedes-Benz e gerenciado pela transmissão CVT com modo manual e oito marchas simuladas, o novo propulsor proporciona excelente desempenho, com seus 170 cv e 27,5 kgfm - disponíveis a apenas 1.600 rpm.
Especialmente na cidade, a grande quantidade de torque disponível em baixas rotações deixou a picape ágil, com seus 1.432 kg.
É uma evolução e tanto na comparação com o 1.6 flex aspirado de 120 cv e 16,2 kgfm que equipa as demais versões.
Na estrada, o potencial do motor 1.3 poderia ser melhor explorado, sobretudo nas retomadas, com o uso de um câmbio automático convencional no lugar o CVT - que é competente, mas, como outras transmissões continuamente variáveis, mantém as rotações lá em cima por mais tempo do que o desejável ao se pisar fundo no acelerador.
A Renault informa que a aceleração de zero a 100 km/h acontece em bons 9,9 segundos - contra 9,2 segundos do Duster com a mesma motorização.
Outro ponto que deixa um pouco a desejar é o consumo de combustível - com ar-condicionado ligado, obtive menos de 7 km/l na cidade - o Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia) informa médias de 7,4 km/l em vias urbanas e de 7,8 km/l na estrada com o combustível vegetal.
Com gasolina, o consumo cai para 10,5 km/l no circuito urbano e de 11 km/l no rodoviário, segundo o instituto.
Quanto à dirigibilidade, a Oroch, com rodas de 16 polegadas e pneus de perfil alto na versão Outsider, traz rodar bastante confortável para encarar os buracos, as valetas e as lombadas no dia a dia.
Além disso, proporciona bastante estabilidade, mesmo com a caçamba vazia - a suspensão traseira independente do tipo Multilink contribui bastante para esse comportamento elogiável.
DESIGN
Especialmente na configuração topo de linha, que traz uma imponente grade dianteira cromada, a Oroch exibe visual que transmite a sensação de robustez esperada em uma picape.
É verdade que, basicamente, não oferece muitas novidades na parte externa em relação à Oroch originalmente lançada há sete anos - a reestilização que estreou em abril trouxe mudanças sutis, como para-choque dianteiro e a citada grade redesenhados, além de novo grafismo na tampa traseira e lanternas com lente fumê.
Diferentemente do Duster, a Oroch não exibe luzes de condução diurna de LEDs nem mesmo na versão mais cara.
Por outro lado, a nova cor cinza Lune, que agrega R$ 2.000 ao preço final, casou bem com o estilo da picape - da mesma forma que as rodas diamantadas de liga leve e 16 polegadas.
Na variante Outsider, a Oroch agrega elementos emprestados do Duster Iconic, tais como molduras plásticas nas caixas de roda e apliques em volta dos faróis de milha, na parte inferior do para-choque dianteiro.
Exclusivo da versão mais cara, o santantônio na caçamba dá um ar de sofisticação ao utilitário.
Ainda assim, não dá para negar que as modificações foram poucas ante a necessidade de trazer frescor à aparência da picape da Renault.
SEGURANÇA
Da mesma forma que o Duster, a Oroch é equipada em todas as versões apenas com os dois airbags frontais obrigatórios - o Renault Kwid, que é um dos carros mais baratos do Brasil, sai da fábrica com quatro bolsas infláveis.
Isso não significa que a picape seja insegura: desde a configuração mais barata, é equipada com controles de tração e estabilidade, mais assistente de partida em rampa e um sistema de prevenção ao capotamento - que pode cortar o acelerador e frear o veículo com base na inclinação da carroceria.
O veículo também conta com controle de velocidade de cruzeiro e limitador de velocidade, além da já mencionada câmera de ré - que não traz diferentes ângulos de visão como o Duster.
Em relação a dispositivos tecnológicos voltados à segurança, o modelo da Renault não traz assistentes avançados à condução, como frenagem automática de emergência, controle de velocidade de cruzeiro adaptativo e alerta de saída involuntária da faixa.
MERCADO
A julgar pelos comentários em grupos de donos de Oroch nas redes sociais, a decisão da Renault de não atualizar a picape tanto quanto o Duster, do qual a picape deriva, foi decepcionante.
A manutenção do visual sem grandes alterações veio somada à falta de itens tecnológicos na comparação com o SUV, que está longe de ser referência nesse quesito.
Mesmo a adoção do excelente motor 1.3 turbo flex ficou restrita à versão mais cara, que compõe uma pequena fatia do mix de vendas da Oroch.
Ao mesmo tempo, a Toro recentemente ganhou motor turbinado e bicombustível já na versão de entrada Endurance (R$ 138.490), enquanto manteve configurações turbodiesel 4x4 - o modelo da Renault deixou de oferecer tração nas quatro rodas.
Assim, a Oroch perde a chance de roubar clientes da rival da Fiat, que faz sucesso justamente por combinar a versatilidade de um veículo utilitário com a sofisticação de um SUV médio no que se refere ao acabamento e a itens tecnológicos.
Mesmo chegando primeiro, a representante da Renault seguirá, ao que tudo indica, como coadjuvante e voltada predominantemente a frotistas - ao passo que a Toro tem forte apelo entre clientes de carros de passeio.
De janeiro a maio, a Oroch ocupou o 11º lugar no ranking de picapes, com 2.903 emplacamentos, dos quais 70,8% foram provenientes de vendas diretas.
Já a picape da marca italiana ocupou a segunda colocação no mesmo período, somando 41.206 unidades emplacadas - só 26,8% delas corresponderam a vendas corporativas.
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Motorização
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1.3, 16V, turbo
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Combustível
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Etanol/Gasolina
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Potência (cv)
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170/162 a 5.500 rpm
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Torque (kgf.m)
-
27,5 a 1.600 rpm
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Aceleração de 0 a 100 (segundos) (km/h)
-
9,9
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Velocidade máxima (km/h)
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189
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Consumo cidade (km/l)
-
7,4 (etanol) / 10,5 (gasolina)
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Consumo estrada (km/l)
-
7,8 (etanol) / 11 (gasolina)
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Câmbio
-
CVT com simulação de 8 marchas
-
Tração
-
Dianteira
-
Direção
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Eletro-hidráulica
-
Suspensão Dianteira
-
Independente, McPherson
-
Suspensão Traseira
-
Independente, Multilink
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Freios Dianteiros
-
Discos ventilados
-
Freios Traseiros
-
Tambores
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Pneus
-
215/65 R16
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Rodas
-
16 polegadas
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Altura (mm)
-
1.694
-
Comprimento (mm)
-
4.719
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Entre-eixos (mm)
-
2.829
-
Largura (mm)
-
1.834
-
Ocupantes
-
5
-
Peso (kg)
-
1.432
-
Porta-malas (L)
-
683 l / Carga útil de 650 kg
-
Tanque (L)
-
45
-
10.000 km
-
R$ 541,70
-
20.000 km
-
R$ 601,21
-
30.000 km
-
R$ 601,21
-
40.000 km
-
R$ 1.281,82
-
50.000 km
-
R$ 660,72
-
60.000 km
-
R$ 660,72
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Garantia
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3 anos ou 100 mil km, o que vencer primeiro
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Airbags Motorista
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Airbags Passageiro
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Controle de Estabilidade
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Controle de Tração
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Freios ABS
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Distribuição Eletrônica de Frenagem
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Ar-Condicionado
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Travas Elétricas
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Ar Quente
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Piloto Automático
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Volante com Regulagem de Altura
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Vidros Elétricos Dianteiros
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Vidros Elétricos Traseiros
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Central Multimídia
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Rádio FM/AM
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Entrada USB
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Banco de Couro
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Banco do motorista com ajuste de altura
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Desembaçador Traseiro
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Computador de Bordo
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Acendimento automático dos faróis
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Faróis de neblina
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