Wrangler Rubicon: testamos o Jeep de quase R$ 440 mil e que "odeia" asfalto
José Antonio Leme
Do UOL, em São Paulo (SP)
09/08/2021 04h00
Em muitos anos trabalhando em avaliações de carros, essa é a primeira vez que guiei um veículo realmente ruim de andar no asfalto e que custa R$ 439.590. Mas, antes de tirar conclusões precipitadas, saiba que esse ponto aparentemente negativo é algo bom.
Isso porque não esperava que o Jeep Wrangler Rubicon fosse de algum modo agradável de andar no asfalto, muito menos na cidade, pois nenhum desses é o ambiente ideal para este herdeiro do MB, criado para a Segunda Guerra Mundial e que depois deu origem ao CJ, primeiro da linhagem civil.
Na versão Rubicon, mais extrema à venda no Brasil, o Jeep Wrangler traz algumas modificações que a deixam mais capaz de encarar o off-road, trilhas e lugares onde o caminho pronto não existe.
Um dos pontos negativos vocês já sabem, mas há muito o que dizer sobre as qualidades do modelo. É o que vamos contar a partir de agora, na avaliação do UOL Carros.
Jeep Wrangler Rubicon
Preço
R$ 439.5902,0
4,0
4,0
4,0
4,0
5,0
3,0
Pontos Positivos
- Espaço
- Conforto interno
- Capacidade off-road
Pontos Negativos
- Preço
- Estabilidade no asfalto
- Ruído interno
Veredito
O Wrangler é ótimo no que se propõe a fazer direito e péssimo naquilo que nunca foi sua vocação. A versão Rubicon só acentua essas questões e outras que não tem como lidar, como a falta de aerodinâmica da carroceria quadrada que faz o vento que passa pela cabine "uivar", especialmente na estrada. Mas ele continua a tirar um sorriso do rosto de quem dirige ou vê, além de ser genial pelos conceitos de praticidade para o fora de estrada.
Versões disponíveis
Design e espaço interno
Um dos pontos marcantes do Wrangler é o design. O modelo, que passou por uma profunda mudança para chegar a atual geração, ainda assim, manteve as características que o fazem reconhecível a qualquer distância e em qualquer localidade.
Na dianteira, o modelo apostou em uma grade levemente inclinada, levando em conta novas questões de segurança, mas ainda assim ele manteve o estilo da frente alta com a grade de sete barras que identifica todos os modelos da Jeep, adernada pelos faróis em formato redondo.
O estilo da carroceria quadradona também não saiu de moda para o Wrangler. O modelo mantém isso e tem ainda uma série de funcionalidades que são características do modelo.
Entre elas a capacidade de deitar o vidro sobre o capô, remover as quatro portas e também o teto, transformando-o em um Jeep conversível, por assim dizer. Para garantir a segurança dos ocupantes, o modelo tem um santantônio que corre por dentro do carro, a parte da estrutura.
Por dentro, o modelo tem conforto e espaço para quatro adultos. Apesar de ser um jipe off-road, o túnel central não é tão elevado e permite conforto para o quinto ocupante, que vai com folga sentado no centro.
Os bancos dianteiros são confortáveis e a ergonomia para o motorista fica por conta da quantidade de ajustes de altura e distância no volante e do banco, tudo manual, como pede um legítimo modelo off-road.
A posição de guiar é elevada, mesmo no ajuste mais baixo, e isso não tem como mudar em um carro que naturalmente é alto. O Wrangler Rubicon conta ainda com suspensão 5 cm mais alta que da versão Sahara Overland.
Consumo e desempenho
Para o Brasil, o Wrangler Rubicon conta apenas com a versão a gasolina de motor 2.0 turbo que rende 272 cv e 40,8 mkgf. Esses números são mais que suficientes para o Jeep dar conta de acelerar no asfalto ou na terra, além de superar todo tipo de obstáculo.
Esse motor é menos potente do que a atual geração do V6 Pentastar oferecido ao Jeep nos EUA, mas tem mais torque: os números do V6 são de 285 cv e 35,9 mkgf.
Contudo, como velocidade final não é o foco de um modelo que pode até "subir paredes", o torque superior e entregue em rotações mais baixas é o que vale a pena. A grande diferença no Wrangler com o motor 2.0 turbo em relação à geração anterior com o V6 é agilidade em sair da imobilidade.
O jipe arranca e acelera mais fácil em qualquer situação com menos pressão no acelerador. Isso na cidade melhora muito o comportamento e a resposta, bem como em ultrapassagens e retomadas em ciclo rodoviário. O câmbio automático tem um bom escalonamento e trabalha com suavidade, mesmo no off-road.
Para manter a aura de um "off-road raiz", a Jeep optou por retomar o acionamento do sistema 4x4 e 4x4 reduzida com uma alavanca que fica ao lado do câmbio em vez de um seletor giratório, que poderia melhorar o uso do espaço, mas não teria uma memória afetiva para os jipeiros.
A pegada ainda mais off-road do Rubicon, que tem a suspensão 5 cm mais alta como citado anteriormente, fica completa com a barra estabilizadora com desconexão eletrônica, bloqueio eletrônico dos dois diferenciais ou apenas do traseiro, sistema de tração com relação final reduzida e pneus lameiros de 33 polegadas.
Tudo isso faz do Wrangler Rubicon imparável no fora de estrada, e há pouco que não seja possível fazer com esse conjunto de fábrica oferecido pela marca. Mas é exatamente essa aptidão sem igual na terra, na lama e sobre pedras que faz dele muito ruim no asfalto.
No ciclo rodoviário, onde andando a velocidades entre 100 km/h e 120 km/h, a sensação é que o carro está flutuando - e não há muito que se possa fazer para lidar com essa falta de estabilidade apresentada pelo Rubicon. Nessa configuração, o asfalto não é a praia dele.
O consumo é parelho tanto no ciclo urbano (7,3 km/l) quanto no ciclo rodoviário (7,7 km/l) e a autonomia estimada com um tanque de 66,2 litros é de 500 km.
Equipamentos
O Wrangler Rubicon, apesar da sua brutalidade para caminhos não explorados, vem cheio de mimos para justificar sua tabela de mais de R$ 400 mil.
O painel tem uma tela de TFT colorida e cheia de funções do computador de bordo. A central multimídia tem tela de 8,4 polegadas e integração a Android Auto e Apple CarPlay, mas por enquanto apenas por meio de cabo USB. Falando em USB são seis entradas disponíveis, três da convencional e três do tipo USB-C.
Na central foi integrado um navegador GPS off-line para lugares nos quais não há sinal de celular, além dos mostradores de inclinação vertical e lateral, que antes eram analógicos sobre o painel.
Ele traz ainda sistema de som premium da Alpine com subwoofer integrado ao porta-malas, que tem bons 548 litros de capacidade. Para ajudar nas manobras dos quase 5 metros de comprimento, o Wrangler Rubicon traz sensores de estacionamento na frente e atrás, câmera de ré e faróis Full-LEDs
Manutenção e segurança
O Wrangler Rubicon traz um bom pacote de itens de série associado a segurança. O modelo tem controles de tração e estabilidade, quatro airbags, assistentes de partida em rampa e de controle de velocidade de descida, alertas de ponto cego e frenagem autônoma de emergência com alerta frontal de colisão.
A manutenção do Wrangler passa longe de ser um problema para quem acabou de dispensar mais de R$ 430 mil na compra do modelo. O valor total das seis primeiras revisões é de R$ 5.555, um preço médio de R$ 925,83 por cada revisão. O custo real de cada uma é de R$ 472, R$ 908, R$ 1.003, R$ 1.354, R$ 659, R$ 1.159, respectivamente, da primeira até a última.
Mercado
O Wrangler por si só já é um modelo de nicho. A falta de praticidade para o uso diário nos grandes centros transforma o jipe em um brinquedo de gente grande. O valor salgado, que só piorou com o aumento do dólar uma vez que ele é importado dos EUA, não melhorou a situação.
Mas ele é um ícone que tem seu próprio clube e séquito de seguidores fieis. Sua briga é com o Land Rover Defender, que custa cerca de R$ 100 mil a mais e também tem defensores fervorosos.
Resta esperar e ver se a Ford se anima em oferecer no Brasil o Bronco "raiz", que retornou à vida usando o Wrangler como inspiração e métrica para saber o que oferecer aos clientes que gostam da vida fora de estrada.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL
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Motorização
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2.0, 4 cil, 16V, turbo
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Combustível
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Gasolina
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Potência (cv)
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272 a 5.250 rpm
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Torque (kgf.m)
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40,8 a 3.000 rpm
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Aceleração de 0 a 100 (segundos) (km/h)
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8,1
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Velocidade máxima (km/h)
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180
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Consumo cidade (km/l)
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7,3
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Consumo estrada (km/l)
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7,8
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Câmbio
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Automático, 8 marchas
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Tração
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4x2 e 4x4 com reduzida
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Direção
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Eletro-hidráulica
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Suspensão Dianteira
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Eixo rigído
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Suspensão Traseira
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Eixo Rígido
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Freios Dianteiros
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Discos ventilados
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Freios Traseiros
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Discos sólidos
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Pneus
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17 polegadas
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Rodas
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255/75 R17
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Altura (mm)
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1.878
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Comprimento (mm)
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4.785
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Entre-eixos (mm)
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3.008
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Largura (mm)
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1.894
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Ocupantes
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5
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Peso (kg)
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2.043
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Porta-malas (L)
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548
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Tanque (L)
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66,2
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10.000 km
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R$ 472
-
20.000 km
-
R$ 908
-
30.000 km
-
R$ 1.003
-
40.000 km
-
R$ 1.354
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50.000 km
-
R$ 659
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60.000 km
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R$ 1.159
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Garantia
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3 anos
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Airbags Motorista
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Airbags Passageiro
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Controle de Estabilidade
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Controle de Tração
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Freios ABS
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Distribuição Eletrônica de Frenagem
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Ar-Condicionado
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Travas Elétricas
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Ar Quente
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Piloto Automático
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Volante com Regulagem de Altura
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Vidros Elétricos Dianteiros
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Vidros Elétricos Traseiros
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Central Multimídia
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Rádio FM/AM
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Entrada USB
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Entrada Auxiliar
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Banco de Couro
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Banco do motorista com ajuste de altura
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Desembaçador Traseiro
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Teto Solar
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Computador de Bordo
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Acendimento automático dos faróis
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Faróis de neblina
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Frenagem autônoma de emergência
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Sensor de pressão dos pneus
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Sensor de pontos cegos
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Alerta de colisão
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Faróis com regulagem de altura
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Bloqueio do diferencial
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