Wrangler Rubicon: testamos o Jeep de quase R$ 440 mil e que "odeia" asfalto
Em muitos anos trabalhando em avaliações de carros, essa é a primeira vez que guiei um veículo realmente ruim de andar no asfalto e que custa R$ 439.590. Mas, antes de tirar conclusões precipitadas, saiba que esse ponto aparentemente negativo é algo bom.
Isso porque não esperava que o Jeep Wrangler Rubicon fosse de algum modo agradável de andar no asfalto, muito menos na cidade, pois nenhum desses é o ambiente ideal para este herdeiro do MB, criado para a Segunda Guerra Mundial e que depois deu origem ao CJ, primeiro da linhagem civil.
Na versão Rubicon, mais extrema à venda no Brasil, o Jeep Wrangler traz algumas modificações que a deixam mais capaz de encarar o off-road, trilhas e lugares onde o caminho pronto não existe.
Um dos pontos negativos vocês já sabem, mas há muito o que dizer sobre as qualidades do modelo. É o que vamos contar a partir de agora, na avaliação do UOL Carros.
Jeep Wrangler Rubicon
Preço
R$ 439.590Pontos Positivos
- Espaço
- Conforto interno
- Capacidade off-road
Pontos Negativos
- Preço
- Estabilidade no asfalto
- Ruído interno
Veredito
O Wrangler é ótimo no que se propõe a fazer direito e péssimo naquilo que nunca foi sua vocação. A versão Rubicon só acentua essas questões e outras que não tem como lidar, como a falta de aerodinâmica da carroceria quadrada que faz o vento que passa pela cabine "uivar", especialmente na estrada. Mas ele continua a tirar um sorriso do rosto de quem dirige ou vê, além de ser genial pelos conceitos de praticidade para o fora de estrada.
Design e espaço interno
Um dos pontos marcantes do Wrangler é o design. O modelo, que passou por uma profunda mudança para chegar a atual geração, ainda assim, manteve as características que o fazem reconhecível a qualquer distância e em qualquer localidade.
Na dianteira, o modelo apostou em uma grade levemente inclinada, levando em conta novas questões de segurança, mas ainda assim ele manteve o estilo da frente alta com a grade de sete barras que identifica todos os modelos da Jeep, adernada pelos faróis em formato redondo.
O estilo da carroceria quadradona também não saiu de moda para o Wrangler. O modelo mantém isso e tem ainda uma série de funcionalidades que são características do modelo.
Entre elas a capacidade de deitar o vidro sobre o capô, remover as quatro portas e também o teto, transformando-o em um Jeep conversível, por assim dizer. Para garantir a segurança dos ocupantes, o modelo tem um santantônio que corre por dentro do carro, a parte da estrutura.
Por dentro, o modelo tem conforto e espaço para quatro adultos. Apesar de ser um jipe off-road, o túnel central não é tão elevado e permite conforto para o quinto ocupante, que vai com folga sentado no centro.
Os bancos dianteiros são confortáveis e a ergonomia para o motorista fica por conta da quantidade de ajustes de altura e distância no volante e do banco, tudo manual, como pede um legítimo modelo off-road.
A posição de guiar é elevada, mesmo no ajuste mais baixo, e isso não tem como mudar em um carro que naturalmente é alto. O Wrangler Rubicon conta ainda com suspensão 5 cm mais alta que da versão Sahara Overland.
Consumo e desempenho
Para o Brasil, o Wrangler Rubicon conta apenas com a versão a gasolina de motor 2.0 turbo que rende 272 cv e 40,8 mkgf. Esses números são mais que suficientes para o Jeep dar conta de acelerar no asfalto ou na terra, além de superar todo tipo de obstáculo.
Esse motor é menos potente do que a atual geração do V6 Pentastar oferecido ao Jeep nos EUA, mas tem mais torque: os números do V6 são de 285 cv e 35,9 mkgf.
Contudo, como velocidade final não é o foco de um modelo que pode até "subir paredes", o torque superior e entregue em rotações mais baixas é o que vale a pena. A grande diferença no Wrangler com o motor 2.0 turbo em relação à geração anterior com o V6 é agilidade em sair da imobilidade.
O jipe arranca e acelera mais fácil em qualquer situação com menos pressão no acelerador. Isso na cidade melhora muito o comportamento e a resposta, bem como em ultrapassagens e retomadas em ciclo rodoviário. O câmbio automático tem um bom escalonamento e trabalha com suavidade, mesmo no off-road.
Para manter a aura de um "off-road raiz", a Jeep optou por retomar o acionamento do sistema 4x4 e 4x4 reduzida com uma alavanca que fica ao lado do câmbio em vez de um seletor giratório, que poderia melhorar o uso do espaço, mas não teria uma memória afetiva para os jipeiros.
A pegada ainda mais off-road do Rubicon, que tem a suspensão 5 cm mais alta como citado anteriormente, fica completa com a barra estabilizadora com desconexão eletrônica, bloqueio eletrônico dos dois diferenciais ou apenas do traseiro, sistema de tração com relação final reduzida e pneus lameiros de 33 polegadas.
Tudo isso faz do Wrangler Rubicon imparável no fora de estrada, e há pouco que não seja possível fazer com esse conjunto de fábrica oferecido pela marca. Mas é exatamente essa aptidão sem igual na terra, na lama e sobre pedras que faz dele muito ruim no asfalto.
No ciclo rodoviário, onde andando a velocidades entre 100 km/h e 120 km/h, a sensação é que o carro está flutuando - e não há muito que se possa fazer para lidar com essa falta de estabilidade apresentada pelo Rubicon. Nessa configuração, o asfalto não é a praia dele.
O consumo é parelho tanto no ciclo urbano (7,3 km/l) quanto no ciclo rodoviário (7,7 km/l) e a autonomia estimada com um tanque de 66,2 litros é de 500 km.
Equipamentos
O Wrangler Rubicon, apesar da sua brutalidade para caminhos não explorados, vem cheio de mimos para justificar sua tabela de mais de R$ 400 mil.
O painel tem uma tela de TFT colorida e cheia de funções do computador de bordo. A central multimídia tem tela de 8,4 polegadas e integração a Android Auto e Apple CarPlay, mas por enquanto apenas por meio de cabo USB. Falando em USB são seis entradas disponíveis, três da convencional e três do tipo USB-C.
Na central foi integrado um navegador GPS off-line para lugares nos quais não há sinal de celular, além dos mostradores de inclinação vertical e lateral, que antes eram analógicos sobre o painel.
Ele traz ainda sistema de som premium da Alpine com subwoofer integrado ao porta-malas, que tem bons 548 litros de capacidade. Para ajudar nas manobras dos quase 5 metros de comprimento, o Wrangler Rubicon traz sensores de estacionamento na frente e atrás, câmera de ré e faróis Full-LEDs
Manutenção e segurança
O Wrangler Rubicon traz um bom pacote de itens de série associado a segurança. O modelo tem controles de tração e estabilidade, quatro airbags, assistentes de partida em rampa e de controle de velocidade de descida, alertas de ponto cego e frenagem autônoma de emergência com alerta frontal de colisão.
A manutenção do Wrangler passa longe de ser um problema para quem acabou de dispensar mais de R$ 430 mil na compra do modelo. O valor total das seis primeiras revisões é de R$ 5.555, um preço médio de R$ 925,83 por cada revisão. O custo real de cada uma é de R$ 472, R$ 908, R$ 1.003, R$ 1.354, R$ 659, R$ 1.159, respectivamente, da primeira até a última.
Mercado
O Wrangler por si só já é um modelo de nicho. A falta de praticidade para o uso diário nos grandes centros transforma o jipe em um brinquedo de gente grande. O valor salgado, que só piorou com o aumento do dólar uma vez que ele é importado dos EUA, não melhorou a situação.
Mas ele é um ícone que tem seu próprio clube e séquito de seguidores fieis. Sua briga é com o Land Rover Defender, que custa cerca de R$ 100 mil a mais e também tem defensores fervorosos.
Resta esperar e ver se a Ford se anima em oferecer no Brasil o Bronco "raiz", que retornou à vida usando o Wrangler como inspiração e métrica para saber o que oferecer aos clientes que gostam da vida fora de estrada.
Motorização
2.0, 4 cil, 16V, turbo
Combustível
Gasolina
Potência (cv)
272 a 5.250 rpm
Torque (kgf.m)
40,8 a 3.000 rpm
Aceleração de 0 a 100 (segundos) (km/h)
8,1
Velocidade máxima (km/h)
180
Consumo cidade (km/l)
7,3
Consumo estrada (km/l)
7,8
Câmbio
Automático, 8 marchas
Tração
4x2 e 4x4 com reduzida
Direção
Eletro-hidráulica
Suspensão Dianteira
Eixo rigído
Suspensão Traseira
Eixo Rígido
Freios Dianteiros
Discos ventilados
Freios Traseiros
Discos sólidos
Pneus
17 polegadas
Rodas
255/75 R17
Altura (mm)
1.878
Comprimento (mm)
4.785
Entre-eixos (mm)
3.008
Largura (mm)
1.894
Ocupantes
5
Peso (kg)
2.043
Porta-malas (L)
548
Tanque (L)
66,2
10.000 km
R$ 472
20.000 km
R$ 908
30.000 km
R$ 1.003
40.000 km
R$ 1.354
50.000 km
R$ 659
60.000 km
R$ 1.159
Garantia
3 anos
Airbags Motorista
Airbags Passageiro
Controle de Estabilidade
Controle de Tração
Freios ABS
Distribuição Eletrônica de Frenagem
Ar-Condicionado
Travas Elétricas
Ar Quente
Piloto Automático
Volante com Regulagem de Altura
Vidros Elétricos Dianteiros
Vidros Elétricos Traseiros
Central Multimídia
Rádio FM/AM
Entrada USB
Entrada Auxiliar
Banco de Couro
Banco do motorista com ajuste de altura
Desembaçador Traseiro
Teto Solar
Computador de Bordo
Acendimento automático dos faróis
Faróis de neblina
Frenagem autônoma de emergência
Sensor de pressão dos pneus
Sensor de pontos cegos
Alerta de colisão
Faróis com regulagem de altura
Bloqueio do diferencial
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