O carro elétrico ainda é um sonho distante ou uma realidade para poucos endinheirados que conhecem os prós e contras de ter um modelo 100% elétrico na garagem.

Mas aos poucos, as marcas vão tentando, mesmo que para um público muito de nicho, popularizar um pouco mais a tecnologia e a evolução do que é um carro elétrico.

Na Renault, a tentativa que já vem de alguns anos ganhou cara nova, mais tecnologia e maior autonomia. No caso, estamos falando do Zoe, o compacto elétrico que melhorou a potência, autonomia e o acabamento, mas continua longe de ser o carro urbano ideal, única e exclusivamente por seu preço proibitivo.

Na versão de entrada, Zen, o modelo custa R$ 204.990, enquanto na versão de topo, a Intense, que UOL Carros avaliou, o pequeno elétrico sai por 229.990.

DESIGN E ESPAÇO INTERNO

O Zoe já se destacava no modelo anterior pelo design moderno e lúdico. Agora, o modelo está com a linguagem visual mais atual da marca e pequenas melhorias em termos de aparência.

Ele traz novos faróis, luzes de neblina e para-choque. O capô foi redesenhado com novos vincos e na traseira as novidades ficam apenas por conta do novo grafismo das luzes das lanternas, mantendo tanto o formato das peças quanto do para-choque.

Por dentro, a mudança da reestilizaçao foi mais pesada, digamos assim. O Zoe 2022 chega com novo volante, painel, cluster de instrumento, console central e até a alavanca de câmbio, que tem comandos elétricos.

O acabamento também melhorou em qualidade, apesar de apostar em plástico ainda, mas está melhor de ver e de tocar. Se no Brasil ele custa uma pequena fortuna, e isso parece fazer o acabamento destoar do preço, na Europa o Zoe é um carro compacto com preço acessível devido as isenções que recebe, o que faz sentido.

Em termos de espaço interno, apesar de oferece espaço para cinco ocupantes, o Zoe leva com conforto dois adultos. O espaço traseiro é pequeno, mas para o deslocamento urbano é possível.

Apesar das dimensões reduzidas, ele tem consideráveis 338 litros de porta-malas, o que é mais que suficiente para carregar qualquer compra de mercado.

Na rua, o modelo chama a atenção pela cor Azul Celadon, que evoca o lado sustentável do carro elétrico. Além disso, também atrai olhares e dedos apontados quando passa em silêncio ou quando as pessoas reconhecem o símbolo da Renault, mas não sabem qual carro é.

CONSUMO E DESEMPENHO

O Zoe 2022 mudou muito em termos de desempenho, para melhor. Além da reestilização, o modelo adotou uma bateria de íons de lítio com maior capacidade de energia, que passou dos 41 kWh para 52 kWh. Com isso a autonomia subiu de 300 km com uma carga completo para 385 km.

Com essa mudança, a Renault pode também melhor o desempenho. O motor elétrico passou de 92 cv para 135 cv e o torque mudou de 22,9 mkgf para 25 mkgf.

Na prática, o Zoe ficou ainda mais ágil na cidade e permite desempenhar melhor em pequenos trajetos rodoviários, o que totalmente plausível com autonomia maior.

Claro, você precisa saber extrair o melhor do carro e se planejar no uso. E falamos isso porque pegamos estrada, com trecho de serra, para avaliar o Zoe. Isso inclui aproveitar descidas para regenerar energia, apostar no modo Eco na velocidade de cruzeiro e, se conter, mesmo sendo a aceleração bruta uma das coisas mais divertidas de se fazer com um elétrico.

Na rodovia, foi possível ganhar alguns quilômetros de autonomia nas decidas usando o novo modo "B" do câmbio que aumenta a capacidade de regeneração de energia.

Além disso, no modo B é quase desnecessário o uso do pedal de freio, já que além de regenerar, ele adiciona uma força de frenagem muito forte no carro. No trânsito urbano não é preciso muito para ele levar o carro a parada total.

E essa não-necessidade de uso do pedal de freio, basicamente é o que diferencia o Zoe e não deixa você esquecer que está em um carro elétrico, pois no mais, ele é um carro "normal", a combustão.

Na estrada a estabilidade é boa, afinal as baterias ficam alojadas no assoalho, o que reduz o centro de gravidade do carro. A suspensão tem um bom acerto e, por incrível que pareça, vai bem no piso nem sempre tão bom das nossas ruas e estradas.

Morando a cerca de 90 km da capital, pude ir e voltar, além de utilizar na cidade o Zoe, com uma carga, mas sempre buscando o melhor uso para não ficar na mão, já que não há carregadores na localidade.

EQUIPAMENTOS

O Zoe é um carro urbano e tem o essencial em termos de equipamentos. Ar-condicionado digital, farol alto automático, assistente de partida em rampa, câmera de ré, chave presencial com partida por botão e faróis Full-LEDs. A grande novidade é o freio de estacionamento elétrico.

Também disponível desde a versão de entrada há sensor de pressão nos pneus, painel virtual de 10", central multimídia de 7" com integração a Android Auto e Apple CarPlay via cabo USB, sensores de luz, chuva e de estacionamento na frente e atrás, além de ajuste de altura e profundidade no volante.

Exclusividades da versão avaliada, a Intense, são o alerta de ponto cego, retrovisor interno eletrocrômico, os externos com ajustes e rebatimento elétricos e o carregador de 50 kWh que acompanha o carro - na versão Zen é de 22 kWh. Visualmente, a única diferença são as rodas de 16" com acabamento diamantado, enquanto na Zen elas são totalmente cromadas.

MANUTENÇÃO E SEGURANÇA

No quesito segurança, o pequeno elétrico traz quatro airbags - dois dianteiros, dois laterais -, controles de tração e estabilidade e fixação isofix para até duas cadeirinhas no banco traseiro.

Em termos de manutenção, as seis primeiras revisões do Zoe tem um custo total de R$ 2.809,73. Pouco se comparado ao valor total do carro, cerca de 1,4% do valor da versão de entrada, ou 1,2% na versão de topo.

O preço separado de cada uma delas é de R$ 245,36, R$ 281,53, R$ 802,63, R$ 317,69, R$ 317,69 e R$ 844,83, respectivamente.

MERCADO

O mercado para carros elétricos como um todo continua pequeno. O crescimento tem acontecido no segmento de luxo, de carros maiores, não com compactos como o Zoe.

O modelo deixou de ser o elétrico mais barato do País depois do anúncio do e-JS1, o subcompacto da JAC que chega em setembro por cerca de R$ 150 mil.

Por mais interessante que seja, o Zoe ainda vai continuar a ser um produto de nicho com preço na casa dos R$ 200 mil, quando pelo mesmo valor você pode levar um SUV médio completo e ainda sobra bons trocados.

Custo a crer que os preços dos elétricos serão em um curto espaço de tempo algo possível para a maioria da população e resta ainda aumentar a capilaridade dos pontos de recargas ultrarrápidas pelo País para que seja plausível o uso irrestrito dos elétricos.