Renault Captur perde força ante irmão Duster e já não justifica preço alto
Vitor Matsubara
Do UOL, em São Paulo (SP)
17/03/2020 04h00
O Captur estreou no Brasil em meio à enxurrada de novidades no segmento de SUVs compactos. Talvez por isso é que tenha sido ofuscado por lançamentos mais importantes, como Jeep Renegade e Honda HR-V. Mesmo assim, ele conquistou seu espaço no mercado e, se nunca esteve perto de incomodar os líderes, pelo menos garante uma parcela de clientes da categoria para a Renault.
Desde 2017 é que o design é seu principal argumento de vendas, especialmente diante de um envelhecido Duster. Porém, a Renault decidiu repaginar seu SUV de entrada e aproveitou a plástica para recheá-lo de equipamentos. A fabricante até lançou uma nova série especial chamada Bose para tentar manter o apelo do Captur, mas parece que o jogo virou.
Será que o Captur ainda consegue se manter atraente mesmo depois de quase três anos nas ruas? Descubra com UOL Carros nesta avaliação!
Renault Captur Bose
Preço
R$ 97.990,003,0
Economia de combustível nunca foi o ponto forte dos SUVs da Renault, e com o Captur é assim: os números são apenas regulares
3,0
Assim como o Duster, o Captur sofre um pouco para embalar. Culpa do motor 1.6 SCe associado ao câmbio CVT, dupla presente nos dois modelos
4,0
Quase quatro anos já se passaram desde a estreia, mas o Captur ainda continua sedutor. O problema é que ele precisa mudar logo para não perder mercado diante da concorrência, que agora ataca até dentro de casa com o Duster
4,0
Se o Captur Bose não é barato, pelo menos ele vem bem equipado. Itens como chave presencial, partida do motor por botão e central multimídia vêm de série, mas nenhum deles é tão bom quanto o ótimo som da Bose
5,0
Quem não leva o Captur pelo design certamente se encanta com o espaço. Cinco adultos viajam relativamente bem no carro e as malas ainda vão folgadas
4,0
A Renault costuma praticar bons preços de revisão; outros valores estão na média do segmento
4,0
Ao contrário do Duster, o Captur traz quatro airbags - e é bom lembrar que até o Kwid também vem com bolsas laterais
Pontos Positivos
- Design arrojado
- Espaço interno para cinco adultos
- Qualidade do som Bose
Pontos Negativos
- Consumo
- Desempenho
- Preço elevado
Veredito
O Captur Bose foi feito para os apreciadores de música que não querem apelar para um sistema de som no mercado paralelo. Porém, isso é muito pouco para justificar a compra. Até porque o preço salgado de quase R$ 100 mil afasta muitos compradores, que optam por SUVs mais modernos e bem equipados. Diante de um Duster rejuvenescido e recheado, o modelo que era o bonitão do pedaço perdeu grande parte de seu charme. E a situação não deve mudar pelo menos até a chegada da aguardada reestilização.
Beleza sempre foi um dos atributos ressaltados desde a campanha de lançamento do Captur. Até porque era fácil imaginar que o estilo do SUV conquistaria muitos clientes - e foi exatamente o que aconteceu.
O departamento de design da Renault na América Latina fez um trabalho competente ao aproveitar a base do Captur original, um modelo baseado no Clio europeu cujas dimensões são bem menores do que o "nosso" modelo. Alguns vão dizer que o projeto é muito semelhante ao Captur vendido na Rússia, que lá tem seu nome grafado com "K".
Fato é que o carro incorporou bem a identidade visual da Renault, fazendo com que o Captur oferecesse uma embalagem mais sedutora do que o Duster - o qual herdou plataforma, motorizações e vários outros componentes. O problema é que nenhuma beleza é eterna e os anos fizeram o Captur se tornar figura mais comum nas ruas. Depois de quase quatro anos, o projeto já dá sinais de envelhecimento, mas ainda se mantém dignamente diante da concorrência.
Sem o charme de outrora, a Renault apelou para uma série especial chamada Bose, que quer agradar os ouvidos em vez dos olhos. Isso porque o utilitário esportivo sai de fábrica com um competente sistema de som composto por sete alto-falantes, amplificador de sete canais e um subwoofer especialmente instalado dentro da forração do porta-malas, solução criativa que não rouba espaço do compartimento de bagagens.
O problema está justamente na hora de assinar o cheque. UOL Carros avaliou a versão 1.6 SCe de até 120 cv, que custa salgados R$ 97.990. A conta pode aumentar um pouco mais caso o proprietário escolha a bonita combinação cinza com teto prata (R$ 1.650) como a unidade cedida pela Renault. Aí o preço vai a R$ 99.640.
Existe uma configuração ainda mais cara (R$ 98.990), que traz o veterano 2.0 16V de até 148 cv - e que passa dos R$ 100 mil dependendo do opcional escolhido. Analisando as duas versões básicas, a diferença de apenas R$ 1 mil pode soar tentadora, mas, se eu fosse você, ficaria com a 1.6 mesmo. Além de mais equilibrado, o motor 1.6 é mais econômico do que o "irmão maior".
O Captur Bose é caro, mas vem com uma lista de equipamentos bastante generosa. Além do já citado sistema de som da Bose, o SUV vem com ar-condicionado digital, bancos revestidos parcialmente em couro, câmera de ré, volante revestido em couro com comandos de som na coluna de direção, chave presencial do tipo cartão, sensores crepuscular e de chuva, partida do motor por botão, piloto automático com limitador de velocidade, vidros elétricos nas quatro portas e ganchos para fixação de cadeirinhas Isofix.
Frente ao renovado Duster, o Captur dá algumas mancadas. Uma delas é a oferta da velha central multimídia Media Nav, ao passo que o modelo mais barato é o primeiro a sair de fábrica com a nova geração de sistema de entretenimento da Renault, batizada de EasyLink. Também não há sensor de pontos cegos nem câmera com visão em 360 graus, itens presentes no Duster.
Sobre o Captur, alguns comandos também ficam mal posicionados, como o botão que ativa o piloto automático: estranhamente ele fica muito perto da alavanca do freio de mão. Ao invés de estarem no volante, os comandos de som e telefone celular foram instalados atrás do volante, fixados na coluna de direção. Por fim, o acabamento interno abusa do plástico duro e sem o padrão de qualidade que a gente espera de um carro que beira os R$ 100 mil.
A versão mais "barata" do Captur Bose é oferecida com o motor 1.6 SCe de 120 cv quando abastecido com etanol e 118 cv com gasolina. O câmbio é o mesmo CVT oferecido pela Nissan e que também equipa Sandero e Logan.
O conjunto não prima pela agilidade e também não se comporta de forma regular como no Duster. Falta fôlego para impulsionar os 1.286 quilos do SUV e o motorista precisa de uma dose extra de paciência se o veículo estiver carregado. Mesmo assim, o Captur 1.6 é melhor de dirigir do que a versão com motor 2.0.
FICHA TÉCNICA
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Motorização
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1.6, 16V
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Combustível
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Etanol / gasolina
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Potência (cv)
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120 / 118
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Torque (kgf.m)
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16,2
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Aceleração de 0 a 100 (segundos) (km/h)
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13,1 / N/D
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Velocidade máxima (km/h)
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169 / 168
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Consumo cidade (km/l)
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7,2 / 10,5
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Consumo estrada (km/l)
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8,1 / 11,7
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Câmbio
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CVT
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Tração
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Dianteira
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Direção
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Elétrica
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Suspensão Dianteira
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Indepentente, McPherson
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Suspensão Traseira
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Eixo de torção
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Altura (mm)
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1.619
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Comprimento (mm)
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4.329
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Entre-eixos (mm)
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2.673
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Largura (mm)
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1.813
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Ocupantes
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5
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Peso (kg)
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1.286
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Porta-malas (L)
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437
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Tanque (L)
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50
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10.000 km
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R$ 459,09
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20.000 km
-
R$ 513,34
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30.000 km
-
R$ 513,34
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40.000 km
-
R$ 896,58
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50.000 km
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R$ 567,59
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60.000 km
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R$ 567,59
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Airbags Motorista
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Airbags Passageiro
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Airbags Laterais
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Freios ABS
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Distribuição Eletrônica de Frenagem
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Ar-Condicionado
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Travas Elétricas
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Piloto Automático
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Volante com Regulagem de Altura
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Vidros Elétricos Dianteiros
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Vidros Elétricos Traseiros
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Central Multimídia
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Rádio FM/AM
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Entrada USB
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Banco de Couro
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Desembaçador Traseiro
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Computador de Bordo
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Acendimento automático dos faróis
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Faróis de neblina
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