Na semana passada, a Renault do Brasil apresentou o Kardian, novo SUV subcompacto que marca o começo de uma nova etapa da marca francesa no Brasil, com veículos mais modernos e maior valor agregado na comparação com modelos mais simples provenientes da subsidiária romena Dacia, como Sandero, Logan e Duster - dos quais apenas o último continua em linha aqui.

Lançado em 2011, o Duster continua firme e forte e acaba de passar por uma atualização, precedida pela chegada da segunda e atual geração, em 2020. Literalmente, é o último SUV da "antiga" Renault, mas isso é ruim?

O UOL Carros testou a versão topo de linha Iconic Plus com motor 1.3 turbo CVT (R$ 155.890) e foi surpreendida.

Desvendando o Duster Iconic Plus 1.3 CVT

Design: nesta nova versão Iconic Plus, lançada em janeiro, traz novidades visuais que deram uma boa atualizada na aparência, como grade frontal redesenhada com acabamento preto brilhante, faróis de LED com novo desenho das luzes de condução diurna e detalhes na cor laranja na grade do motor, na capa dos retrovisores externos e nas barras de teto. As lanternas traseiras também receberam novo arranjo de luzes, perdendo a parte central em forma de X que remetia ao Jeep Renegade.

As novas rodas de liga leve de 17 polegadas diamantadas e com acabamento escurecido compõem o visual aventureiro e, por dentro, o Duster tem acabamentos simples, mas também traz peças bem encaixadas, plásticos de qualidade e desenho bem resolvido - especialmente os comandos do ar-condicionado, que trazem botões giratórios e metálicos com mostrador embutido.

Espaço interno: este sempre foi um ponto alto do Duster, que traz cabine ampla e espaçosa, considerando outros SUVs compactos com porte semelhante na mesma faixa de preço. Medindo 2,67 m de distância entre-eixos, facilita a acomodação das pernas dos passageiros do banco de trás - duas pessoas de altura média podem viajar confortavelmente ali. Tamanho do porta-malas é outro ponto forte, oferecendo excelentes 475 litros de capacidade.

Vida a bordo: além de ser espaçoso, traz uma cabine bem resolvida, apesar de ser simples e quase não contar com revestimentos macios ao toque. Na sua versão mais completa, traz de série itens como acendimento automático dos faróis, sensor de chuva, comandos satélite de áudio na coluna de direção e controle de velocidade de cruzeiro. A central multimídia de oito polegadas não é das maiores, mas agora traz conectividade sem fio de celulares via Android Auto e Apple CarPlay.

Segurança: todas as versões agora são equipadas de série com seis airbags, o que é um importante reforço na parte de segurança, e o Duster Iconic Plus traz, ainda, alerta de ponto cego nos retrovisores externos. Também conta com sensores de estacionamento traseiros e sistema de câmeras com quatro ângulos de visualização. Contudo, não traz assistentes à condução presentes em outros SUVs em sua faixa de preço.

Desempenho: Desenvolvido pela Renault em parceria com a Mercedes-Benz, o motor 1.3 turbo flex com injeção direta de combustível anda muito bem, com seus 170 cv de potência e 27,5 kgfm de torque, disponíveis a apenas 1.600 rpm.

O câmbio CVT com oito marchas simuladas administra bem tanto desempenho e não mantém as rotações altas demais a cada aceleração mais forte, como acontece em outras transmissões do tipo. Graças ao torque abundante e disponível em giros baixos, o CVT logo trata de reduzir as rotações, como se fosse uma caixa automática convencional com conversor de torque.

É uma pena que a Renault ofereça esse conjunto mecânico tão moderno apenas na configuração topo de linha - que também pode ser equipada com propulsor 1.6 aspirado de 120 cv e 16,2 kgfm a 4.000 rpm, mais CVT de seis marchas virtuais, por R$ 141.790.

Consumo: as médias oficias, medidas pelo Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia) são apenas razoáveis, para não dizer decepcionantes: 7,7 km/l na cidade e 8,4 km/l na estrada com etanol e, respectivamente, 10,8 km/l e 11,5 km/l com gasolina.

Mesmo com o sistema start-stop ativado, que desliga automaticamente o motor em paradas rápidas, obtive média de apenas 3,5 km/l na cidade (com o ar-condicionado ligado) - acredito que o consumo tão alto se deve, em parte, à baixa quilometragem da unidade testada, inferior a 1.000 km.

Equipamentos: destacam-se ar-condicionado digital e automático, bancos com revestimento sintético semelhante a couro, controle de velocidade de cruzeiro convencional, câmeras de monitoramento externo com quatro ângulos diferentes, alerta de ponto cego, carregador de celular por indução, quatro portas USB, acendimento automático dos faróis, sensor de chuva e de estacionamento traseiros, chave presencial, partida do motor por botão e central multimídia de oito polegadas.

Mercado: Por R$ 155.890 na versão Iconic Plus 1.3 CVT, tem a concorrência de SUVs compactos mais modernos e equipados, porém um pouco mais caros, como VW T-Cross Comfortline (R$ 160.990) e Jeep Renegade Longitude (R$ 162.990). Tem um conjunto acertado e excelente desempenho, que chega a surpreender, mas sua vida no mercado não é fácil, considerando a acirrada concorrência. Ainda assim, consideraria ter um na minha garagem.

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