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Montadoras procuram 240 mil sorteados que abriram mão do carro em consórcio

Consumidor observa carro em São Paulo (SP); difícil é convencê-lo a tirar modelo da loja - Juca Varella/Folhapress
Consumidor observa carro em São Paulo (SP); difícil é convencê-lo a tirar modelo da loja Imagem: Juca Varella/Folhapress

Colunista do UOL

28/04/2015 19h08

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Com a perspectiva de aprofundamento da crise de vendas neste ano, várias ações criativas estão em curso. Todo o elenco de estratégias -- desde a "troca com troco" até os intermináveis feirões -- foi sacado numa tentativa de animar o comprador a entrar na loja e sair com um carro zero-quilômetro.

O mercado de veículos usados conseguiu uma reação -- previsível -- depois de anos de apatia e queda de preços. Há clara tendência de valorização do usado e movimentação de trocar um modelo mais antigo por um menos antigo ou mesmo seminovo (até cinco anos de fabricação pelo entendimento geral).

A maioria das concessionárias vem tomando ações proativas para ter mais relevância neste mercado. Em suas entrevistas coletivas mensais a Anfavea tem citado com frequência as estatísticas da Fenauto, associação dos lojistas independentes que tem forte presença na compra e venda de veículos usados inclusive na formação de preços.

Agora as atenções se voltam ao consórcio, por duplo motivo: oferta menor de crédito (e a juros maiores) e estoque de cotas contempladas que não se transformaram em vendas efetivas. São 240 mil compradores que simplesmente preferiram sentar em cima do dinheiro (que continua aplicado pelas administradoras) e não adquirir nenhum veículo.

Caça ao consorciado

A indústria automotiva sempre viu com bons olhos o crescimento desta modalidade ao garantir uma demanda fixa por seus produtos. Segundo a Abac (Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios), o total de consorciados aumentou 8% no primeiro trimestre em relação ao mesmo período de 2014.

Embora não existam estatísticas precisas -- só o Banco Central tem controle efetivo sobre cartas de crédito em circulação --, o sistema de consórcio responde em média por 10% das vendas de veículos leves, podendo dobrar essa participação em períodos de crise como o atual. A situação está mais delicada porque 8% dos três milhões de consorciados de veículos leves e pesados (sem contar motocicletas) foram contemplados em sorteio e decidiram não usar o seu crédito.

Esse cenário motivou Anfavea, Fenabrave e Abac a lançarem, em conjunto, uma promoção, inicialmente por 45 dias, para tentar convencer as pessoas a usar imediatamente suas cartas de crédito. Sempre há um percentual de compradores que adiam compras por motivos variados, como aguardar um lançamento, mudança de ano de fabricação e até a contemplação por sorteio antes do período planejado. De início, 16 fabricantes aderiram e prometem oferecer condições especiais, como descontos, oferta de itens opcionais e até IPVA grátis.

Todos os tipos de ações promocionais são válidos, mas essa em especial talvez obtenha alcance limitado. O contemplado pode simplesmente estar se sentido inseguro em retirar o carro no momento em que a falta de confiança permeia a economia brasileira. Afinal, após a compra, tem de enfrentar despesas correntes de uso: combustível, manutenção, impostos, estacionamento e multas. Há ainda a sensação de se sentir perseguido só por usar um automóvel, corrente nos dias atuais.

A Abac afirma que os 8% de contemplados sem uso imediato do seu crédito estão dentro da média histórica. Se for isso mesmo, poucos estariam à espera de dias melhores para efetuar sua compra, o que não parece refletir a realidade atual.

Siga o colunista: twitter.com/fernandocalmon

Roda Viva

+ Decisão pragmática e elogiável do governo, publicada em 26 de março, estimulará adoção de novos recursos para aumentar a economia de combustível dentro do programa Inovar-Auto. Estão contemplados sistema desliga-liga o motor de forma automática, monitor de pressão dos pneus, indicador de troca de marcha e ajuste aerodinâmico de grades frontais.

+ Suzuki S-Cross é novo contendor interessante na faixa de SUVs e crossover compactos que oferece, além de bom acabamento, a racionalidade de aliar um motor de 1,6L e 120 cv a peso contido (1.125 kg com câmbio automático CVT). Oferece versões 4x2 e 4x4 (com controle eletrônico sofisticado), além de porta-malas de 440 litros. Preço começa em R$ 74.900 e vai a R$ 105.900.

+ Volkswagen Touareg na versão de topo agora inclui acabamentos antes cobrados à parte na versão R-Line. Preço é alto, R$ 298.800, porém mais em conta que um Porsche Cayenne com o qual divide o projeto. Destaques: posição de dirigir, suave motor V8 de 360 cv, câmbio automático de oito marchas e consumo de combustível razoável para o alto desempenho oferecido.

+ Antecipar a venda do subcompacto QQ reestilizado, antes de sua produção nacional no segundo semestre, ajuda a Chery a enfrentar a greve que paralisa a fábrica onde produz o Celer. Agora partindo de R$ 31.990 -- 25% mais caro que a versão básica anterior montada no Uruguai -- já embute, além das melhorias técnicas e de acabamento, as dores do chamado "Custo Brasil".

+ Smart Light Evolucar, lanterna extra vendida como acessório com sensor que detecta movimentos do veículo para indicar mudança de direção, pode exacerbar o pouco uso convencional, sem contar o mau hábito de esquecer de consultar os espelhos. Outros acham que ligar a seta é suficiente, sem ter certeza se a manobra foi consentida ou percebida.