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Fernando Calmon

Salão de Tóquio ousou com super tecnologias, autônomos e elétricos

Colunista do UOL

06/11/2015 14h10

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Tradicional discrição japonesa no 44º Salão de Automóvel de Tóquio -- aberto ao público até domingo (08/11/2015) -- foi trocada por atitudes ousadas dos fabricantes locais e uma aposta no hidrogênio como alternativa às baterias dos carros elétricos.

Na verdade, o governo japonês incentiva fortemente essa tecnologia cuja principal vantagem é tempo de abastecimento (três a cinco minutos, contra horas de uma bateria), mas a infraestrutura, além de muito cara, precisa ser construída do zero.

Carros que andam sozinhos

O Japão acredita muito também na direção autônoma. Estima-se que será o primeiro país a regulamentar seu uso, em 2020, contando com a alta disciplina típica dessa sociedade. Assim, uma das atrações da exposição é o elétrico conceitual autônomo Nissan IDS, caracterizado pela versatilidade e um volante revolucionário com manche retrátil para se adequar aos desejos do motorista.

A Toyota pretende entregar 700 unidades do Mirai no mercado doméstico ainda neste ano. Trata-se do primeiro carro elétrico com pilha a hidrogênio vendido em série, que no salão deste ano apresentou uma evolução, chamada de FCV Plus, que no futuro permitirá ao próprio veículo gerar eletricidade com ajuda de fonte externa de hidrogênio.

A quarta geração do Prius, bastante diferente da atual do estilo ao chassi, estará à venda no Japão neste mês. A marca já não esconde que poderá fabricá-lo em pequena escala no Brasil, com motor flex, como reflexo dos estímulos fiscais anunciados agora pelo governo federal.

Outro carro bem interessante da Toyota é o crossover conceitual C-HR, que tem linhas praticamente definitivas. É um híbrido, mas em versão convencional reúne boas chances de produção no Brasil por ser concorrente direto do Honda HR-V.

E a rival?

A Honda, por sua vez, apresentou o sedã médio-grande Clarity, elétrico também com pilha a hidrogênio (autonomia recorde de 700 quilômetros), maior que o Mirai, disponível a partir do início de 2016 no mercado japonês.

Mesmo com altos subsídios do governo, seu preço será o dobro de um Accord. Entre as tecnologias de segurança a fábrica mostrou um sistema capaz de desviar o carro de um pedestre distraído, quando não for o caso de precisar frear automaticamente para evitar o atropelamento.

Em evento à parte para jornalistas, a marca também demonstrou a forma evoluída de um carro autônomo no seu campo de provas de Tochigi. Em um circuito demarcado de cerca de 500 metros com curvas de diferentes raios, um Accord adaptado se autoguiou com maestria, acelerando e freando fortemente, além de fazer tangências corretas. Cumpriu a tarefa sem o menor erro, ajudado por antenas ao redor do circuito e mapa de bordo de altíssima precisão. Pormenor: o aspecto externo do carro não foi alterado, o que serviu para demonstrar o alto limite de interação com a via.

A participação de marcas ocidentais na exposição é modesta: apenas 13 europeias de cinco conglomerados. A Mercedes-Benz entrou no clima com seu conceito Vision Tokyo, espécie de perua de grandes dimensões, cujo interior foi pensado em função do melhor aproveitamento do tempo livre dos ocupantes, quando os carros se autoguiarem em um futuro não tão distante em estradas adaptadas.

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Roda Viva

  • Mergulho de um milhão de veículos vendidos a menos este ano, em relação a 2014, ajuda a aumentar as agruras que o Governo Federal enfrenta para fechar as contas públicas. Somente em impostos diretos, a perda de arrecadação é de R$ 16 bilhões. Montante corresponde a 50% do valor total da CPMF, caso esse imposto retrógrado passe a vigorar em 2016.
     
  • Fábrica inteiramente nova e pronta, mas sem produção. Esta situação inédita na história da indústria automobilística brasileira acontece nas instalações da Honda, em Itirapina (SP). A marca japonesa freou o quanto podia o cronograma, mas a situação de mercado, que deve continuar em declínio em 2016, forçou a decisão. Talvez no final de 2016 produção comece com o Fit.
  • Peugeot 308 2016 é reflexo da situação do mercado, mas também das limitações financeiras da marca francesa. O hatch médio-compacto recebeu leves retoques de estilo (baseadas no desenho do 308 europeu) e um câmbio automático mais moderno que funciona particularmente bem com o motor 1.6 turboflex de 173 cv. Recebeu equipamentos a preços subsidiados, que vão de R$ 69.990 a 82.990.
  • Apesar de fabricantes japoneses, como Honda e Toyota, apostarem nas pilhas a hidrogênio para eletricidade a bordo em automóveis elétricos, ainda há incerteza quanto à durabilidade, além dos desafios já conhecidos. O ângulo cauteloso foi passado por Thomas Lukaszewiczm, da Ford da Alemanha, em seminário em São Paulo. Mercedes-Benz é parceira da Ford nessas pesquisas.
  • Aerodinâmica impôs certas limitações ao desenho dos carros durante muito tempo. Hoje, porém, esse conflito acabou e um automóvel aerodinamicamente apurado pode ser até mais bonito do que outro em que o fator fluxo de ar externo foi menos considerado. Afirmação a esta coluna é de Edward Welburn, vice-presidente global de estilo da GM, em Detroit.

Esta coluna é originalmente publicada às terças-feiras