"Rota 2030" traz avanços em eficiência e segurança, mas terá futuro difícil
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Colunista analisa principais conquistas -- e futuros entraves -- da indústria automotiva nacional com novas regras
Destrinchar tudo o que o governo federal anunciou no último dia 5 sobre o programa "Rota 2030" tomaria o espaço de algumas destas colunas. Então a intenção é comentar certos pontos e, em especial, a validade de decisões que ainda passarão pelo crivo do Congresso, até novembro próximo, para se tornarem lei.
Primeiramente, em um país com baixa cultura de planejamento e alto grau de imprevisibilidade qualquer plano de 15 anos -- dividido em três quinquênios -- já se pode considerar conquista importante. Vários países incentivam pesquisa e desenvolvimento (P&D) no próprio território. Pode ser feito de forma eficiente ou não, dependendo de como se montam estratégias. O Brasil cometeu erros no "Inovar-Auto", mas também aprendeu como evitá-los.
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Indústria no Brasil é tratada de modo "curioso"
O "Rota 2030", de fato, atrasou seis meses por ser complexo e ter levado a um conflito entre ministérios (Indústria e Fazenda). Perdeu-se muito tempo em discussões se R$ 1,5 bilhão por ano de incentivos para P&D era um valor incompatível com a atual penúria fiscal.
Bem, o Brasil concede cerca de R$ 300 bilhões ao ano em subsídios variados, inclusive à agricultura...
Para conseguir compensar aquele valor em P&D, o conjunto das fabricantes de veículos deve comprovar ter investido montante 233% superior, ou seja, R$ 5 bilhões por ano aqui. Alternativa seria aplicar esse dinheiro no exterior e assim criar empregos em outros lugares.
Indústria na maioria dos países é incentivada -- ou até disputada como ocorreu com marcas japonesas em estados americanos -- de forma clara ou velada em razão da longa cadeia produtiva e qualidade dos empregos. Entretanto, no Brasil há uma situação curiosa. Essa indústria representa 4% do PIB do País, mas recolhe em torno de 10% dos impostos pertinentes: carga fiscal sobre automóveis é a maior do mundo.
Empresas de autopeças também receberão suporte fiscal para investir em tecnologia. Criaram-se ainda incentivos específicos ao conjunto da indústria para campos de atuação considerados estratégicos e que não podem mais ser negligenciados. Entre eles, conectividade, carros autônomos, inteligência artificial e manufatura avançada.
Avanços
Há vários pontos positivos no "Rota 2030". Exige redução compulsória de consumo de combustível: ganho estimado de 11% a cada cinco anos. Nenhuma marca escapa, tendo ou não fábrica no Brasil.
Foram criadas duas faixas de economia adicional, com até 1% de desconto do IPI em cada etapa, para modelos, individualmente, que conseguirem superar o mínimo. Isso ocorre porque a tecnologia fica mais cara para avançar em eficiência energética.
Automóveis nacionais e importados (especificamente da China) também terão um cronograma para melhorar segurança passiva e ativa em prazos compatíveis para absorção de parte dos aumentos de custos.
Ao longo dos 15 anos espera-se que o mercado cresça para o aumento de produção gerar escala suficiente. Para tanto, é necessário alcançar o patamar de 4 ou 5 milhões de unidades vendidas anualmente.
Em 2018, porém, as previsões estão menos otimistas. Com os problemas gerados pela greve dos caminhoneiros e o estresse político, o crescimento de 15% ou mais vem sendo revisado. Fenabrave rebaixou os números mais otimistas esperados pelas concessionárias, enquanto a Anfavea desistiu de re-estimar para cima o crescimento de vendas de 11% sobre 2017.
Agora se prevê que 2,5 milhões de veículos leves e pesados, ou algo muito pouco acima desse nível, ganharão as ruas este ano. Rota difícil à frente.
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Alta Roda
+ Hyundai ainda não tem acerto final do plano de produtos até 2022. Depende de eventual acordo com Grupo Caoa (talvez renovação do contrato de importações por prazo menor, a cada dois anos e não 10 anos) e da provável fábrica na Argentina para picape compacta. Mas, segunda geração do HB20 poderá chegar em 2019, ao se completar o ciclo de sete anos da primeira geração.
+ Chevrolet Spin virou seu ciclo de vida de seis anos com mudanças estilísticas que amenizam bastante sua forma exageradamente rústica. Capô mais baixo (com nove vincos), grade e faróis redesenhados, tampa e lanternas traseiras em harmonia, além de rodas de 16 polegadas e a retirada (já não era sem tempo) do estepe externo, deram equilíbrio ao conjunto. Versão aventureira Activ passou a oferecer sete lugares.
+ Interior também evoluiu. Banco intermediário agora é corrediço e, bipartido, permite não só melhorar o acesso à terceira fileira como flexibilizar a utilização entre mais espaço para as pernas dos passageiros e maior volume de bagagem (até 756 litros). Novos bancos dianteiros e quadro de instrumentos refinaram a vida a bordo.
+ Dirigibilidade também melhorou no único monovolume tradicional que restou no mercado brasileiro com presença significativa (Fit vende mais, porém é meio-termo entre hatch e monovolume). Suspensão bem acertada e respostas mais suaves do câmbio automático completam a renovação do Spin 2019. Preços vão de R$ 63.900 e a R$ 83.490.
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