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Nacionalização da Ford? Sindicatos querem que governo assuma fábricas
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Representantes de sindicatos dos metalúrgicos das regiões onde a Ford mantinha fábrica no Brasil lutam para reverter a decisão da companhia de deixar de produzir veículos no País. Por enquanto conseguiram, na Justiça, por meio do MPT (Ministério Público do Trabalho), bloquear as demissões até o encerramento das negociações - e a Ford não pode, pela decisão, fazer acordos individuais.
Até uma alternativa curiosa levantada por representantes sindicais ganhou repercussão no Congresso na semana passada: a da nacionalização da Ford. Isso mesmo, não é brincadeira: os ativos industriais da Ford seriam absorvidos pelo governo e os trabalhadores, em regime de autogestão, tocariam a fábrica e voltariam a produzir Ka e EcoSport e seus motores.
Deputados que articularam com os representantes dos trabalhadores imaginaram que a ferramenta seria apresentação de um projeto de lei para nacionalizar a companhia. O argumento? A Ford deve dinheiro para o Estado brasileiro, como disse o diretor executivo do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Aroaldo Oliveira da Silva [apesar de a Ford já ter fechado a fábrica de São Bernardo do Campo, SP, em 2019, a entidade do ABC colabora na causa atual].
"A Ford teve isenção fiscal, teve um regime tributário diferente no Nordeste, tem empréstimos ativos junto ao BNDES. Quando um cidadão comum deve ao Estado, a União cobra essa pessoa e pega os [seus] bens para quitar a dívida. Então nada mais justo do que ter essa iniciativa com a pessoa jurídica."
De fato a Ford serviu-se de condições tributárias especiais em Camaçari (BA), graças ao Regime Automotivo do Nordeste, que concede a quem fabrica automóveis na região descontos em impostos como IPI e ICMS. Também contraiu empréstimos junto ao BNDES, que deverão ser pagos, naturalmente, pois a companhia não sairá do Brasil: apenas deixará de produzir aqui.
Com esse argumento em mãos, parlamentares de diversos partidos dizem articular uma frente ampla capaz de apresentar o PL da nacionalização da Ford. O trâmite é longo: após a sua apresentação ele deve ser discutido e votado em diferentes comissões internas, depois segue para os plenários da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, em duas votações, para, enfim, seguir à sanção presidencial.
Os trabalhadores suportarão todo esse tempo de indefinição? Pois essa liturgia do Legislativo e do Executivo é algo muito difícil de efetivamente ocorrer.
Os Jetsons. A Volkswagen é mais uma montadora a admitir que estuda a viabilidade de desenvolver e produzir um carro voador, de direção autônoma.
Chips. A falta de semicondutores já parou muitas linhas de produção nos Estados Unidos e Europa. A GM suspendeu a produção em diversas fábricas na América do Norte. Mas por aqui, por enquanto, não há relatos de linhas paradas por falta do componente, embora o sinal amarelo já esteja ligado.
Faltando carro. Embora os semicondutores ainda não afetem a produção há outros insumos que travam as linhas: falta aço, plásticos e outras matérias-primas, um descompasso que afeta também outros setores industriais. A espera nas concessionárias chega a 120 dias, dependendo do modelo.
Solução. Há muitos consumidores desconsiderando os carros 0 KM para comprar um equivalente seminovo, cuja entrega é imediata. Essa pressa tem provocado um fenômeno surpreendente: há relato de carros seminovos vendidos a preços superiores a seus equivalentes novos.
* Colaboraram André Barros, Bruno de Oliveira, Caio Bednarski e Vicente Alessi, filho
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