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ANÁLISE

Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.

Vendas estagnadas. E os motivos são os mesmos: falta carro e cliente

Mateus Bruxel/Folhapress
Imagem: Mateus Bruxel/Folhapress

Colunista do UOL*

19/02/2021 08h54

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Durante este Carnaval que não ocorreu a falta de veículos para pronta entrega diminuiu a média diária de vendas, principal referência para avaliar o desempenho do mercado. Mas não só isso. Alguns Detran que decidiram permanecer fechados também causaram impacto no resultado da primeira quinzena de fevereiro quando foram negociados 95.326 automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus no Brasil.

A comparação com o mesmo período de fevereiro do ano passado mostra que o mercado tende a uma estagnação e não, como se esperava, recuperação gradual das vendas. Nestes quinze dias do mês a média diária de vendas foi de 8,7 mil unidades. Na primeira metade de fevereiro de 2020 o ritmo diário era de 10,3 mil unidades.

A falta de veículos nas concessionárias é apontada pelos especialistas do varejo automotivo como a principal dificuldade para atender os clientes. Segundo a Anfavea são 100,8 mil unidades em estoque, o suficiente para atender às redes durante dezoito dias.

Teoricamente, com as vendas rodando na média diária do ano passado ontem, quinta-feira, 18, já não haveria mais veículo para pronta entrega no País.

A pandemia obviamente é outro fator que tem impactado os negócios. E agora, além de carros, está faltando cliente circulando no showroom real ou virtual das marcas e, de fato, concluindo a compra.

Um dos especialistas em vendas de carros consultado por AutoData observou que ainda é difícil fazer uma leitura apurada sobre o comportamento do consumidor: "Os relatos são de que o fluxo nas lojas diminuiu muito desde a segunda metade de janeiro. Não sabemos, ainda, se é reflexo da pandemia ou até mesmo da falta de modelos, que desencoraja o cliente a sair de casa".

As concessionárias tiveram que fechar as portas em alguns municípios por causa da pandemia da covid-19. Araraquara (SP) enfrenta lockdown severo, e medidas de restrições mais fortes estão sendo adotadas na Bahia e em outras regiões do País.

As montadoras, que ficariam felizes em aumentar a produção para atender à demanda, seguem enfrentando problema de desabastecimento na cadeia, que provoca prazos mais largos de entrega - em alguns casos até de 120 dias.

Na última coluna AutoData abordamos a falta de semicondutores que parou a produção em algumas fábricas nos Estados Unidos e acendeu o sinal amarelo nas empresas que fornecem componentes com esses itens para as montadoras.

Assim, se é verdade que o Brasil começa a funcionar depois do Carnaval, espera-se uma forte recuperação das vendas na próxima semana. O que parece improvável.

2021. Nos bons tempos antes da pandemia as vendas em janeiro tradicionalmente eram menores do que em fevereiro. São boas as razões: as festas do fim de ano e as férias diminuem o fluxo de clientes. Mas em 2021, até o momento, fevereiro tem um desempenho ligeiramente superior do que o primeiro mês do ano. Foram 8,3 mil unidades negociadas diariamente na primeira quinzena de janeiro contra 8,7 mil em igual período deste mês.

11 e não 15. Há que ressaltar que as fontes consultadas por AutoData consideram apenas onze dias úteis até 16 de fevereiro, quando os números da quinzena foram apresentados.

Fechou. Em São Paulo, maior mercado do País, o Detran abriu. Segundo uma fonte ligada ao varejo na terça-feira, 16, foram computados 4 mil emplacamentos no Renavam do Estado. O que pode ajudar nos números finais do mês são os emplacamentos que ficaram encalhados em Detran como o do Rio de Janeiro e o do Rio Grande do Sul, porque não funcionaram no feriado do carnaval.

* Colaboraram André Barros e Vicente Alessi, filho