Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.
Falta de peças: produção suspensa do Onix não será a primeira, nem a última
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A conversa paralela está correndo solta nas empresas e entidades que formam a imensa cadeia automotiva no Brasil. O frenesi nas incontáveis chamadas dos fornecedores para seus clientes, sindicatos, associações tem apenas um objetivo: encontrar a medida exata do ritmo de produção para atender à demanda do mercado interno pandêmico.
E, nesse processo, a suspensão das atividades na fábrica de Gravataí (RS), onde é produzido o veículo mais vendido do País, o Chevrolet Onix, levantou a questão para toda essa cadeia, fornecedores ou não da GM: a falta de insumos é a única responsável pelas paralisações?
AutoData apurou esta semana que há, em toda cadeia, relatos de que faltam no mercado pneus, insumos químicos aplicados na produção de plásticos, borracha e espuma, e aços perfilados.
Além disso, os semicondutores estão em falta, e por isso alguns componentes eletrônicos essenciais para a embreagem e os freios, dentre outros itens, não estão sendo entregues para as montadoras. A Honda também suspendeu na terça-feira, 23, a produção em Sumaré (SP) alegando falta de semicondutores.
Em Gravataí, de acordo com Édson Dornelles, vice-presidente do sindicato dos metalúrgicos local, a paralisação também ocorre nas fornecedoras de autopeças que integram o condomínio industrial, um quadro de cerca de 5 mil funcionários. Na GM o quadro é formado por 4 mil funcionários em dois turnos.
Fonte de AutoData, da cadeia de fornecedores, disse que a medida adotada pela GM em Gravataí poderá ser aplicada, em breve, em São Caetano do Sul (SP). Na unidade responsável pela fabricação de outro importante modelo, o SUV Chevrolet Tracker, já teria sido cancelada a produção programada para ocorrer em alguns sábados de março por causa da falta de componentes. Nosso interlocutor, que pediu para não ser identificado, afirmou, ainda, que pedidos a fornecedores foram cancelados.
A reportagem da Agência AutoData apurou que a paralisação, por ora, será adotada apenas na unidade do Rio Grande do Sul. As fábricas da GM em Joinville (SC), São Caetano do Sul, São José dos Campos e Mogi das Cruzes (SP), seguem operantes.
Procurada, a General Motors informou, por meio de nota, que a cadeia de suprimentos da indústria automotiva na América do Sul "tem sido impactada pelas paradas de produção durante a pandemia e pela recuperação do mercado mais rápida do que o esperado".
Afirmou, ainda, que a situação "tem o potencial de afetar de forma temporária e parcial o cronograma de produção. Estamos neste momento trabalhando com fornecedores e sindicato para mitigar os impactos gerados por esta situação".
Não vai faltar. Em meio à onda de falta de insumos na cadeia automotiva pelo menos o aço deverá permanecer fora da lista. Marco Polo de Mello Lopes, presidente do Instituto Aço Brasil, garantiu que as usinas instaladas no País entregam, hoje, o volume contratado pelas montadoras, com perspectiva de crescimento em 2021.
Vai crescer. Mesmo que o recente aumento tenha reverberado de forma negativa em alguns segmentos do setor automotivo o instituto projeta aumento de 6,7% na produção de aço bruto no comparativo com 2020, somando 33 milhões de toneladas.
O consumo aparente deverá crescer 5,8%, chegando a 22,4 milhões de toneladas. Já as vendas internas, de acordo com o instituto, podem aumentar 5,3%, com volume de 20,2 milhões de toneladas.
Com a palavra. "A demanda por aço das montadoras não aumentou nem caiu nos últimos meses. Estamos fornecendo o volume contratado pelas empresas em compromissos de longo prazo. Se houver aumento da produção, como indicam os dados da Anfavea, temos capacidade para acompanhar", confirmou o presidente do Instituto Aço Brasil.
* Colaboraram André Barros, Bruno de Oliveira e Vicente Alessi, filho
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