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Mercado em crise? Venda de carros no Brasil passa longe do problema lá fora

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Colunista do UOL

14/10/2022 12h04

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Estamos na reta final do trabalho mais complicado do ano para a equipe AutoData, que é a produção da edição Perspectivas da Indústria Automotiva para 2023. Muito em breve publicaremos a revista com este esforço que foi entrevistar os líderes da cadeia produtiva e tentar apontar para o leitor os resultados deste ano e os desafios e as oportunidades de 2023.

A ideia aqui não é dar spoiler do que os mais de trinta presidentes de montadoras e entidades disseram sobre este ano e o próximo, mas contextualizar o que vem ocorrendo na indústria automotiva nacional e o desempenho nos principais mercados globais.

A projeção da Anfavea é de que sejam licenciados no País este ano 2,14 milhões de veículos. Ainda será um crescimento, mas de apenas 1% com relação a 2021. O resultado esperado já foi melhor. A projeção atual da Anfavea, revisada em junho, reduziu em 160 mil unidades a expectativa inicial, de janeiro de 2022, quando a entidade esperava um mercado interno de 2,3 milhões de unidades.

Mesmo sendo um retrocesso nas expectativas por razões bem conhecidas, como a crise de semicondutores, que diminuiu a oferta para o consumidor comum e o corporativo, a redução das vendas no Brasil passa longe do problemão na Europa e nos Estados Unidos.

No continente europeu desde 2019 os licenciamentos caíram 26% e o mercado encolheu de 13 milhões de unidades/ano para pouco menos de 10 milhões. Percebam que só a redução nesses dois anos já é maior do que todas as vendas no Brasil. A expectativa inicial da Acea, a entidade dos fabricantes europeus, era de que o desempenho este ano repetisse 2020, com 9,9 milhões de veículos negociados.

Mas no início deste mês o presidente da entidade, Oliver Zipse, reduziu o zero a zero para queda de 1% no mercado europeu com 9,6 milhões de unidades entregues aos consumidores. E ainda disse que, em termos de volume e rentabilidade, as coisas podem piorar com a necessidade da eletrificação da frota nos próximos anos.

"Para garantir o retorno ao crescimento a indústria automobilística exige maior resiliência nas cadeias de suprimentos da Europa, uma Lei de Matérias-Primas críticas da UE para acesso estratégico às matérias-primas para mobilidade eletrônica e uma introdução acelerada da infraestrutura de carregamento."

Até agora nos Estados Unidos foram vendidos 10,2 milhões de veículos, queda de 12,7% sobre o período de janeiro a setembro do ano passado. A expectativa é de recuperação do segundo maior mercado global nos últimos meses. Porém, ao fim de 2022, a Cox Automotive, consultoria especializada na indústria automotiva, acredita que devem ser vendidas 13,7 milhões de unidades, queda de 9% com relação às 15 milhões de 2021 e muito distante das 17,1 milhões de unidades de 2019 nos Estados Unidos - novamente uma redução de mais de um Brasil em volume de carros licenciados.

Mesmo com duas das mais importantes regiões amargando resultados tímidos para o tamanho, a capacidade e a necessidade de utilização de veículos novos, ainda é prematuro afirmar que o mercado global está, de fato, diminuindo. A China demonstra o contrário.

De acordo com os fabricantes chineses o maior mercado mundial está se recuperando da pandemia. De janeiro a setembro quase 19,5 milhões de veículos novos foram entregues aos clientes, aumento de 4,4% sobre igual período do ano passado. Trata-se de desempenho positivo sobre o crescimento das vendas em 2021, quando foram negociados mais de 26 milhões de veículos novos.

É com essa visão global que é razoável afirmar que o Brasil andando de lado é bem melhor do que se engatar a marcha à ré.

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