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BYD pode sair na frente na eletrificação de carros no Brasil?

Divulgação
Imagem: Divulgação

Colunista do UOL

25/11/2022 06h44

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A Caoa Chery fez propaganda de que foi a primeira a eletrificar a sua produção local de SUVs híbridos, a Great Wall Motor acaba de mostrar sua picape e promete modelos nacionais eletrificados, inicialmente híbridos, mas a BYD pode ser a primeira chinesa a fabricar um veículo puramente elétrico no Brasil.

Está tudo encaminhado. Faltam apenas alguns pormenores na negociação com o Estado da Bahia para a instalação de três fábricas: uma unidade de processamento de lítio e fosfato para a montagem de baterias, uma fábrica de veículos comerciais, caminhões e ônibus, e outra fábrica só para automóveis, todos 100% elétricos.

À reportagem de AutoData uma pessoa com acesso ao processo de negociação disse que o anúncio do acordo com o Estado da Bahia pode ocorrer ainda em dezembro. Caso os ajustes em questões tributárias, dentre outros pontos, sejam feitos até os últimos dias úteis deste ano a ocupação de área industrial e o investimento de R$ 3 bilhões na Bahia serão anunciados logo nos primeiros dias do mandato do próximo governador, Jerônimo Rodrigues.

Na semana passada a BYD trouxe para o País dois automóveis feitos na China e imediatamente um deles foi especulado como potencial candidatos a nacional, o modelo elétrico Yuan Plus EV.

Ele surgiu de surpresa no lançamento de outro modelo, o SUV híbrido médio Song Plus DM-i. Estiveram presentes, além da imprensa, a rede de concessionários e gente da cena política do Estado da Bahia, todos muito animados nas rodas de conversas sobre o futuro da BYD no País.

O Yuan Plus EV já está disponível para encomendas no Brasil a R$ 270 mil a unidade. Este é o mesmo valor de tabela do protagonista daquele evento, o híbrido Song Plus, que promete com seus dois motores uma autonomia de mais de 1 mil km.
Além da autonomia de 423 km, o Yuan Plus EV tem a desvantagem da rede de alimentação de energia elétrica ainda insuficiente para cobrir com tranquilidade as necessidades de um País continental.

Mesmo assim a BYD decidiu equiparar o preço deste 100% elétrico com o do seu líder de vendas na China, o maior e talvez mais competitivo mercado de carros eletrificados do mundo. E em vez de procurar ganhar market share com o SUV Song Plus, cujo primeiro lote de duzentas unidades já está negociado, dá ao consumidor brasileiro o benefício da dúvida para escolher dentro da própria marca um híbrido ou um elétrico puro-sangue.

Com o crescimento das vendas da BYD, que demorou alguns anos para vender 1 milhão de unidades no planeta, mas nos últimos seis meses deu um salto de 2 para 3 milhões de veículos, o momento é bom para apoiar o desenvolvimento de mercados como o Brasil.

Impulsionada por sua capacidade para atender ao crescente mercado eletrificado chinês, há produção suficiente para negociar volumes menores com o Brasil. Por isto um segundo pedido à matriz, de 250 unidades do Song Plus, está cruzando os mares para desembarcar ainda este ano no País.

Ao yuan importado, não a moeda corrente na China, o yuan renmimbi, caberá colocar uma dúvida na cabeça do consumidor mais consciente e, quem sabe, estabelecer seu primeiro contato por aqui até uma não improvável fabricação nacional.

Ele utiliza a arquitetura e-platform 3.0, desenvolvida exclusivamente para veículos 100% elétricos. Justamente os modelos que a BYD diz que pretende construir no Brasil. Além do Yuan os BYD Dolphin e Seal também são feitos na China a partir desta mesma base.

A decisão de concentrar a manufatura do lítio e do fosfato, obtidos em território nacional, e que serão exportados para a China para que a própria BYD produza suas modernas baterias Blade, mais eficientes e resistentes, pode trazer para a operação automotiva baiana novas referências para o setor neste momento de transformação da indústria da mobilidade.