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Nikola encaminha solução para tornar viável mobilidade a hidrogênio

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Imagem: Divulgação

Colunista do UOL

27/01/2023 09h39

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A fabricante de caminhões Nikola lançou nesta quinta-feira, 26, a Hyla, que será sua divisão responsável pelo fornecimento de hidrogênio para veículos que utilizam esse combustível limpo. A iniciativa, que ainda em 2023 começa a tornar viável os primeiros projetos de abastecimento para seu caminhão pesado Tre FCEV, dotado da tecnologia de célula de combustível, começa pelo Estado da Califórnia, nos Estados Unidos. Trata-se da primeira ação de uma fabricante de caminhões que pretende, de fato, encaminhar solução para o intricado dilema do fornecimento de energia limpa para os veículos do futuro.

O desenvolvimento de várias formas para o abastecimento dos caminhões pretender dar acesso aos clientes a até 300 toneladas métricas de hidrogênio por dia nos Estados Unidos, o que não é pouca coisa.

Durante o lançamento da Hyla, que pretende ser uma marca global de produção e distribuição de hidrogênio para abastecer caminhões de emissão zero, contou com mais de 300 representantes de clientes frotistas, do governo e de fornecedores do setor de energia na sede da Nikola em Phoenix.

Na ocasião o CEO e presidente da Nikola, Michael Lohscheller reforçou a ideia de que sua empresa "é a única que está integrando com sucesso um caminhão de célula de combustível de hidrogênio e toda a cadeia de fornecimento de infraestrutura de energia de hidrogênio sob o mesmo teto".

Um dos primeiros empreendimentos da Hyla está localizado no Arizona e a estrutura construída em fases para atender à demanda criada pelos caminhões da Nikola terá, no segundo semestre de 2024, capacidade para 30 toneladas métricas/dia e chegará a até 150 toneladas métricas no futuro.

A Hyla tem a intenção de operar 60 estações de hidrogênio até 2026. Mas uma nova modalidade de fornecimento do combustível limpo pode ganhar ainda mais destaque: a estação de abastecimento móvel flexível. Trata-se de um programa de abastecimento que pode entregar hidrogênio aos clientes em locais específicos. Um alimentador móvel esfria e comprime o hidrogênio para abastecer rapidamente caminhões pesados FCEV. Esta estrutura pode ser levada até ao lado do caminhão para realizar essa operação.

A primeira estação de abastecimento móvel concluiu os testes e foi liberada pelas autoridades para operação no mercado estadunidense. A Hyla tem outras estações móveis de hidrogênio sendo contratadas ainda no primeiro trimestre de 2023.

"A apresentação do nosso caminhão de célula de combustível Nikola Tre e do trailer de abastecimento móvel flexível demonstra uma vantagem competitiva real e sustentável para nossos clientes e são provas significativas de que estamos alcançando o que nos propusemos a alcançar", comemorou Lohscheller.

Com um alcance de até 500 milhas, ou mais de 800 quilômetros, o Nikola Tre FCEV oferece uma das maiores autonomias dentre os caminhões pesados do futuro nos Estados Unidos e na Europa, onde começa a ser vendido. O tempo de abastecimento estimado nas estações da Hyla é de apenas 20 minutos, segundo a Nikola.

Quase ao mesmo tempo do lançamento da Hyla, a autoridade que regulamenta as emissões na Califórnia tornou elegível o Nikola Tre FCEV a participar de um programa de incentivo para aquisição de veículos com emissão zero. Assim, esse caminhão está apto a participar de outros mecanismos de incentivo que têm como objetivo reduzir o custo total de propriedade para veículos zero emission naquele Estado. O caminhão a célula de hidrogênio tem desconto de US$ 240 mil a US$ 288 mil.

Além disso a Nikola assinou um memorando de entendimento com entidade que pretende desenvolver instalações de produção de hidrogênio verde em grande escala nos Estados Unidos.

O fornecimento de hidrogênio verde será sustentado pela Nikola, que se compromete a ser um comprador em potencial, criando uma grande demanda pelo combustível verde para descarbonizar o setor de transporte e outras indústrias.

Vale para as outras fabricantes de caminhões mas, principalmente, para as autoridades e empreendedores brasileiros: as iniciativas da Nikola poderiam, de alguma forma, inspirar uma real e possível transformação da matriz energética brasileira. O etanol como matriz para a obtenção de hidrogênio é uma oportunidade que não pode ficar apenas no papel. Precisa tornar-se política de estado ou comprometimento empresarial. Os exemplos estão aparecendo por aí.