Parem de exigir carros com baixa quilometragem; o que vale é a manutenção
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Resumo da notícia
- Automóveis com 200 mil km no hodômetro podem ser boa compra
- Mercado supervaloriza veículos pouco rodados
- O problema é a adulteração do hodômetro
Quanto dura um motor? Mais do que isso, quanto dura um carro? São perguntas recorrentes, feitas por muitos leitores, quase todos os dias. E a resposta é sempre a mesma: dura o que tiver que durar, só depende do dono.
Não me faltam provas para ter esse pensamento. Aqui mesmo, na minha garagem, meu querido Nissan Sentra está sempre disponível para ir para qualquer canto que eu quiser. No documento, consta que foi fabricado em 2007, já como modelo 2008. No hodômetro, acusa orgulhosos 205 mil quilômetros rodados.
No manual, um detalhado histórico de manutenção desde a primeira revisão. Recentemente passou uma semana num "spa" automotivo e voltou brilhando, como se fosse novo de novo.
Meu carro é bem conhecido dos meus seguidores, e sempre que faço um novo conteúdo que revela sua quilometragem, surgem casos que vão bem além do meu. Carros com 300, 400 ou 600 mil quilômetros, sempre com história de donos cuidadosos.
E não importa o carro. Mesmo aqueles com má fama, como, por exemplo, o lendário Fiat Marea, passam tranquilamente pelas centenas de milhares de quilômetros, quando na mão de bons donos. Eu conheço pelo menos dois com 300 mil quilômetros: um Marea 1.8 que está no Rio Grande do Sul e outro 2.4 que está aqui em São Paulo.
Carro com mais de 1 milhão de km?
E o que podemos dizer daqueles que passam a barreira do milhão de quilômetros rodados? Esses são sempre matéria para aparecer até na televisão, como fez o dominical "Fantástico", da Rede Globo. No último domingo (16), que mostrou um guerreiro Ford Verona 1990 que rodou mais de 1 milhão de quilômetros, graças a um insistente professor universitário, que optou por levar seu carro ao extremo.
Confesso que só fiquei sabendo da matéria no dia seguinte, já que foi bem comentada nos grupos que sigo nas redes sociais. Em princípio, até achei que fosse fake, já que o hodômetro do Verona tem apenas cinco dígitos e fica fácil para o dono contar a história que quiser. Porém, assim que assisti à matéria, percebi que o proprietário tem registro de absolutamente tudo que foi feito no carro, anotado numa espécie de diário de bordo. Fantástico, não poderia estar em um programa melhor!
Assim como esse professor, todos que são donos de carros que chegam em quilometragens altas têm a mesma receita -- que não é nada além de realizar as manutenções constantes em seus carros.
Adulteração de quilometragem
Porém, quando nos deparamos com a realidade do mercado de usados, ou seja, dos carros usados que estão anunciados para venda, esses carros bem rodados dificilmente aparecem por lá. Na verdade, eles estão lá, mas com um dos maiores cânceres do mercado de usados, que é adulteração de quilometragem.
Para muitos vendedores, sejam particulares ou revendedores, somente assim para conseguir vender um carro. O pior de tudo é que eles não estão totalmente errados na forma de pensar, já que a realidade é que poucos comprariam um carro como o meu Sentra ou como o Verona do professor.
Mas... Se eu adulterar o hodômetro do meu carro para algo como 90 mil km e sumir com as notas fiscais dos serviços, choverão interessados, já que mecanicamente e esteticamente ele está ótimo. Para o professor, mais fácil ainda, já que com os 5 dígitos do Verona, basta falar que o odômetro virou apenas uma vez e que o carro tem "cento e tantos" mil km. Acredita quem quiser.
Aliás, esse segundo exemplo, é o que mais tem acontecido no mercado de carros mais antigos, aqueles com décadas de vida. Com exceção do professor do Verona, que se orgulha em falar que o hodômetro virou dez vezes, você nunca vai ouvir o dono de um antigo falando que passou dos 200 mil. Vai ser sempre, no máximo, esses "cento e tantos" mil quilômetros. É impressionante como brotam carros assim na internet, com mais de 20 anos de uso, mas com baixíssimas quilometragens. De novo, acredita quem quiser.
Isso acontece com tanta frequência que chega a ser frustrante. Mas não me restam dúvidas de que isso é assim por conta das exigências do mercado, de carros com baixa quilometragem. Sabendo que um carro pode aguentar muito mais do que podemos imaginar, por que é tão grande o preconceito com carros usados com alta quilometragem?
Como não ser enganado
Dá para não ser enganado? Dá, mas só com uma análise subjetiva. Nem mesmo com as informações da central eletrônica do carro dá para cravar a quilometragem real do carro, pois até ali é possível adulterar.
Portanto, meu caro amigo leitor, vamos parar de exigir carros com baixa quilometragem. Esse tipo de pensamento alimenta os criminosos que adulteram. Nada como comprar um carro real e pagar o preço real por aquilo que ele é. O que vale, no fim das contas, é mesmo o seu estado de conservação geral: ou seja, um "usadinho" de 200 mil quilômetros pode estar melhor que outro igual que ostenta 50 mil km no painel.
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