Confira 5 futuros micos no mercado de carros usados
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Eu tenho uma generosa coleção de revistas de carro. A primeira delas, data de 1978, quatro anos antes de eu nascer. Até pouco tempo, todas elas estavam na casa da minha mãe, já que minha esposa sequer aceitou negociar a ida delas para nosso apartamento. Com uma recente mudança, ganhei um cômodo importante que passou a ser meu escritório. As revistas vieram para cá, e agora eu as ostento com muito orgulho.
Sendo assim, um dos meus mais recentes passatempos tem sido folhear algumas delas, que naturalmente me levam para o passado, onde todos os carros ali apresentados eram maravilhosos. Hoje, nem tanto.
Ainda assim, bate aquela vontade de ter todo tipo de "velharia" possível na garagem. Porém, o tempo não foi generoso com a maioria deles. Na verdade, foi até cruel com alguns, que tinham tudo para dar certo, mas por algum motivo, micaram!
Confesso não gostar do termo que demonstra falta de respeito com um carro. Mas é assim que o mercado classifica aqueles modelos que ninguém mais quer.
Um bom exemplo é o VW Pointer, hatch médio de vida curta no nosso mercado. Há exatos 25 anos, na edição de julho de 1994 de uma dessas minhas revistas, lá está ele na capa, em sua versão mais interessante, a GTi. O carro era bonito, moderno e bem equipado, mas micou. Hoje ele até pode ser desejado por alguns colecionadores, mas o mercado dele, no mundo real, sempre foi ruim.
E sobre as opções que temos hoje no mercado, quais delas devem se dar mal no futuro? Foi esse exercício especulativo que fiz para listar aqueles que, para mim, vão micar no futuro.
Me desculpe se você tem algum desses na garagem, mas vamos a eles:
Renault Captur Intense 2.0 automática
Apenas R$ 600 separam as duas opções da versão Intense da Captur. A mais barata, tem motor 1.6 com câmbio automático do tipo CVT. A mais cara, motor 2.0 e câmbio automático tradicional. Parece atrativo pagar tão pouco para ter um motor mais forte, mas o mercado já percebeu que a Captur 2.0 é uma furada. O motivo é justamente o câmbio, o antigo e famoso automático com apenas 4 marchas, usado desde os tempos de Megane e Scenic. Esse câmbio tem reputação ruim, por inúmeras quebras ao longo de sua trajetória, na qual também equipou carros da Peugeot e Citroën. Pode até ser mais confiável nos dias de hoje, mas continua antiquado. Quatro marchas eram suficientes nos anos 1990 e primeira metade dos 2000, mas hoje o mercado exige mais marchas para deixar o carro mais econômico. Com isso, a Captur 2.0 nasceu micada.
VW Golf 1.6 MSI
Outro que nasceu fadado ao fracasso foi o Golf com motor 1.6. Em 2016, quando a produção do Golf passou a ser nacional, uma nova opção de motor foi apresentada. O bom 1.6 com 16 válvulas, já presente na linha Gol e Fox, também casou bem com o Golf, mas a VW tinha coisa melhor na prateleira. O motor 1.0 turbo foi apresentado pouco tempo depois e matou o motor 1.6, isso porque esse motor tem mais potência, mais torque e gasta menos combustível. Com isso, faz sentido comprar um Golf 1.6? Não e, por conta disso, vai ser sempre um mico no mercado, seja com câmbio manual ou com câmbio automático. Já o 1.0 turbo também saiu de linha com pouco tempo de vida, mas arrisco dizer que deve ser bem aceito no mercado de usados.
Fiat Argo HGT
Bonito e bem equipado, o Argo ressuscitou a sigla esportiva HGT, usada pelo finado Brava no início dos anos 2000. Coincidentemente, ambos usam motores 1.8, mas de famílias diferentes. A do Argo é o mesmo propulsor usado desde 2010 pela Fiat. Polivalente, esteve e está presente em quase todos os modelos da marca da última década. O motor é bom, mas tem limitações diante de uma concorrência cada vez mais eficiente. A fama de "beberrão" pegou e poucos querem um Argo 1.8 na garagem. Para muitos, e para mim também, esse motor não faz mais sentido no mercado de novos, e esse pensamento é o mesmo desde o lançamento do Argo, ou seja, o HGT nasceu com motor errado. Argo bom, para mim, só os com motor 1.3 e câmbio manual.
Mitsubishi Lancer
O Lancer ainda está em linha, mesmo sendo praticamente o mesmo carro desde o seu lançamento, em 2012. Aliás, lá fora ele é assim desde 2007, ou seja, 12 anos com o mesmo design, uma eternidade para a concorrida categoria dos sedãs médios. Isso é um problema? Não necessariamente, até porque ele é bonito. Mas convenhamos que essa falta de atualização pesa na escolha de um carro novo. Para piorar, o carro foi depenado ao longo dos anos. Hoje, nenhuma das versões tem airbags laterais e cortina ou controles de estabilidade e tração. Até a simples e barata ancoragem isofix ficou de fora. Teto solar e rebatimento elétrico dos retrovisores? Também ficaram no passado. Já o motor, tem bons 160 cv, mas inexplicavelmente só funciona com gasolina, diferente da sua irmã ASX, que usa o mesmo motor, porém flex. Eu gosto dos mono-combustíveis, mas o mercado quer motores flexíveis. Enfim, do jeito que está, o modelo está fazendo hora extra e vai micar no mercado de usados.
Para linha 2020 da EcoSport, lançada precocemente em fevereiro desde ano, a Ford atendeu parte do público que sempre pediu que tirasse o estepe da tampa do porta-malas. Restrito a versão Titanium, o resultado estético é positivo, mas essa Eco guarda um detalhe que deve atrapalhar ao longo dos anos. A Ford não só tirou o estepe da tampa, como também não colocou em nenhum outro lugar. Com isso, teve que equipar o carro com pneus especiais, do tipo "Run Flat", ou seja, eles podem rodar vazios. O problema é que esses pneus são bem mais caros que os normais. No momento da substituição, tenho certeza que muitos donos não vão nem respeitar isso e vão colocar pneus normais, mais baratos. Já avaliei muitos BMW e Mini usados assim, carros que teoricamente estão na mão de pessoas com mais recursos. Claro que vai acontecer o mesmo com um simples Ford. EcoSport sem estepe, eu acredito que vai micar.
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