Vou te ajudar a fazer as contas se vale a pena ter um carro na garagem
Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail
Minha mãe sempre teve carro. O primeiro foi um Fusquinha azul em 1977, quando tinha 26 anos. Desde então, dirigiu seus carros quase que todos os dias, seja para trabalhar, para levar e buscar eu e minha irmã na escola, ou mesmo para coisas cotidianas, como ir a um mercado ou em um shopping. Certamente, jamais cogitou deixar de ter um carro na garagem, já que eles sempre foram muito úteis para ela.
O tempo passou, minha irmã e eu crescemos, ficamos mais independentes e deixamos de precisar do carro dela. Anos depois, em 2004, ela se aposentou e optou por não trabalhar mais. Sendo assim, o uso do carro ficou ainda mais restrito. Prova disso, foi o que presenciei nesse último final de semana.
Eu precisei do carro dela emprestado para transportar duas cadeiras que comprei para o meu escritório. Como elas são grandes, não passam no pequeno vão do porta-malas do meu Nissan Sentra, mas passam com folga no porta malas do Nissan Tiida dela.
Quando fui pegar o carro, ele não ligou. A bateria estava fraca, provavelmente por falta de uso. Carreguei a bateria e fui com ela comprar uma nova, pois sabia que do jeito que aquela estava, iria deixá-la na mão. Dirigindo, reparei no selinho do para-brisa, indicando que a última troca de óleo foi com 70 mil km, em julho do ano passado, portanto há um ano. Hoje o carro está com 72.700 km, ou seja, menos de 3 mil km nesse período, média que vem desde sua aposentadoria, há 15 anos.
Bateria trocada, ela quis encher o tanque do carro. Eu ainda questionei a necessidade de completá-lo, mas ela preferiu assim. Saímos do posto e ela comentou, "Lá se vão 500 reais em poucos minutos". Pois é, entre esses e tantos outros custos comuns para se manter um carro, parece óbvio que minha mão não precisa mais dele, pelo tão pouco que usa.
Falamos um pouco sobre isso na volta para casa, e concluímos que o carro ainda faz sentido para ela. Por mais prático e barato que seja chamar um motorista de aplicativo, ter um carro é cômodo. E como coração de mãe e vó é do tamanho do mundo, ela gosta de saber que seu Tiida é útil para mim, nas quartas-feiras que não posso rodar com o Sentra por conta do rodízio, ou mesmo saber que posso contar com ela para levar ou buscar minha filha em algum lugar, quando eu não posso.
Para ela, todos esses custos do Tiida, que não são poucos, se justificam com essa comodidade.
Muito se fala sobre a necessidade de ter ou não ter um carro. Por conta do alto custo, entre comprar e manter, é cada vez mais comum se deparar com alguém fazendo contas de quanto poderia economizar se dispensasse esse "luxo" em troca de transportes alternativos.
Agora vamos para as contas
Para quem pede minha opinião, eu sempre digo, em tom de brincadeira, que é melhor nem fazer a conta, pois serão grandes as chances de se convencer de que o melhor é não ter carro mesmo. E como eu não quero ficar sem o meu, prefiro não saber quanto poderia economizar sem ele.
Mas falando sério, a conta não é nada simples.
- Recomendo que registre, em um período de 30 dias, quanto gastaria com transporte alternativo. Não precisa utilizá-lo de fato, mas apenas registrar. É só se imaginar sem carro e calcular quanto gastaria para chegar no seu destino.
- No caso dos carros de aplicativos, apenas cote quanto ficaria o custo, mas obviamente sem confirmar a viagem. Nos ônibus e metrôs, não se esqueça de considerar o número de pessoas que está com você, já que o custo é individual.
Mais contas
Até aqui, é bem fácil de chegar num valor exato. Difícil mesmo é saber quanto seu carro custa por mês para poder comparar.
- Some os custos anuais de IPVA, DPVAT, licenciamento e seguro, e divida pelos 12 meses. Para ser justo com o custo do combustível, registre a quilometragem que está no odômetro no primeiro dos 30 dias, e depois considere apenas o que rodou no período.
- Calcule o custo de acordo com o consumo médio do carro. Não aquele que o fabricante divulga na ficha técnica, mas sim o quanto a carro rende no seu uso.
- Registre todos os pedágios e estacionamentos do período. No caso do estacionamento, considere quanto você poderia ganhar com o aluguel da sua vaga, caso não tivesse carro.
- Sobre depreciação, outra conta bem complicada, pois é preciso considerar inflação do período que está com o carro, custo do dinheiro que foi descapitalizado para a compra dele, e mesmo assim a conta nunca será verdadeira, pois você só vai saber quanto o carro vale de fato, no dia da venda.
- Sobre multas e manutenção, some tudo que foi gasto desde que está com o carro, e divida por esse mesmo período.
Diante de tantas variáveis, o máximo que você vai conseguir é um valor próximo da realidade. Compare esse custo com aquele que teria com o uso de transporte alternativo nesses 30 dias e veja qual deles se saiu melhor.
A verdade é que isso é um tema subjetivo. Ninguém contesta a comodidade em ter um carro na garagem, sempre disponível para ir para qualquer lugar. Cabe a cada um entender o quanto está disposto a pagar por essa comodidade.
No meu caso, por exemplo, tenho certeza que o carro me dá mais gastos, mas me livra de situações bem desconfortáveis, como enfrentar o metrô de São Paulo nos horários de pico. Qualquer que seja o gasto a mais que tenho e enquanto puder pagar por ele, continuarei tendo meus carros na garagem.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.