Câmbio automático: os bons e as roubadas das marcas francesas e japonesas
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Na coluna da semana passada iniciei a série sobre melhores e piores câmbios automáticos do mercado atual. A preferência por carros que dispensam o pedal da embreagem é cada vez maior, e por isso desperta curiosidade quanto ao seu custo de manutenção.
Comentei sobre os principais câmbios dos quatro fabricantes mais tradicionais no nosso mercado: VW, Chevrolet, Ford e Fiat. Esse grupo, comumente chamados de "quatro grandes", já não domina o mercado com antigamente. Marcas como Hyundai, Renault e Toyota deixaram de ser coadjuvantes há muito tempo e por vezes invadem o ranking das mais vendidas.
Nesta segunda parte da série falarei sobre os carros de origem japonesa e francesa. Na próxima semana, encerro com outras marcas importantes, como as coreanas Hyundai, Kia e Ssangyoung, além das alemãs Mercedes-Benz, BMW e Audi.
Honda
Câmbio de 4 marchas: A Honda sempre optou por fabricar seus próprios câmbios. A reputação é das melhores e poucos problemas são relatados, principalmente se consideramos que é uma marca com vendas bem expressivas. No caso do câmbio de 4 marchas, que equipou vários modelos antigos de Civic, Accord e CR-V, são todos muito bons. Somente os donos de Civics entre 2001 e 2002 devem ficar atentos a manutenção do câmbio, pois nesses anos a Honda optou por colocar um filtro simples, que prejudicou bastante a durabilidade do câmbio. Em 2003, colocou um filtro duplo que resolveu o problema.
Câmbio de 5 marchas: Tido como inquebrável, esse câmbio automático de 5 marchas é dos melhores do mercado. O Civic usou e abusou desse câmbio entre 2007 e 2016, sendo seu principal atrativo frente ao seu rival Corolla, que insistia no de 4 marchas nessa época. O Fit usou em sua segunda geração e o City na primeira. CR-V e Accord também beberam dessa fonte, onde todos tiveram muito sucesso comercial. Claro que o termo inquebrável é força de expressão, mas o dono que realizar de forma preventiva a manutenção desse câmbio, dificilmente terá algum problema.
Câmbio CVT: Presente em quase todos os modelos atuais da Honda (exceto o Accord e seu incrível câmbio de 10 marchas), esse tipo de câmbio sem marchas definidas tem se mostrado bem eficiente. Porém, tem aparecido algumas reclamações, algo que não acontecia no anterior de 5 marchas. Ainda que sejam poucas, diante da quantidade de Hondas que são vendidos, exige mais atenção com a manutenção. O Fit foi o único Honda que usou câmbio CVT no passado, em sua primeira geração. Mas não é o mesmo câmbio presente nos atuais Fit, City, WR-V, HR-V, Civic e CR-V. Esse CVT do primeiro Fit é tido como muito eficiente, e não por acaso consegue fazer com que esses antigos Fits continuem caros. Porém, tem histórico de quebra, ou seja, muita atenção com a manutenção.
Toyota
Câmbio de 4 marchas: Donos de oficinas de câmbio automático relatam que os Toyotas só entram em suas garagens para manutenção preventiva. A invejável reputação de qualidade da Toyota muito se deve a eficiência de seus câmbios automáticos. No caso do de 4 marchas, de tão bom, ainda é oferecido na linha Etios, tanto o hatch quanto o sedã. Já o Corolla, insistiu nesse câmbio até 2015, cedendo à pressão do mercado que pedia por um câmbio mais moderno. Como nem tudo são flores, até a Toyota tem sua ovelha negra na família, que no caso são os Corollas com motor 1.8 entre 2009 e 2012. Por incrível que pareça, são câmbios problemáticos e com histórico de quebras.
Câmbio CVT: O primeiro Toyota com câmbio CVT foi o RAV4 em 2013. Depois se estendeu ao Corolla em 2015, e ao Yaris desde o seu lançamento. Apesar de não ter marchas, simula a troca delas, para que a dirigibilidade seja mais prazerosa. Esse câmbio é muito bom e tem tudo para manter a reputação da Toyota em alta.
Nissan
Câmbio de 4 marchas: Fora de linha na Nissan, o câmbio de 4 marchas equipou os modelos Tiida e Livina com motor 1.8. Ótimo câmbio em termos de robustez mecânica, exige apenas manutenção preventiva de troca de óleo, como qualquer outro câmbio automático.
Câmbio de 5 marchas: Apenas a picape Frontier da geração passada usou câmbio de 5 marchas, e infelizmente o histórico não é dos melhores. Muitas reclamações por conta de quebras e do custo elevado do reparo. A atual Frontier se livrou desse mal, com um bom câmbio automático de 7 marchas.
Câmbio CVT: Hoje em dia, boa parte dos sedãs médios usam câmbio CVT, mas o primeiro a usar esse tipo de caixa foi o Sentra, em 2008. É o mesmo câmbio desde então, porém ganhou um radiador extra na atual geração, que começou em 2014. O câmbio é bom, mas tem relatos de sobreaquecimento nos antigos por conta da ausência desse radiador. Outros modelos com CVT na Nissan, como March, Versa e Kicks, usam outro câmbio CVT, mais adequado ao menor peso e torque desses carros. Também é um bom câmbio, sem histórico de quebras.
Mitsubishi
Câmbio CVT: O mesmo câmbio utilizado pelo Nissan Sentra, está presente nos Mitsubishis Lancer, ASX e Outlander com motor 2.0. Apenas a parte eletrônica é diferente e permite que o motorista simule trocas de marchas pela alavanca ou pelos paddles shifts atrás do volante. Como nos primeiros Sentras, não tem o radiador extra e também sofrem com reclamações de sobreaquecimento.
Câmbio de 4 marchas: Alguns modelos da Mitsubishi usaram câmbio de 4 marchas ao longo dos anos, como Pajero Sport antiga, Pajero Dakkar entre 2010 e 2013, Pajero TR4 e os antigos Galants. Câmbios ótimos, de reconhecida robustez mecânica.
Câmbio de 5 marchas: Evolução do câmbio de 4 marchas, o de 5 marchas equipa L200 Triton e Pajero Dakar pós 2014 e a Pajero Full. Também um ótimo câmbio.
Câmbio de 6 marchas: Presente somente nas Outlanders com motor V6 ou à diesel, faz jus a tradição dos bons câmbios automáticos nos modelos da Mitsubishi.
Peugeot e Citroën
Câmbio de 4 marchas: Como todos que acompanham o mercado automotivo, Peugeot e Citroën fazem parte do mesmo grupo, portanto compartilham exatamente a mesma mecânica em seus carros. Ambas usaram por muitos anos transmissões de 4 marchas que ficaram famosas por serem bem problemáticas. Modelos como 206, 207, 208, 307, 308, 407, 408 e 2008 da Peugeot e Xantia, Xsara, C3, C4 e C5 da Citroën, são renegados no mercado de usados quando equipados com câmbio automático. Conversando com um profissional do ramo de câmbios automáticos, ele revelou que esses modelos são os "carros chefes" da oficina, se referindo ao fato do grande número de carros que recebe para fazer manutenção corretiva.
Câmbio de 6 marchas: Depois de anos insistindo num câmbio que só prejudicou a imagem desses franceses, hoje ambas as marcas usam uma caixa de origem japonesa com 6 marchas. Essa sim é muito boa e eficiente. Está presente em toda linha atual, nos motores 1.6 aspirado e turbo.
Renault
Câmbio de 4 marchas: Assim como suas conterrâneas Peugeot e Citroën, a Renault também se deu mal nos modelos com câmbio automático, afinal de contas, era exatamente o mesmo dessas outras francesas. Na verdade ainda é, pois equipa a versão 2.0 da Captur. Também esteve até pouco tempo atrás na Duster 2.0, na primeira geração de Logan e Sandero e nos finados Megane e Scenic. Nas últimas duas décadas, esse câmbio prejudicou muito a imagem dos carros franceses e eu não compreendo o motivo de ainda estar em linha.
Câmbio Easy'R: Os carros com câmbios automatizados de uma embreagem, na minha opinião, são péssimos de guiar. O Easy'R, presente nos Logan e Sandero da segunda geração, não foge a regra. Pelo menos tem o recurso do avanço lento, que facilita a vida do motorista em manobras, mas ainda assim não recomendo a compra.
Câmbio CVT: Nem todos sabem, mas o Renault Fluence compartilhou a mesma mecânica do Nissan Sentra, ou seja, usa o mesmo câmbio CVT em versões com motor 2.0 aspirado. Diferente do Sentra, sempre teve o radiador extra e o recurso de simular trocas de marchas pela alavanca. Mais recentemente, Duster, Captur, Sandero e Logan também são oferecidos com câmbio do tipo CVT em seus motores 1.6.
Considerações
Sobre manutenção de câmbio, na primeira parte da coluna recomendei intervalos de 50 mil km para troca de óleo na maioria dos casos, sendo que em alguns mais problemáticos é melhor diminuir a troca para 30 mil km. Alguns leitores entenderam ser uma manutenção muito conservadora, e deram vários exemplos de carros com alta quilometragem que não passaram por manutenção e tampouco tiveram qualquer tipo de problema. Também citaram fabricantes que não recomendam a troca de óleo, inclusive relataram concessionárias que se recusaram a fazer o mesmo.
Já adianto que esse tipo de opinião é polêmica mesmo. Tem os que defendem a troca e os que seguem à risca o que o fabricante recomenda. Eu sou da primeira turma, que opta por substituir o óleo do câmbio dos meus carros, mesmo que o fabricante não recomende. Não por acaso, as oficinas especializadas em câmbios automáticos estão lotadas com casos de manutenção corretiva, bem mais cara que a preventiva troca de óleo.
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