Salvem as peruas! Por que elas ainda são melhores que os populares SUVs?
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No último fim de semana, estive em um evento bem bacana para apaixonados por carros. Foi o 6º aniversário da "Save The Wagons" ("Salvem as Peruas", que contou com a participação de muitas peruas, para todos os gostos e bolsos.
A "Save The Wagons" nasceu em 2013, quando Danilo Mottin, um entusiasta de tudo que tem motor, percebeu que a categoria das peruas estava em baixa. A ideia era resgatar a história desses fantásticos carros, que aqui no Brasil fizeram muito sucesso até pouco tempo atrás, quando a preferência das famílias passou a ser pelos SUVs.
Nesses 6 anos, ele conseguiu reunir milhares de amantes e donos desses carros, sendo que regularmente promove encontros e eventos de peruas.
Hoje ele é dono de algumas peruas, sendo algumas bem inusitadas. A última aquisição, esteve nesse evento, em Araçariguama, interior de São Paulo. Trata-se de uma raríssima Chevrolet Cavalier, perua norte-americana que utiliza a mesma plataforma do nosso querido Chevrolet Monza. Com desenho próprio, mas com muito mais luxo e requinte, essa perua Cavalier tem ainda um belo motor de 6 cilindros embaixo do capô. Nada muito potente, mas bem mais suave que os tradicionais 4 cilindros.
Já o nosso Monza nunca teve uma versão perua aqui no Brasil, pelo menos é o que a maioria acredita. Na verdade, alguns poucos Monzas foram transformados em peruas por empresas independentes, e o Danilo também é dono de um que está em processo de restauração e que também já participou de outros eventos.
O que rolou no evento?
Logo que cheguei, a primeira perua que chamou minha atenção foi uma Palio Weekend da primeira geração. Não que seja rara, mas não é sempre que vemos uma em ótimo estado de conservação como a vermelha que estava lá.
Olho para o outro lado e vejo algumas peruas Volvo, sendo uma delas do início dos anos 90, quando a Volvo ainda abusava das linhas retas nos desenhos de seus carros. A charmosa 940 turbo, mais parece um tanque de guerra inquebrável.
Não faltaram as clássicas nacionais, ou seja, estavam lá Caravans, Belinas, Paratis, Mareas Weekend e tantas outras.
Mas as que mais chamaram minha atenção foram as que dificilmente temos a oportunidade de ver nas ruas. Uma, em especial, com quase cinco metros e meio de comprimento. É a luxuosíssima Buick Roadmaster, que eu fiquei na dúvida se paga IPVA ou IPTU. Outra bem curiosa foi uma perua Ford Galaxie transformada em ambulância, inclusive com estofamento todo branco. Se for para me internar, me levem nessa Galaxie.
A estrela do dia foi a perua Audi S4, que foi do saudoso tricampeão de Fórmula 1 Ayrton Senna. Não teve como não me emocionar ao sentar no banco do motorista e tocar no mesmo volante que um dia foi pilotado pelo Ayrton. Vale dizer que, apesar do nome, essa perua não tem nada a ver com a família A4. Ela é de uma fase que a Audi ainda não classificava suas categorias com um número depois da letra A. O embrião dela é o antigo Audi 100.
Chiqueirinho
Fiquei surpreso com a quantidade de peruas que estavam lá, com terceira fileira de bancos no porta malas. Resgatou em mim, a lembrança do famoso "chiqueirinho", nome carinhoso que damos para o porta-malas das peruas, que muitas vezes eram usados para transportar crianças em curtas viagens, quando os outros assentos estavam ocupados por outras pessoas. É claro que isso não era nada seguro, mas não posso mudar o passado.
Porém, nessas peruas com terceira fileira, o chiqueirinho é bem mais digno. Por mais que os bancos sejam pequenos, é incomparavelmente mais seguro, além de não infringir nenhuma lei de trânsito.
Por que as wagons são melhores que os SUVs
Pouco importa a minha preferência por peruas em vez dos SUVS. O mercado é soberano e é ele que escolhe o que fica e o que sai. As peruas estão agonizando no mundo todo e a tendência é que um dia elas fiquem apenas na nossa lembrança.
Mas não tem como negar as qualidades de uma boa perua, principalmente diante de alguns pesados e desajeitados SUVs. As peruas, geralmente baseadas em sedãs ou hatchs, são mais leves que os SUVs. Com isso, temos ganhos de eficiência, ou seja, menor consumo de combustível e menor desgaste de peças.
Aliás, peças de reposição de SUVs são sempre mais caras. Compare o preço dos pneus, freios, suspensão... sempre serão mais caros que as peruas. Também são menos estáveis, já que o centro de gravidade é mais alto. E o aproveitamento interno, nem sempre é superior, principalmente no espaço para bagagens, que alguns SUVs passam vergonha.
Quais restam
Poucas peruas estão disponíveis no nosso mercado de novos. No evento, duas delas chamou minha atenção: Volvo V60 e a Audi RS4. Está claro para mimas outrora populares peruas estão se tornando carros exclusivos. Nas marcas generalistas, somente a Fiat Weekend e a VW Spacefox, dois projetos antigos que despertam pouco interesse no público. Ou seja, se você faz questão de levar uma perua nova para casa, prepare o bolso para partir para as marcas de luxo.
Felizmente, o mercado de usados ainda guarda boas opções. Destaco a Renault Megane Grand Tour e a Toyota Fielder para quem está com a grana curta, e as VW Jetta e Golf Variant para quem pode esticar um pouco mais o orçamento.
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