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Carros renegados: 7 bons modelos que não caíram no gosto dos brasileiros

Colaboração para o UOL

19/09/2019 04h00

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Na semana passada, negociei a venda de um dos carros de um casal de amigos, que me pediu para anunciar o veículo em outubro do ano passado. Sim, é isso mesmo que você leu. Foram longos 11 meses para alguém comprar o carro.

Está certo que não nos esforçamos muito para vendê-lo ao longo desses meses. Para entender melhor, eles sempre tiveram dois carros, mas refizeram contas e concluíram que poderiam ficar apenas com um. Sendo assim, não existia uma urgência para essa venda e não fazia sentido vender por qualquer preço.

Anunciamos num valor acima da média, mas nada muito distante da realidade. Primeiro mês, nada. Segundo mês, nada. Terceiro mês, nada. E foi assim, até a semana passada. Para mim, não fazia sentido a baixa procura, pois se tratava de um ótimo carro, pouco rodado e com boa procedência.
Estava claro que o mercado não estava com a mesma percepção que a minha. Inclusive, no mercado de novos, ele também não vai bem.

Enfim, depois de concretizarmos o negócio, combinei de levar o carro para os novos donos. Nos 20 km que andei com o carro, tive ainda mais certeza de que aquele era sim um ótimo veículo.

E foi nessa pegada que comecei a pensar em outros modelos que passam pelo mesmo infortúnio. Ou seja, bons carros que atendem muito bem a seus donos, mas que por algum motivo são renegados pela maioria das pessoas. Logo de cara, começo com o carro desse casal de amigos, inspiração para essa coluna.

Nissan March

Nissan March - Divulgação - Divulgação
Imagem: Divulgação

Não faltam qualidades no pequeno hatch da Nissan, que começou importado do México, mas em 2015 passou a ser fabricado aqui. Com bom aproveitamento de espaço interno, mecânica robusta e motores eficientes, tinha tudo para ser um dos mais vendidos. Em especial as versões com motor 1.6, que são excelentes em desempenho e gastam muito pouco combustível.

Qualquer um que anda nesse carro se rende a todas essas qualidades. Acredito que fogem desse carro pela má fama que a Nissan tem com o custo de manutenção. Mas basta conversar com mecânicos para descobrir que raramente um March pede por algo que não seja a tradicional troca de óleo.

É possível que alguns pensem que ainda é importado, o que explicaria o baixo interesse por ele no mercado de usados. A boa notícia é que, com isso, ele é barato. Convido o leitor a pesquisar por modelos usados do Marchs na versão mais completa, a SL. Compare com outros concorrentes e me diga se é ou não uma opção interessante.

Renault Clio

Renault Clio - Murilo Góes/UOL - Murilo Góes/UOL
Imagem: Murilo Góes/UOL

Durante muitos anos o competente Clio foi coadjuvante nos rankings de vendas de carros novos. Nunca incomodou concorrentes consagrados com Volkswagen Gol e Fiat Palio. Porém, sempre que tenho a oportunidade de guiar um, me delicio com sua condução "nervosa", em que a potência aparece em altos giros. Isso porque a esmagadora maioria dos Clios saíram com cabeçotes multiválvulas em seus motores 1.0 e 1.6, mas sem comandos variáveis.

Mesmo quando todos concorrentes já tinham abandonado as 16v em seus motores 1.0, a Renault o manteve assim até o fim de sua vida. Talvez seja esse o motivo da pouca procura por Clios usados, já que compradores desses carros mais baratinhos priorizam o menor custo de manutenção possível, algo que encontram em motores mais simples de modelos das marcas mais tradicionais.

Acho bobagem, pois nem é tão caro assim manter um Clio que, em troca, oferece desempenho melhor que os outros. Tanto que, na minha visão, ainda é uma boa compra na faixa abaixo dos R$ 20 mil.

Chevrolet Sonic

Chevrolet Sonic - Divulgação - Divulgação
Imagem: Divulgação

Foram poucos os anos em que o Sonic esteve entre nós. E hoje ouço mais falarem mal do que bem do pobre carro. Sou da turma que fala bem, e com propriedade. No ano passado fui guiando um de São Paulo a Limeira, em uma viagem de aproximadamente 150 km. O carro é bom demais, ainda mais quando olhamos para os atuais preços dele no mercado de usados.

Com câmbio automático e controlador de velocidade como atrativos, a relação custo/benefício é das melhores. Para quem pensa que o motor 1.6 16v é de difícil manutenção, saiba que ele faz parte da "Família I" da GM, bloco que vendeu aos milhões em Chevrolets com motores entre 1.0 e 1.8.

Fiat Freemont

Fiat Freemont - Murilo Góes/UOL - Murilo Góes/UOL
Imagem: Murilo Góes/UOL

Todo mundo fala que não anda nada e bebe muito. A segunda parte é verdadeira, mas o que esperar de um carro tão pesado quanto a Freemont que, dependendo da versão, pode levar sete ocupantes. Nesse tipo de carro não há milagre com a eficiência. Entretanto, aqueles que precisam de um carro confortável e espaçoso encontram nessa Fiat uma opção interessante.

Quando andei em uma me surpreendi com o motor 2.4. De tanto que ouvi falarem mal, esperava menos, mas não foi o que aconteceu. Tem desempenho aceitável para a proposta e é melhor ainda nos últimos anos, quando ganhou câmbio de seis marchas. Não entendo o motivo de tantas críticas à Fiat Freemont.

Fiat Linea

Fiat Linea - Murilo Góes/UOL - Murilo Góes/UOL
Imagem: Murilo Góes/UOL

Desde o fim da vida do Tempra, a Fiat nunca mais conseguiu boas vendas em seus sedãs médios. O Linea sofreu por tentar rivalizar com os consagrados japoneses, mas sequer ofereceu um bom câmbio automático, preferência dos compradores da categoria.

Porém, aqueles com câmbio manual são ótimos de andar e não podem ser descartados. Além disso, o Linea é muito bonito, pelo menos na minha opinião. Mas ninguém quer, tanto que é indesejado por revendedores de carros.

Ford Focus

Ford Focus - Murilo Góes/UOL - Murilo Góes/UOL
Imagem: Murilo Góes/UOL

Outro que nunca emplacou, mas nesse caso sempre teve boa reputação. O acerto do carro sempre foi dos melhores. Mas morreu no início do ano, e não deve deixar saudades. Já escrevi uma coluna inteira dedicada ao Focus, modelo que sofreu com as escolhas erradas da Ford. Porém, aos entusiastas que estão com orçamento baixo, nada como um bom Focus com câmbio manual.

VW Jetta 2.0 aspirado

VW Jetta - Divulgação - Divulgação
Imagem: Divulgação

O Jetta é daqueles raros casos em que uma versão é idolatrada e outra é odiada. No mercado de usados, os famosos Highlines tem poderosos motores turbo com 200 ou 211 cv. Já a versão de entrada vinha com o modesto 2.0 aspirado de 120 cv. É claro que seu desempenho é bem inferior, mas ele está longe de ser um carro ruim. Já andei em alguns e posso afirmar que o motor atende as expectativas da maioria dos motoristas.

O câmbio automático tem seis marchas e ajuda a extrair o máximo do motor. As vantagens estão no custo de manutenção, que é bem baixo quando comparado com o turbo. E dependendo do pacote de opcionais, quase se iguala com o Highline.