Como novo Onix fará despencar o valor do carro usado que você tem em casa
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Sempre que falamos sobre preço dos carros no Brasil, as discussões são acaloradas. Parece unânime a opinião de que são muito caros, mas a verdade é que todos os meses milhares de veículos novos ganham as ruas, custem o que custar.
E não adianta reclamar e defender um boicote aos fabricantes, pois isso nunca vai acontecer. Os preços não cairão consideravelmente, pois os custos de produção também são altos. E, quando acontece alguma queda significativa nas vendas, o governo faz sua parte e muda a tributação para atrair o público para as concessionárias, já que é de interesse dele que a economia não pare.
Foi o que aconteceu há alguns anos, com a redução do IPI. O mercado de novos que estava fraco e ficou aquecido, ainda mais que era sabido que esse benefício tinha data para acabar. Com a semente da escassez plantada em nossas mentes, lotamos a concessionárias para garantir a compra do carro novo.
Excelente negócio para quem não tinha carro, pois o desconto foi real e generoso. Mas, para uma boa parte que já tinha um carro e precisava se desfazer dele, talvez não tenha percebido que, no fim das contas, teve que colocar uma diferença muito parecida com o que seria numa situação normal. Talvez até maior. Isso porque, se o carro novo está mais barato, o usado tem que ser ainda mais barato. São como as pontas de um elástico, onde uma puxa a outra.
Nessa época, o mercado de usados sofreu muito. Lojistas fecharam as portas depois de passarem meses com baixas vendas. Quando vendiam, o valor nem sempre era superior ao preço pago pelo carro momentos antes da queda no IPI dos novos.
Imagine um comerciante ter que vender seu produto por um valor menor do que ele pagou. Pois é, o estrago foi grande e demorou um tempo para as coisas se equilibrarem novamente.
Novo Onix
Assim como a queda no IPI, prevejo que a Chevrolet será a próxima responsável pelo estrago no mercado, tanto de novos quanto de usados.
No mês passado, ela apresentou o novo Onix Plus, que entra no lugar do Prisma como o sedã da família Onix. Já o novo hatch deve vir no mês que vem.
Dois fenômenos de vendas, Prisma e Onix nunca foram os mais baratos, não tinham a mecânica mais moderna, não eram os mais econômicos, não eram os mais espaçosos e tampouco os mais seguros. Aliás, em segurança, o velho Onix foi bem mal nos testes, mas nada disso abalou sua imagem e seguiu vendendo mais que os concorrentes.
Agora com o novo, que melhorou em praticamente tudo, parece tornar-se imbatível. Diferentemente do que vimos no passado, onde os antigos líderes entraram numa zona de conforto, a Chevrolet não dormiu no ponto e, de fato, ofereceu algo bem superior.
O melhor de tudo é que os preços não mudaram tanto. Se formos computar todas as melhorias, chegamos a duas questões: ou os velhos Onix e Prisma eram muito caros, ou os novos Onix e Onix Plus estão bem baratos.
Analisando a concorrência, a segunda opção é a mais plausível, e é por isso que o impacto será grande no mercado.
Convido o leitor a acessar o site da Chevrolet e brincar com as configurações do Onix Plus. Ainda não é possível fazer o mesmo com o hatch, que ainda não está disponível para venda. Mas os preços das versões também já foram divulgados.
A que mais chamou minha atenção pela boa relação custo/benefício foi a versão LT automática do Onix Plus, que já vem com 6 airbags, controles de estabilidade e tração, central multimídia e motor 1.0 turbo. Tudo isso por R$ 66.500.
Sei que é muito dinheiro, mas compare com outros sedãs oferecidos pela concorrência e tenho certeza de que você vai concordar comigo. Nenhum oferece tanto por pouco.
Com esses preços agressivos da Chevrolet, os concorrentes terão que se mexer num curto prazo, caso não queiram ficar com os pátios lotados de carros encalhados.
Já no mercado de usados, muitos modelos devem perder bastante seu valor médio. Carros com pouco tempo de uso, ou seja, um ou dois anos, são os que mais vão sofrer. Tem exemplos de concorrentes diretos do Onix Plus, que mesmo com um ano de uso, são mais caros e menos completos que o sedã da Chevrolet.
Eu, que sempre incentivo a compra de carros usados, tenho que reconhecer que, nesta situação, não faz sentido pagar mais caro por um usado que, ainda por cima, é mais simples.
É natural o público perder interesse por esses carros, que só serão vendidos se os preços caírem bastante.
Parece que estou reclamando ou achando ruim esse cenário, mas é o contrário. O mercado é soberano e se adapta a tudo. Se os usados perderão valor por conta disso, que percam e se adequem à nova realidade.
É uma boa notícia para o comprador, que terá ainda mais argumentos para conseguir bons descontos, seja no mercado de novos ou de usados.
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