Carros adulterados: 5 mudanças que colocariam fim ao golpe da quilometragem
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Já pensou em comprar um carro com 65 mil km e depois descobrir que, na verdade, ele rodou quase quatro vezes mais do que isso? Pois foi o que aconteceu com esse pobre Nissan March da foto que ilustra essa coluna.
Em dezembro do ano passado, recebi pelo WhatsApp a oferta de um March com 228 mil km. Ao lado da quilometragem, a informação "sem ECV", uma mensagem que indica que ainda não havia registro de quilometragem nos bancos de dados das empresas de vistoria. Com isso, o comprador pode adulterá-la antes de passar pela vistoria obrigatória para transferência.
Por se tratar de uma quilometragem bem alta, fiquei curioso e passei a acompanhar, pelo site do Detran, o que seria do futuro do pequeno Nissan. Dois meses depois, aconteceu o que eu já previa.
O comprador do March, certamente um profissional que trabalha com compra e venda de carros, "transformou" o carro em uma máquina do tempo, e agora ele ostenta uma quilometragem bem mais atrativa, dentro daquela "média" de 12 mil km por ano.
Somente depois disso foi feita a vistoria no carro - que foi aprovada e teve registrado no banco de dados a marca de 65 mil km rodados. Ou seja: nem mesmo as obrigatórias vistorias de transferência inibem esses criminosos.
Se você ficou indignado, não se surpreenda. Infelizmente, isso acontece com muita frequência no mercado de usados. Assim que falei sobre isso nas minhas redes sociais, não faltaram comentários de pessoas que já passaram por essa situação. A revolta é maior quando descobrem que não existe uma maneira exata e precisa de descobrir possíveis adulterações nas quilometragens.
A verdade é que isso só existe porque o sistema de controle é falho, e também porque o brasileiro se assusta fácil com altas quilometragens.
Inconscientemente, muitos preferem comprar um carro adulterado que indica uma quilometragem baixa do que adquirir outro com alta rodagem, mas sem adulteração. Estão sendo enganados, mas nem sabem disso.
E como podemos mudar esse processo? Seria possível acabar de vez com as adulterações? Adoraria que esse dia chegasse, e pensei em cinco ações para isso. Ao comprador do Nissan March Time Machine, lamento que tenha caído nesse golpe
Odômetros padronizados
Os carros mais antigos usavam odômetros mais simples. Bastava desmontar o painel, quebrar o lacre da peça e voltar os números com a própria mão. Com tudo de volta no lugar, a adulteração só era descoberta se o comprador desmontasse o painel novamente para checar o lacre. Por motivos óbvios, ninguém fazia isso.
Já os carros mais novos, com muito mais eletrônica embarcada, passaram a ter odômetros digitais. Se engana quem pensa que ficou mais difícil, pois basta conectar um aparelho próprio para isso na central eletrônica do carro e a adulteração é feita.
Minha sugestão seria que todos os carros passassem a ter odômetros padronizados, com um lacre visível. Por questões estéticas, nem precisariam ficar no painel, mas sim no cofre do motor, em local de fácil acesso.
O que fica no painel não pode ser descartado, pois é extremamente útil para o motorista no dia a dia. No momento da compra, bastaria comparar a quilometragem que está no painel com esse outro odômetro.
GPS integrado
Todos nós valorizamos nossa privacidade. Nem sempre é preciso dar satisfações de onde estamos ou o que estamos fazendo. Sendo assim, ter um GPS no carro que pudesse controlar a quilometragem não parece ser uma boa ideia.
Mas sugiro algo que não registre os trajetos feitos, tampouco os locais visitados. Apenas uma ferramenta que compute as distâncias rodadas, com o auxílio dos satélites que alimentam os GPS.
Vistorias anuais
Não é nada cômodo ser forçado a levar o carro a uma vistoria anual. Mas vejo como um mal necessário que, no fim das contas, é benéfico para todos. Nesse caso, não é apenas o registro da quilometragem que seria feita, mas sim uma avaliação completa sobre as condições de rodagem do veículo.
Monitoramento via oficinas mecânicas
Insisto para que as pessoas guardem os comprovantes das manutenções que são feitas nos carros, mas a realidade é que poucos fazem. Grande parte dos carros que eu avalio não preserva nada disso.
Sugiro que as oficinas mecânicas tenham como registrar isso em um banco de dados padronizado, que pode ser consultado por qualquer um. Algo similar ao que acontece nas vistorias de transferência, que informam a quilometragem para o Detran.
A vantagem é que os registros não se limitariam somente ao momento da transferência. No caso do Nissan March, ele certamente passou por várias manutenções ao longo dos 228 mil km que tinha em dezembro. Com o registro de todas elas, o odômetro jamais seria adulterado.
Inclusão da quilometragem no documento de transferência
O DUT, ou Documento Único de Transferência, poderia incluir a informação da quilometragem que o carro tem no momento da transferência. Dessa forma, o processo desse registro viria antes da vistoria.
Com isso, o antigo proprietário se resguardaria de uma possível adulteração que alguém venha a fazer no futuro.
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