De Kombi a TR4: 6 carros que já deram adeus e fazem falta nos dias de hoje
Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail
Sou saudosista, e isso não é novidade para os leitores. Mas sejamos sinceros: quem não tem um pouco de saudosismo dentro de si? Entramos em uma zona de conforto quando lembramos de algo do passado, pois nossa mente é automaticamente lançada para uma época específica, e geralmente nos recordamos apenas das coisas boas. Com isso, seguimos acreditando que tudo era melhor no passado, mesmo que não fosse.
O meu saudosismo está ligado aos carros. Gosto muito daqueles modelos que fizeram parte da minha infância e que, por motivos óbvios, não poderiam ser guiados por mim. Hoje, sou privilegiado por trabalhar com o que gosto. Como Caçador de Carros, passei a ter contato com centenas de modelos que só conhecia pelas revistas.
Quando tenho a chance de avaliar um desses carros do passado, tento apreciar e entender as soluções adotadas naquela época. Não são raros os momentos que lamento quando uma solução inteligente não tenha tido continuidade, seja por custos de produção ou baixa aceitação do público.
Para essa coluna, resolvi lembrar de modelos que fazem falta no nosso atual mercado. São carros que saíram de linha sem deixar um sucessor, nem mesmo na concorrência.
Confesso não entender como, em um país tão grande e populoso como o nosso, esses carros ou essas categorias deixaram de fazer algum sentido do ponto de vista comercial. Por aqui, caminhamos cada vez mais para modelos que são bons para o próximo comprador. Ou seja: não compramos pensando no nosso gosto pessoal, mas sim naquilo que é mais fácil de vender no futuro.
Fiat 500
Começo com o charmoso Fiat 500, ou "Cinquecento" para os mais íntimos. Nessa semana, a Fiat divulgou o interesse em voltar a importar o modelo, mas seria somente em uma caríssima versão elétrica. É melhor que nada, mas será um carro tão exclusivo que dificilmente o veremos nas ruas com frequência.
Não foi o que aconteceu com o modelo anterior, que saiu de linha no Brasil há alguns anos. Não que fosse barato, na verdade sempre foi caro para aqueles que valorizam um veículo pelo tamanho dele. Mas até que teve boas vendas, principalmente quando passou a ser importado do México.
Você pode questionar o problemático câmbio Dualogic de algumas versões, do alto valor do seguro e de algumas peças, mas não é nisso que quero focar. A proposta do 500 é muito legal e não pode morrer no nosso mercado. Conheço muitas pessoas que adoram carros pequenos, por conta da agilidade que se tem no dia a dia. Com cerca de 3,5 metros de comprimento, o 500 era de uma categoria que faz falta no nosso mercado.
Mitsubishi Pajero TR4
O primeiro carro do meu pai foi um Jeep Willys. Eram os anos 70, e esse tipo de carro era comum no nosso país, por ainda não termos tantas estradas e ruas asfaltadas. Na medida que avançamos nesse sentido, ele já não fazia tanto sentido e foi morrendo, aos poucos, até sair de linha. Décadas depois, a Mitsubishi apresentou o Pajero iO, que depois seria rebatizado de TR4.
A proposta de robustez e valentia no fora de estrada em um veículo de pequenas dimensões era parecida com a do Willys, com claras vantagens em conforto e segurança, de acordo com a realidade atual. Foi um sucesso, tanto que era comum ser vendido para quem jamais o colocaria na lama, mas apreciava o estilo aventureiro do jipinho. Mas, por algum motivo, deixou de ser fabricado pela Mitsubishi e não fez sucessor.
O mais próximo dele é o Suzuki Jimny, talvez ainda mais parecido com o saudoso Willys, mas a proposta é diferente. O TR4, com suas quatro portas, espaço de porta-malas e opção de câmbio manual, atende melhor quem quer um jipe para uso diário.
A procura por ele no mercado de usados é boa, mas já foi melhor. À medida que os anos vão passando, mais distante estaremos do último modelo fabricado, ou seja, as chances de encontrar um em bom estado diminuem. Uma pena não termos mais um jipinho como o Pajero TR4 no nosso mercado.
Mercedes-Benz Classe A - 1ª geração
Gosto de projetos diferentes, daqueles em que os engenheiros tiveram que pensar fora da caixinha para criar algo completamente novo. Foi o caso da 1ª geração do Mercedes-Benz Classe A. Conseguiram fazer um carro bem pequeno por fora, mas com ótimo aproveitamento de espaço interno, graças ao diferente posicionamento das partes mecânicas e dos bancos.
O resultado final, para mim, foi genial, mas o alto preço cobrado pelo pequeno Mercedes fez dele um grande fracasso no nosso mercado. Ainda assim, sinto falta de um sucessor desse tipo de carroceria. O atual Classe A é um ótimo carro, mas tão comum quanto qualquer outro.
Ford Ranger STX
Foi nos anos 90 que elas apareceram no nosso mercado: Ford Ranger, Chevrolet S10 e Dodge Dakota poderiam vir com charmosas cabines estendidas. Atendiam perfeitamente casais sem filhos, deixando espaço para eventuais caronas ou até para guardar objetos com mais segurança que a caçamba permite.
Essa, por sua vez, mantinha o tamanho das versões com cabine simples, dando um visual interessante para essas picapes. Perfeito para carregar bikes, motos ou qualquer outra coisa. Que jovem não gostaria de ter uma picape como essa? Mas, não sei o motivo, elas deixaram de existir.
Numa rápida pesquisa no mercado de usados, mais precisamente o mercado de clássicos, é possível ver como estão valorizadas. Arrisco dizer que a mais procurada das três citadas é a Ranger STX, a qual já tive o privilégio de avaliar. Diferente da atual Ranger, e até da S10 e Dakota daquela época, a antiga STX estava mais próxima de um automóvel de passeio do que de um veículo de carga.
Tinha mais de cinco metros de comprimento, mas a carroceria era baixa, a suspensão confortável e o motor extremamente suave. Perfeita para longas viagens, faz falta nos dias de hoje. E, se tem procura por elas no mercado de usados, por que não temos mais essa opção no mercado de novos?
Chevrolet Tigra
Era um Corsa em uma carroceria esportiva. Parece pouco, mas quando foi a última vez que você viu isso no nosso mercado? Talvez o mais próximo tenha sido o Citroën DS3, e só! Assim como a Ranger STX, esse tipo de carroceria atende muito bem um casal sem filhos, principalmente quando ainda jovens, por conta do apelo estético da carroceria.
Não são funcionais, mas são muito legais. O Chevrolet Tigra foi vendido em uma breve época que favoreceu a importação de tudo quanto é tipo de carro. Experimentamos uma rica variedade de opções, carrocerias, cores, motores, opcionais, etc. Hoje, mesmo que a economia voltasse a favorecer as importações, tenho certeza de que as marcas seriam mais conservadoras e trariam para cá, apenas o que vende bem.
VW Kombi
Claro que a "Velha Senhora" não poderia ficar fora dessa lista. Prática, robusta e barata, a Kombi foi o 'ganha-pão' de muitos brasileiros, e só saiu de linha por não conseguir mais atender a algumas exigências de segurança, como a obrigatoriedade de airbags e freios ABS.
Sei das limitações do projeto, mas vendia bem, o que indica que atendia à necessidade de uma fatia do mercado - que hoje só pode recorrer ao mercado de usados ou então dispor de uma quantia bem maior para levar uma dessas vans modernas de hoje. Teremos substituta para ela? Não, jamais teremos.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.