Carros injustiçados: 7 modelos que acabaram aposentados pelos SUVs
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A onda dos SUVs parece não ter fim. Até mesmo a clássica carroceria sedã ou a então esportiva cupê têm ganhado versões com pneus maiores e suspensão elevada. Eu entendo essa preferência do mercado que, como sempre digo, é soberano. Gosto de ter isso em mente para nunca acreditar que sou o dono da razão. Se boa parte dos consumidores estão optando pelos SUVs, é porque suas qualidades estão sendo valorizadas por eles.
E não é difícil listar quais são essas qualidades. Estou falando de posição de dirigir mais alta, de maior altura em relação ao solo, de bom espaço interno e, por último, mas não menos importante, a imagem que esses carros passam para as pessoas. Você pode até achar que isso é bobagem, mas não é.
Porém, nem tudo são flores. Os SUVs são mais pesados e, com isso, exigem motores mais potentes, que consequentemente gastam mais combustível. Por serem mais altos, o centro de gravidade também é mais alto e prejudica a dinâmica do carro. Se por um lado o espaço interno é bom, o mesmo não posso dizer do aproveitamento dele, já que a impressão que passam, quando vistos de fora, é que são maiores do que realmente são.
Eu, como um apreciador de carros sedãs, ainda não fui convencido de colocar um SUV na minha garagem. Mas, como disse, entendo e respeito a vontade da maioria.
O que não entendo é a quantidade de bons carros não-SUVs que acabaram aposentados. Se o mercado quer SUVs, então continuem oferecendo SUVs e suas variações. Mas qual o problema em continuar disponibilizando outras categorias para quem, assim como eu, não quer um utilitário?
Foi pensando nisso que resolvi listar bons carros que saíram de linha para dar lugar a um SUV.
Renault Megane Grand Tour
Um dos carros mais bonitos de todos os tempos, a Megane Grand Tour teve passagem discreta pelo Brasil. Em 2013, seu último ano/modelo, vinha numa configuração única, porém bem interessante. O motor 1.6 16V era o mesmo que a Renault usou por muitos anos em vários modelos. Junto com o câmbio manual, o conjunto dava boa performance para essa perua média, além de boas marcas de consumo.
O mais interessante era o pacote de equipamentos com mimos como ar-condicionado automático, controlador e limitador de velocidade, sistema de som com controle no volante, sensores de chuva e farol, e confortáveis bancos de veludo. Como se tudo isso não fosse o bastante, sua dirigibilidade era perfeita, por conta de excelente posição de dirigir e rodar confortável da suspensão.
O espaço interno foi muito bem aproveitado, oferecendo conforto para os ocupantes e bastante espaço de bagagem. De qualquer forma, por melhor que fosse, vendia pouco e saiu de linha. Em seu lugar, entrou o Duster. Não de maneira oficial, mas foi o carro que ocupou o espaço deixado pela Megane Grand Tour.
O mercado gostou do Duster, que sempre vendeu bem, mas não precisa ser especialista para ver que é um carro inferior ao que foi a Grand Tour. Não dá para dizer que a Renault errou em tomar essa decisão, mas sinto falta de um legítimo sucessor para a perua Megane.
VW Golf e Golf Variant
Um dos carros mais vendidos do mundo, com uma história riquíssima e respeitada, por aqui assumiu papel de carro médio, sempre mais caro que os VW mais simples. Nem por isso deixou de vender bem ou de ser desejado pelos brasileiros. Porém, o carro, que foi ficando cada vez melhor, também se tornou cada vez mais caro, justamente em uma época que os hatchs médios já estavam em baixa.
Assim com sua fantástica versão perua, conhecida como Golf Variant, que a VW até que teve boa vontade em insistir com ela. Pareceu não fazer sentido para a VW continuar com o Golf em seu catálogo. O leitor pode alegar que ainda existe a versão GTE, mas convenhamos que é um modelo para um público bem específico, de baixíssimas vendas.
Se pensarmos nos Golfs "normais", eles não existem mais como modelos novos, pelo menos no Brasil. Em seu lugar, a VW optou por focar no T-Cross e, mais recentemente, no Nivus. Bons carros, sem dúvidas, mas inquestionavelmente inferiores ao todo poderoso Golf. E olha que nem são baratos, mas atendem a necessidade do mercado em querer SUVs - e por isso vendem bem.
JAC J3
Um carro inusitado e já esquecido por muitos, tinha bastante potencial aqui no Brasil, mas morreu sem deixar sucessor. Quando foi apresentado no Brasil, vendeu relativamente bem, graças ao marketing agressivo, a farta lista de equipamentos de comodidade e preço muito competitivo. Era bom, mas poderia ser ainda melhor - e foi o que a JAC fez, quando disponibilizou o motor 1.5, visual renovado e interior melhor acabado.
Quando tive esse carro em mãos, fiquei surpreso com ele. Ótimo de guiar, com um motor que sobrava naquela leve carroceria. Consegui imaginar que faria sucesso, mas eu estava errado. Ele morreu aos poucos, e parece não ter deixado saudades.
Depois dele, a JAC não ofereceu mais carros dessa categoria e resolveu focar mais nos SUVs. Vários deles foram apresentados, mas poucos são vistos nas ruas. A verdade é que aquele sucesso que a JAC conseguiu nos primeiros anos parece distante de ser alcançado novamente.
Mitsubishi Lancer
A Mitsubishi tem tradição nos veículos com aptidões fora-de-estrada. Muito antes da moda dos SUVs, ela já vendia por aqui seus valentes Pajeros. Mas ela também chegou a disponibilizar carros de passeio, sendo o Lancer o mais conhecido deles. Esse sedã nunca foi dos mais vendidos, mas sempre foi bem visto pelo mercado.
A simplicidade e robustez mecânica, digna dos Mitsubishis, estavam lá. A versão GT chegou a ser oferecida com tração integral, além de controles de estabilidade e tração, vários airbags e teto solar. É um baita sedã, com ótima relação custo/benefício no mercado de usados. Porém, o foco da marca passou a ser para os SUVs, e o Lancer foi deixado de lado.
Não teve nenhum SUV específico que assumiu seu lugar, mas podemos dizer que ASX, Outlander e Eclipse Cross cumprem essa função, mesmo que de maneira indireta. São ótimos carros, sem dúvidas, mas sem o apelo da clássica carroceria sedã.
Citroën C4 Picasso e Grand C4 Picasso
Nave espacial é o termo que define bem o que são esses dois monovolumes da Citroën. Basta entrar em um deles para entender o que estou dizendo. O que difere uma da outra é o número de passageiros, sendo cinco para C4 e sete para a Grand C4. O maior barato desses monovolumes é sua excelente dirigibilidade, com posição de dirigir e centro de gravidade baixo, como nos sedãs, peruas e hatchs.
Na última geração oferecida no Brasil, vinham com o motor 1.6 turbo, o famoso THP, junto com a transmissão automática de 6 marchas. Parecia tudo perfeito para serem carros familiares de sucesso. Mas, na real, acho que consigo contar nos dedos das mãos quantas vi rodando na rua. Uma pena, pois teria fácil uma dessas na garagem para poder viajar com a família.
No lugar desses dois modelos, o grupo PSA colocou dois SUVs, o 3008 e o 5008, com cinco e sete lugares respectivamente. Bons carros, que também honram o conceito de nave espacial dos C4 Picasso, mas não mais com a carroceria monovolume.
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