Novo Peugeot 208 x 3008 usado: qual vale mais a pena ter na sua garagem
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Foi em 2012 que eu comecei esse trabalho de "caçar" carros. Mas o embrião desse tipo de serviço foi a consultoria automotiva. Recebia muitas dúvidas sobre qual carro era melhor, e percebi que poderia ajudar na tomada de decisão dessas pessoas.
Não é um trabalho fácil, pois é preciso analisar bem as necessidades e o perfil de cada um para poder indicar o modelo mais adequado. O que é bom para um pode não ser para o outro.
Ainda mais difícil é acompanhar as constantes mudanças no mercado automotivo para fazer comparações justas. Para isso, é preciso conviver diariamente com os mais diversos modelos de carros, dos novos aos usados.
De qualquer forma, é quase impossível chegarmos a um consenso, principalmente com carros parecidos. Para deixar mais claro, vou exemplificar com uma das perguntas que mais me fazem: "Corolla ou Civic?" Alguém consegue dizer que um é muito melhor que o outro?
Desafiadoras mesmo são situações mais inusitadas, com modelos bem diferentes como os Peugeots 208 e 3008. Dá para comparar modelos tão diferentes? Creio que sim, e é exatamente esse exercício de raciocínio que vou fazer nessa coluna.
A ideia surgiu na semana passada, quando fui avaliar um Peugeot 3008 modelo 2019 na cidade de Franca, interior de São Paulo. Na ocasião, fechei negócio e trouxe o carro de volta para a capital. A longa viagem foi suficiente para me encantar com o carro em todos os sentidos.
Nisso, lembrei do mais recente lançamento da Peugeot, o 208, que chegou com preços entre R$ 75 mil e R$ 95 mil nas versões com motor flex. Pensei comigo: será que vale a pena levar esse lançamento para casa ou investir mais um pouco e comprar um 3008 usado? Vamos aos pontos:
Preço
Para esse comparativo, vou considerar os preços do Peugeot 3008 entre 2016 e 2018, para não ficarmos tão distantes dos preços do novo 208.
Em 2016, último ano do 3008 da primeira geração, os preços estão na faixa dos R$ 60 mil, portanto R$ 15 mil mais barato que a versão Active, a mais simples do 208. Já os 3008 modelos 17 e 18, da nova e atual geração, estão na faixa dos R$ 115 mil, ou R$ 20 mil mais caros que a versão Griffe, a mais completa do 208.
Se o leitor prestou atenção, temos uma enorme diferença de R$ 55 mil na mudança de geração do 3008. O novo Peugeot 208 está exatamente do meio deles, e é aqui que esse comparativo deixa de ser tão inusitado como parecia ser.
Mecânica
Enquanto o 3008 sempre foi equipado com o moderno motor 1.6 turbo e transmissão automática de 6 marchas, o novo 208 continua com o velho motor 1.6 aspirado, mas também com transmissão automática de 6 marchas.
A eficiência de ambos é bem distinta. O 3008 é muito forte em qualquer situação e consegue gastar pouco combustível quando guiado de forma moderada. Já o 208 até que anda bem com seu velho motor, mas é bem mais limitado em algumas situações, além de estar longe de ser o mais econômico da categoria. Portanto, no conjunto mecânico, o 3008 é indiscutivelmente superior.
Equipamentos de segurança
O novo 208 passou a ter controles de estabilidade e tração em todas as versões, além dos airbags laterais. Porém, os airbags de cortina estão disponíveis apenas nas duas versões mais caras, Allure e Griffe.
Todos esses itens sempre foram oferecidos como equipamentos de série em todas as versões do 3008 desde seu lançamento. Além disso, possui freios a disco na traseira, algo que o 208 perdeu nessa geração, pelo menos por enquanto.
Dirigibilidade
Peugeots são carros bons de serem guiados. Gosto da posição de dirigir, do acerto de suspensão, e das respostas de pedais e volantes. Apesar de ainda não ter guiado o novo 208, não tenho dúvidas que o carro é bom de andar.
Nesse comparativo, falta apenas um motor mais forte para poder acompanhar o 3008, que mais uma vez sai na frente nesse comparativo.
Custo de manutenção e seguro
Não é preciso pesquisar muito para concluir que a manutenção do 3008, independentemente do ano, é mais onerosa que do 208. Se por um lado a mecânica é mais moderna, é bom o dono preparar o bolso quando tiver algum problema mecânico.
Isso se entende para todo o carro, que utiliza pneus e freios maiores, além de peças de suspensão mais robustas, dimensionadas para o peso maior do carro. Nesse quesito, a simplicidade mecânica do 208 é bem mais amiga do bolso do motorista.
Também é assim no custo do seguro, em que o 208 se mostrou mais vantajoso. Fiz cotações com o meu perfil e o pequeno hatch oscilou entre R$ 1.955 e R$ 3.265 na versão Active, e entre R$ 2.426 e R$ 3.881 na versão Griffe.
No caso do 3008, o seguro não é tão caro no modelo 2016, já que a cotação oscilou entre R$ 2.455 e R$ 3.979, ou seja, praticamente o mesmo da versão mais cara do novo 208. Porém, a cotação do 3008 modelo 2018 oscilou entre R$ 5.424 e R$ 7.760 reais, valores que certamente podem fazer com que o possível comprador decline do modelo.
Desvalorização
O rombo financeiro que os donos de 3008 levaram nos últimos anos deixa claro que esse é um ponto fraco do carro. Talvez a segunda geração, com porte mais próximo de um SUV e visual futurista, consiga segurar mais o preço - mas não foi o que aconteceu com a primeira geração. Francamente, não consigo enxergar a diferença de R$ 55 mil entre um 3008 2016 e outro 2017 ou 2018. É praticamente o dobro do preço!
No caso do Peugeot 208, o modelo já é consagrado no Brasil. A participação nas vendas é baixa, mas sua reputação é alta. Joga a seu favor o fato de ser feito na Argentina, ter mecânica de concepção mais simples e poder ser alimentado com álcool ou gasolina. Sendo assim, certamente conseguirá segurar mais seu preço ao longo dos anos.
Conclusão
Amante do mercado de usados que sou, principalmente nas situações em que posso dar um salto de categoria gastando o mesmo ou até menos que um modelo zero-quilômetro, não pensaria duas vezes em levar um 3008 modelo 2016 para casa - o vencedor desse comparativo na minha modesta opinião.
Ele entrega quase o mesmo que um 3008 mais novo e muito mais que qualquer 208. Se o custo de manutenção pode assustar, os R$ 15 mil de economia em relação ao mais simples dos 208 estarão lá para cobrir esse eventual rombo. Sobre a desvalorização, não me preocuparia tanto, por ser do tipo que fico bastante tempo com o carro. E o seguro, como eu mostrei, está bem próximo do 208.
Porém, sei que não sou dono da razão, tampouco tenho necessidades iguais às de todos. Gostaria que o leitor avaliasse os pontos citados e deixasse nos comentários qual desses modelos colocaria na garagem.
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