Mais desejados: por que carros japoneses são 'queridinhos' entre os usados
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Foi-se o tempo em que os fabricantes de carros tinham características próprias. Carrocerias separadas ou monoblocos, motores dois ou quatro tempos, arrefecidos a líquido ou a ar, montados na longitudinal ou na transversal, com tração dianteira ou traseira. São apenas alguns exemplos do que foi experimentado ao longo da rica história dos automóveis.
Com o tempo, as melhores soluções foram se tornando padrão entre os fabricantes. Além disso, a globalização nunca foi tão intensa como hoje. Os fabricantes se conversam, fazem parcerias, fusões, trocam funcionários e até projetos.
A receita do bolo para se construir um bom carro está pronta, e raramente algum fabricante ousa alterá-la. Mudam apenas as cerejas, para que ainda existam algumas distinções, mas no geral estão cada vez mais parecidos entre si, algo que ninguém pode contestar.
Na coluna dessa semana, quero falar sobre os carros das marcas japoneses vendidas no Brasil. São elas: Honda, Toyota, Nissan, Mitsubishi, Suzuki e Subaru. O que será que esses carros têm para serem tão desejados em todo o mundo, mesmo sendo tão parecidos tecnicamente com os outros?
Tenho bagagem para escrever sobre isso, pois além de ter carros japoneses desde 2010, também já avaliei milhares de outros modelos na minha profissão, para clientes com perfis e necessidades diferentes. E, no fim das contas, os japoneses são os que mais agradam.
Baixa manutenção
A parte mecânica dos carros japoneses é muito simples e robusta. Por vezes, são julgados como ultrapassados pela demora em implementar certas tecnologias. Mas isso aqui no Brasil, pois lá fora são tão tecnológicos e inovadores como qualquer outro.
Essa simplicidade, para mim, tem a ver com as particularidades do nosso mercado, em que carros são caros e precisam durar muitos anos. Para isso, é melhor optar por soluções consagradas e duradouras do que outras mais modernas, que podem "micar" no mercado de usados em poucos anos pela complexidade e custo da manutenção.
Na prática, essa simplicidade faz dos carros japoneses "inimigos" das oficinas mecânicas. Conheço muitos donos de oficinas, e eles são unânimes em dizer que os japoneses são os mais fáceis e simples, e que raramente apresentam problemas de difícil solução.
Porém, é preciso dizer que nem sempre são baratos de manter. Nesse ponto, os carros da Subaru são os mais onerosos. Tenho alguns clientes que abandonaram a marca por conta disso.
Baixo consumo de combustível
Foi nos anos 90 que eles chegaram aqui, mas só começaram a ditar as regras do mercado na década seguinte, quando alguns modelos como Honda Civic e Toyota Corolla, que eram nacionais, passaram a vender mais que os concorrentes de marcas mais tradicionais do nosso mercado.
Um dos principais atrativos era o baixo consumo de combustível. Com motores menores e mais eficientes, esses dois sedãs eram imbatíveis nesse quesito e passaram a ser as referências do segmento.
Mesmo em outras categorias, os japoneses costumam ser os mais econômicos. O primeiro Honda Fit, por exemplo, ainda é muito desejado no mercado de usados justamente pela fama de gastar pouco.
Baixa desvalorização
Carro no Brasil é caro, e os japoneses conseguem ser ainda mais caros. Todos reclamam, mas continuam comprando por saberem que a desvalorização é abaixo da média. Ou seja, seu dinheiro vale mais quando investido em um carro japonês.
Umas das razões de serem mais caros é o fato de acompanharem as atualizações dos outros mercados, mesmo no caso dos que são fabricados aqui. Ou seja, se por um lado são cautelosos com evoluções mecânicas, por outro lado estão sempre oferecendo gerações em conformidade com os mercados mais ricos. Esse modelo de negócio certamente tem um custo operacional mais alto, que precisa ser repassado nos preços dos carros.
Entretanto, essa baixa desvalorização é vista mais nas duas japonesas mais fortes do Brasil, Honda e Toyota. As outras sofrem um pouco com isso.
Liquidez no mercado de usados
Eles vendem como pão quente na padaria, ou seja, não param nos estoques. Todas essas qualidades citadas acima fazem com que os carros japoneses sejam muito procurados no mercado de usados.
No caso de Honda e Toyota, é até covardia o que fazem com os concorrentes. Toda vez que anuncio um modelo de uma dessas duas marcas, são vendidos em pouco tempo. Mesmo aqueles com altas quilometragem são bem vistos pelos compradores. Pergunte para qualquer lojista do Brasil e ele vai dizer que são os melhores carros para trabalhar.
Já as outras marcas, dependendo da região, também se saem bem. Aqui em São Paulo, o maior mercado do Brasil, modelos da Nissan e Mitsubishi não encontram problemas na revenda. Já os modelos da Suzuki e Subaru, por venderem pouco, são menos procurados.
Os queridinhos dos usados
É difícil listar algum modelo de marca japonesa que não agrade seu dono. Me parece que todos, em diferentes níveis, são queridinhos. Mas, levando em conta o número de vendas nos mercados de novos e usados, alguns são mais queridos do que outros.
O mais desejado de todos é o Toyota Corolla, que está sempre entre os mais procurados, inclusive atendendo diversos tipos de "bolsos", com boas opções de usados que começam na casa dos R$ 15 mil.
O Honda Fit também é muito procurado, principalmente as duas primeiras gerações, entre 2004 e 2014, por atingirem um público que não quer ter dor de cabeça com manutenção, mas não tem orçamento para comprar um carro mais novo.
No caso dos SUVs, os Honda HR-V e CR-V são os mais procurados. No caso do CR-V, a procura é maior na 3ª e 4ª gerações, que estão entre os anos 2007 e 2016.
Outro SUV que se dá bem é o Mitsubishi ASX, que está esquecido no mercado de novos, mas no de usados vai bem por conta da boa relação custo/benefício.
Já entre os que procuram por veículos aptos a enfrentar fora de entrada, as várias opções dos Pajeros, com carrocerias "P, M e G", reinam no mercado de usados.
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