Carros inflacionados: vale pagar R$ 100 mil por um modelo dos anos 90?
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O mercado de carros antigos nunca esteve tão forte. Graças à Internet e, principalmente, as redes sociais, o que antes era algo de nicho hoje é amplamente divulgado. O resultado não poderia ser outro: mais pessoas se interessam e querem entrar nesse "clube", seja por paixão pelos modelos, para alimentar o próprio ego ou para ganhar dinheiro mesmo.
Os carros da vez são os fabricados nos anos 90, mas nem todos. Reportagens recentes do UOL Carros mostraram que um Volkswagen Gol GTi ou um Fusca 'Itamar' estão entre alguns dos modelos mais cobiçados, que chegam a custar mais de R$ 100 mil.
Os mais procurados são os nacionais de projetos ainda mais antigos, que chegaram nos anos 90 já no fim da vida. Com isso, preservam aspectos de design de décadas passadas, além de tecnologias mais simples, dois pontos fundamentais para quem quer ter a experiência de um veículo antigo.
Por outro lado, por não serem "tão" antigos assim, pegam a fase em que a indústria já tinha evoluído bastante no preparo da pintura da carroceria, facilitando a vida de quem não quer se preocupar tanto com a temida ferrugem, além de entregarem dirigibilidade e itens de conforto bem próximos do que temos hoje.
Ou seja, carros com visual antigo, mas sem as dores de cabeça e os desconfortos dos ainda mais antigos. Diante de tudo isso, vale a pena desembolsar uma boa grana para comprar um carro dos anos 90? Listamos abaixo algumas considerações.
Por que gostamos de carros antigos?
Vamos ser francos: um carro novo é melhor que um antigo, por motivos óbvios. Mas como o mercado de antigos não tem nada de óbvio, esse é um ponto que precisa ser compreendido por quem não aceita o fato de alguém pagar tão caro em algo que já poderia ter sido descartado.
É um mercado de pura emoção, pelo menos para aqueles que enxergam nesses carros um retorno a um passado que não volta mais. Sendo assim, não faz nenhum sentido comparar um antigo com um novo somente pela equivalência de preço.
Nas inúmeras vezes que guiei carros antigos, a sensação foi de ser um peixe raro dentro de um aquário, pois todos param para ver e admirar. No fundo, as pessoas estão admirando o aquário, e não o peixe. Mesmo assim, faz bem para o ego sentir essa admiração das pessoas por algo que é seu.
Fora a experiência de dirigibilidade, algo único e impensável para quem não tinha idade para dirigir esses carros naquela época.
Por que alguns modelos estão tão caros?
Por mais que eu goste e respeite todo e qualquer carro antigo, tenho a percepção de que nós, brasileiros, somos bem limitados nas escolhas, o que faz com que os preços de alguns modelos inflacionem tanto.
No caso específico desses carros dos anos 90, modelos da Chevrolet como Opala e Omega estão com preços cada vez mais altos. Até os ruins, com muitas coisas para serem feitas ou recuperadas, estão caros.
No caso da Volkswagen, os modelos da linha "quadrada" como a família Gol e Santana, além do bom e velho Fusca, que teve um suspiro de vida nos anos 90 com o modelo conhecido como "Itamar", são os mais procurados e, consequentemente, mais caros.
Ford e Fiat correm por fora, mas também alcançam preços altos em alguns casos específicos, em modelos esportivos principalmente, porém distantes dos preços surreais desses Chevrolets e Volkswagens citados.
Solução para quem não quer gastar tanto
Levando em conta o lado emocional, é importante que o comprador escolha o modelo que tem alguma relação histórica com sua trajetória de vida.
Um cliente de Goiânia, que teve um BMW 528i 1996, gastou muito dinheiro com a compra e os reparos, e no fim não encontrou a satisfação que esperava. Ele se desfez do carro e conseguiu comprar um VW Gol 97, que tinha sido do seu avô no passado, mas que tinha sido bem judiado por donos posteriores.
Por mais que um Gol seja indiscutivelmente inferior a qualquer BMW, ele confessou que está muito mais motivado e feliz com os processos de reforma e melhorias no simples Gol que foi do seu avô.
Sendo assim, escolha aquilo que te satisfaz pessoalmente, e não o que o mercado enxerga como sendo algo bom e lucrativo no futuro. Será que você precisa ter um Gol GTi de R$ 100 mil? Um Omega 6 cilindros de R$ 50 mil?
Talvez o carro que te levou para escola nos anos 90 era um Fiat Tipo, e ter um hoje te satisfaça muito mais que um Fusca Itamar, que você sequer tenha entrado no passado. Você vai deixar de comprar o Tipo só porque o mercado diz que é ruim e sem liquidez?
E mesmo que o modelo desejado seja um desses inflacionados, será que precisa ser naquela combinação mais cobiçada? Já pensou que um Gol CL pode te satisfazer tanto quanto um Gol GTi? Será que o Omega que está querendo precisa mesmo ter teto solar?
Portanto, a solução é sair do óbvio. Não faltam opções de antiguinhos esperando por guardiões que queiram dar vida nova a eles. Satisfaça o seu gosto, e não o do mercado.
Reformar ou comprar pronto
Esse é um tema sem resposta certa, pois vai depender diretamente da experiência e necessidade de cada um. Para aqueles que entendem pouco das "entranhas" de um carro e que tem pouco relacionamento com oficinas de restauração, aconselho não entrar nesse mercado.
Ainda assim, se a vontade continuar, é melhor comprar um carro pronto e, obviamente, mais caro. Se der sorte de pegar algo bom, vai conseguir curtir numa boa, só não seja ingênuo de pensar que é como ter um carro novo. Respeite a idade do veículo, tenha em mente que peças vão quebrar e que, cedo ou tarde, ele vai te deixar na mão.
Se a ideia for reformar o carro, prepare o bolso. Particularmente até prefiro que seja assim, para poder acompanhar todos os processos e ter certeza da qualidade de tudo que está sendo feito. Porém, custa muito caro reformar um carro. Por isso é importante que você tenha conhecimento para não bater cabeça na hora de procurar peças, e não cair nas mãos de restauradores que vão sugar seu dinheiro em troca de péssimos serviços.
Esqueça quilometragem
Já falei sobre isso várias vezes, mas continuo vendo pessoas acreditando nas baixas quilometragens de muitos carros antigos anunciados. Por favor, meu carro leitor, não seja ingênuo de cair no conto do vendedor. Só acredite na quilometragem se for apresentado comprovantes de todas as manutenções feitas aos longos dos anos, algo que infelizmente é difícil de acontecer.
Nem por isso você precisa descartar o carro. Se ele estiver realmente bom e o preço pedido não estiver atrelado a essa suposta baixa quilometragem, siga com o negócio e use aquele número que está no painel apenas como referência para as futuras manutenções.
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