Topo

Caçador de Carros

Carros que saíram de linha: veja quais deram adeus e se ainda valem a pena

Colunista do UOL

31/12/2020 04h00

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

Existe um temor por parte de alguns em ter na garagem um carro que não é mais fabricado. Até entendo os motivos, mas nem sempre se aplicam para todos os modelos. Um bom exemplo é o Volkswagen Fusca, que há décadas não é mais fabricado, mas continua firme e forte como opção de carro barato e simples no mercado de usados.

Entre os motivos, os principais são aqueles que impactam diretamente no bolso, tais como maior desvalorização na revenda e maior custo de peças de reposição, que podem ter sua oferta reduzida. Mas também têm motivos subjetivos, como o desejo de não ter algo antiquado.

Nessa última coluna de 2020, resolvi listar alguns desses modelos que saíram de linha ao longo desse ano, e especular como o mercado de usados vai olhar para eles sabendo que agora não estão mais disponíveis no mercado de novos.

Nissan March

Nissan March e Versa - Divulgação - Divulgação
Imagem: Divulgação

Achei lamentável a decisão da Nissan em tirar de linha o pequeno March. Sou fã do carrinho e já deixei isso claro em várias outras colunas e vídeos. Mas, ao que tudo indica, os números de venda não justificavam sua permanência no mercado, e o investimento para trazer a nova geração seria muito alto, em uma categoria que a marca não tem nenhuma chance de brigar com os líderes.

Não enxergo um bom futuro para o March. Ele já era um carro com desvalorização acima da média na categoria, e isso deve permanecer no futuro. Quanto a peças de reposição, sua mecânica é compartilhada com outros modelos da Nissan e da Renault, que continuam em linha. Portanto, não será um problema no curto e médio prazo.

Na minha opinião, continuará sendo uma boa opção para quem quer pagar barato por um bom carro e pretende ficar bons anos com ele, sem preocupações com a desvalorização.

Ford Fusion

Ford Fusion: a trajetória no Brasil - Divulgação - Divulgação
Imagem: Divulgação

A Ford já teve bons momentos no nosso país, e definitivamente o presente não é um deles. Depois de tirar de linha Focus e Fiesta, esse ano foi a vez do sedã Fusion, que agonizava no mercado de novos há um bom tempo.

No de usados não é tão diferente. Apesar de ser um excelente carro, daqueles que qualquer um se apaixona facilmente, não é para qualquer um. A forte desvalorização e o alto custo de manutenção fazem dele um carro com "prazo de validade" curto. Com o passar dos anos, eles vão sumir das ruas, assim como sumiram os importados dos anos 90 e 2000.

Volkswagen Passat

Volkswagen Passat - Murilo Góes/UOL - Murilo Góes/UOL
Imagem: Murilo Góes/UOL

O caso do Passat é bem parecido com o do Fusion, com a diferença que temos exemplos do passado para poder prever, praticamente sem errar, como será seu futuro. Com exceção das duas primeiras gerações do Passat, que foram fabricadas aqui (com o nome Santana na 2ª geração), todos que vieram depois foram importados.

Esses nacionais venderam aos montes, são simples e robustos, e inclusive estão em alta no mercado de carros antigos. Já os importados sempre foram mais sofisticados, com muita eletrônica embarcada e alto custo de manutenção. Aqueles com mais de 10 anos já estão bem esquecidos, principalmente se forem blindados.

Esses últimos, vendidos até esse ano, vão passar pelo mesmo processo. Continuaram caros nos primeiros anos até chegar em um momento que poucos vão se interessar, e seu preço despencará ainda mais. Não demorará para vermos nos classificados um Passat Pointer 1988 custar mais caro que um Passat Highline 2020.

Chery QQ

Chery QQ 2018 - Divulgação - Divulgação
Imagem: Divulgação

O pequeno e simpático "Quiu Quiu" foi embora em 2020, mas não deve deixar saudades. Para ser sincero, nunca tive a oportunidade de guiá-lo, mas a percepção que tenho é de que o carro é frágil quando comparado com os hatches tradicionais e consagrados do nosso mercado.

Nunca pediram para eu procurar ou avaliar um modelo como esse, um forte indício da falta de interesse do público. Agora que saiu de linha, só posso imaginar um futuro nebuloso. Se eu fosse dono de um, trataria de vendê-lo o mais rápido possível.

Chevrolet Cobalt

Chevrolet Cobalt 2019 - Divulgação - Divulgação
Imagem: Divulgação

O Onix Plus chegou com tudo no fim do ano passado e aniquilou o Cobalt no mercado de novos. Não fazia mais sentido mantê-lo em linha e acredito que poucos sentirão saudades. Mas o Cobalt tem alguns trunfos que devem fazer com que tenha vida longa no mercado de usados.

Seus motores, de 1,4 e 1,8 litro, são velhos conhecidos do brasileiro. Milhões foram vendidos em carros como Corsa, Agile, Celta, Prisma, Onix, Spin e Montana, ou seja, peças de reposição e mão de obra não serão problemas nem no longo prazo.

Além disso, o carro é espaçoso e robusto, apto a ser bem aceito em qualquer canto do Brasil. Talvez não tenha o futuro que teve o Monza, que até hoje é cultuado, mas tudo leva a crer que o Cobalt continuará se dando bem no mercado de usados.

Fiat Palio Weekend

Fiat Weekend - Divulgação - Divulgação
Imagem: Divulgação

Nossa querida Palio Weekend nos deixou, e certamente sentiremos saudades. Veículo consagrado, que vendeu muito bem em boa parte da sua vida, agonizou nos últimos anos apenas por falta de atualizações, que fizeram o interesse por ela cair bastante.

Mas o carro sempre foi bom, principalmente para quem precisa de espaço para bagagens. Sua desvalorização tem sido alta nos primeiros anos, mas é o tipo de carro que estabiliza o preço depois de um tempo, além de ter revenda garantida.

As milhares disponíveis na casa dos R$ 20 mil, 30 mil ou 40 mil fazem a festa no mercado de usados, e acredito que continuarão assim. Inclusive levando em conta a simplicidade do projeto e o baixo custo de manutenção, a Palio Weekend tem tudo para ser daqueles carros imortais, sem tempo ruim para o trabalho pesado.

Mitsubishi Lancer

Mitsubishi Lancer 2018 - Divulgação - Divulgação
Imagem: Divulgação

Você sabia que ainda tinha Lancer sendo vendido em 2020? Esse é mais um que não deverá deixar saudades. O belo sedã já estava cansado e há anos pedia por atualizações. Compra-lo no mercado de novos não fazia nenhum sentido. Já no de usados, os preços são bem atrativos para quem quer ter um carro de categoria média.

Levando em conta que é bonito, completo, seguro e com mecânica confiável, continuará tendo espaço no mercado de usados, mas não sei se por muito tempo. O custo de manutenção dos carros da Mitsubishi não é dos mais baratos, e isso pesa bastante na decisão de compra de carros mais baratos.

O futuro do Lancer deve ser bem parecido com o do Renault Fluence, que ainda respira bem no mercado de usados, mas não sei por quanto tempo.