Ka e Ecosport: ainda vale a pena comprar carros extintos pela Ford?
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Caiu como uma bomba a notícia do fechamento das fábricas da Ford no Brasil. No início do ano passado, o fechamento da antiga e histórica planta de São Bernardo do Campo (SP), onde eram produzidos o Fiesta e a linha de caminhões, já dava sinais de que as coisas não estavam boas para a marca do oval azul.
Agora, de uma tacada só, as fábricas restantes foram desativadas: Camaçari (BA), onde eram produzidos Ka e EcoSport; Taubaté (SP), onde eram fabricados motores e transmissões; e Horizonte (CE), onde era feito o jipe Troller. Assim que zerarem os estoques do que já foi produzido, Ford novo, no Brasil, só importado.
Muito mais preocupante que a "morte" desses carros são os cerca de 5 mil funcionários que perderão seus empregos. Fora tantos outros, de maneira indireta, que não faço nem ideia de quantos serão.
Isso tudo é muito triste para nós, apaixonados por carros. Sei que vivemos tempos estranhos, de muitas incertezas. Inclusive alguns especulam que outros fabricantes farão o mesmo ainda esse ano, e eu não duvido. Mas não entendo, de verdade, como uma empresa centenária como a Ford pode ter tomado essa decisão.
Na semana passada, a General Motors divulgou sua nova logomarca, algo que a Volkswagen também fez há pouco tempo. Eu, na minha total ignorância, não sei o quão impactante pode ser o "GM" maiúsculo virar "gm" minúsculo, e o distanciamento do "V" com "W". Mas sei que simples atualizações como essas custam alguns milhões para essas corporações. Por pior que o cenário esteja, me parece que dinheiro não falta para eles.
Em 102 anos no país, a Ford conhece bem até demais o chamado "risco Brasil", e sempre soube se adaptar, governo após governo. Lucrou com nosso país nesse período, ou alguém tem dúvida disso?
Nada, absolutamente nada, justifica a decisão de fechar fábricas e dispensar milhares de funcionários. Se o foco será em modelos de categorias Premium, que os fabrique aqui. Na minha modesta opinião, o quinto maior fabricante em vendas de carros no Brasil está sendo covarde.
Mas você veio até aqui nessa coluna para saber o que vai acontecer com a Ford no mercado de usados, não é mesmo? Bom, meu caro leitor, a resposta é muito simples: quem morre no mercado de novos, morre no de usados.
Um bom exemplo aconteceu horas depois da divulgação do fechamento das fábricas. Um cliente aqui de São Paulo, para o qual eu estava procurando um Ford Fiesta usado, enviou um áudio pedindo para cancelar a procura pelo modelo.
Mesmo o Fiesta sendo um modelo que já saiu de linha, ainda é, ou era, um bom negócio no mercado de usados. Agora, com a Ford fora, a percepção dele é de que o veículo estará completamente desamparado pelo fabricante, por mais que isso possa não acontecer na prática.
É certo que, por um tempo, peças de reposição não serão um grande problema para esses carros, que venderam aos montes. Assim como a mão de obra de mecânicos, que conhecem muito bem esses veículos. Mas não vai demorar para que o dono de um simples Ford Ka seja mal visto por concessionárias que estarão focadas apenas em Territory, Ranger, Mustang, Bronco ou qualquer outro importado premium que queiram nos empurrar.
No fim, o que importa mesmo é o áudio desse meu cliente. Ele reflete a voz do povo e o medo que qualquer um terá em colocar um Ford na garagem.
Quer saber? Eu, como Caçador de Carros, não indicarei mais carros da Ford para meus clientes. Não faz sentido acreditar em algo que foi desacreditado pelo próprio fabricante.
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