Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.
9 mentiras sobre carros que não são brincadeiras de 1º de abril
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Hoje é o famoso Dia da Mentira, como o leitor bem sabe e provavelmente já caiu em alguma pegadinha antes de ler essa coluna. Na real, nós que gostamos de carro e acompanhamos as notícias nas redes sociais todos os dias nos deparamos com algum meme mentiroso, mas como 1º de abril é especial, as mentiras são mais caprichadas e elaboradas.
Alguns fabricantes de carros também entram na brincadeira e publicam informações surreais nesse dia. A BMW é famosa por suas pegadinhas, como o "lançamento" da picape M3, algo legal, mas improvável. Já a Volkswagen se antecipou nesse ano e soltou sua pegadinha dois dias antes, com um papo que mudaria seu nome para "Voltswagen".
A coluna dessa semana, porém, não apresentará brincadeiras, mas sim mostrar casos reais que, por algum motivo, se tornaram grandes mentiras no mundo automotivo.
Falsos aventureiros
Foi no apagar das luzes dos anos 90 que a Fiat apareceu com a Palio Weekend Adventure, uma versão com apelo aventureiro da sua bem-sucedida perua. Trazia acabamentos exclusivos, a suspensão era mais alta e os pneus de uso misto. Foi um sucesso que aos poucos foi copiado pelos concorrentes, e o que vimos depois disso foram vários modelos com versões aventureiras.
Porém, em alguns casos a altura da suspensão era exatamente a mesma, ou seja, tecnicamente era o mesmo carro, somente com visual diferente, que por vezes era tão apelativo que até o estepe ficava exposto na tampa traseira. Alguns aventureiros mentirosos que me lembro: Citroën C3 XTR, Ford Fiesta Trail, Nissan Livina X-Gear e Chevrolet Spin Activ.
Chevrolet Vectra C (entre 2006 e 2011)
A Chevrolet sempre fabricou bons sedãs, sendo quase todos eles amados pelos brasileiros. O Vectra é um deles, que marcou nossa história com três gerações, conhecidas como A, B e C. O mais desejado deles é o B, que foi um fenômeno de vendas na categoria até sua aposentadoria em 2005.
O seu substituto, o Vectra C, foi uma grande mentira contada pela Chevrolet do Brasil. Por mais que o carro fosse bom, e isso não posso negar, ele era inferior ao seu antecessor.
Na verdade, ele estava mais para um Astra com entre-eixos maior do que para um Vectra. Inclusive, o desenho era exatamente o do Astra europeu. O verdadeiro Vectra C existiu na Europa, mas infelizmente nós ficamos com a mentira.
Peugeot 207
Eu me lembro bem do lançamento do Peugeot 206, um hatch de muito bom gosto que fez sucesso em vários países. Até hoje, o desenho do carro me parece atual. Em casos como esse, a missão de lançar um sucessor tão bonito quanto é das mais difíceis, mas a Peugeot se saiu bem com o Peugeot 207.
Entretanto, me refiro ao verdadeiro 207 que, assim como verdadeiro Vectra C, não foi vendido por aqui. A Peugeot do Brasil decidiu apenas renovar o visual do 206, utilizando o 207 como referência, e o resultado final foi catastrófico.
Projeto Arara Azul
O projeto Arara Azul foi outra grande mentira da Chevrolet no Brasil, a qual eu quase caí. Se o leitor não sabe, esse era o nome do projeto do Celta, que nada mais era que um Corsa simplificado ao extremo. A ideia era boa, e foi noticiada na época como um carro que seria o mais barato do Brasil.
Eu, que estava prestes a completar 18 anos, me interessei bastante por ele. Mas, quando de fato foi lançado, ficou claro que o Celta era uma grande mentira, pois estava até mais caro que o Corsa, mesmo sendo inferior a ele. Na empolgação do lançamento, quase comprei um, mas felizmente decidi não fechar o negócio.
Transmissões automatizadas de uma embreagem
Na onda da crescente procura por carros automáticos, alguns fabricantes apostaram nas transmissões automatizadas de uma embreagem, que se mostraram uma grande mentira. Nos vendiam a experiência de uma dirigibilidade confortável, com baixa manutenção e preço inferior ao de uma caixa automática tradicional.
Na prática, os constantes trancos nas mudanças de marchas não são nada confortáveis, o custo de manutenção corretiva é altíssimo, e o preço desse opcional no valor final do carro não era tão diferente. Deu tão errado que ninguém mais se atreve a lançar um modelo com esse tipo de transmissão.
Estofamento em couro
Não sei qual foi o momento em que os bancos de tecido deixaram de ser desejados. Quando olho para um passado recente, os tecidos aveludados dos carros de luxo vendidos no Brasil eram simplesmente maravilhosos, além de confortáveis.
De repente, o estofamento em couro começou a se propagar, e hoje quase todos os brasileiros tem ou querem ter a pele de um animal revestindo os bancos e laterais de porta. A grande mentira é que, em quase todos os casos, o couro de verdade passa longe. O que temos, na prática, são estofamentos sintéticos, de aparência cada vez mais simplória e nenhum conforto.
Ar-condicionado do novo Hyundai HB20
Mentirinha marota a da Hyundai quando lançou a segunda geração do HB20 e retirou o ar-condicionado do tipo automático como opcional.
O display digital continua lá, e agora está com aparência até mais moderna, mas só um desavisado acreditará que se trata de um ar-condicionado automático, em que é possível escolher a temperatura e deixar que o equipamento se encarregue de aumentar ou diminuir a velocidade e direção do fluxo da ventilação.
Esse tipo de solução já tinha sido visto no finado Chevrolet Agile, que também nunca teve ar-condicionado automático, apenas um vistoso e bonito display digital.
Hyundai Veloster
Uma das maiores mentiras contadas para nós, brasileiros, foi sobre a potência do motor do Hyundai Veloster. Ele chegou com um visual futurista e a curiosa solução de ter duas portas do lado direito e apenas uma no lado esquerdo. Mas ficou famoso mesmo por não ter a potência declarada na época, que era de 140 cv.
Na prática, o motor era o mesmo 1.6 utilizado no HB20, que rende bons 128 cv, mas pouco para o visual com apelo esportivo do carro e, principalmente, pela promessa do fabricante. Com isso, ele virou piada no meio automotivo e poucos se interessam por ele no mercado de usados.
Medida dos motores
Você sabia que os motores flex de Jeep Renegade e Fiat Toro não são 1.8, como divulgado? Isso porque ele tem 1747 cm³, que eu aprendi nas aulas de matemática que estão mais perto de 1.7 do que de 1.8. Não é de hoje que o marketing da Fiat passa a perna na matemática, pois o antigo motor Fire 1.3 tem apenas 1242 cm³.
A Honda fez o mesmo com o antigo motor 1.4 do Fit, que tem na verdade 1339 cm³. Não para por aí, isso é mais comum do que o leitor imagina, até mesmo em marcas de luxo.
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